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Mão de obra

Taxa de desemprego recua, segundo IBGE; informalidade e administração pública ajudaram

O aumento da ocupação frente ao primeiro trimestre deste ano foi disseminado entre as dez principais atividades econômicas

Taxa de desemprego cai. Muitos trabalhadores foram trabalhar por conta - Imagem: Freepik
Taxa de desemprego cai. Muitos trabalhadores foram trabalhar por conta - Imagem: Freepik

Jair Viana Publicado em 29/07/2022, às 13h08


A taxa de desemprego recuou para 9,3% no trimestre encerrado em junho – menor patamar para um segundo trimestre desde 2015, quando ficou em 8,4%. Os dados foram revelados nesta sexta-feira (29), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

A falta de trabalho, no entanto, ainda atinge 10,1 milhões de pessoas, uma queda de 15,6% (1,9 milhão) em relação aos três meses anteriores. Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad). No levantamento referente ao trimestre que se encerrou em maio, a taxa era de 9,8%, atingindo 10,6 milhões de pessoas. Na mínima da série histórica, registrada em 2014, a taxa chegou a 6,5%.

Desemprego

O desemprego caiu para 9,3%, atingindo o menor índice para um 2º trimestre desde 2015. Os dados do IBGE mostram que o número de desempregados recuou para 10,1 milhão de pessoas. Outro dado aponta que contingente de pessoas ocupadas bateu recorde, em 98,3 milhões.

Ainda, segundo o levantamento, a população subtilizada caiu para 24,7 milhões de pessoas. Pessoas fora da força de trabalho caíram 1,1%, para 67,7 milhões de pessoas.

População desalentada (que desistiu de procurar trabalho) foi estimada em 4,3 milhões, segundo os dados divulgados. Taxa de informalidade foi de 40% da população ocupada.

O IBGE aponta ainda que o número de empregados sem carteira assinada no setor privado foi o maior da série (13 milhões). Outra informação que pode explicar o recuo na taxa de desemprego é sobre trabalhadores  que passaram a trabalhar por conta própria que atingiram 25,7 milhões.

Um dado que engloba um grupo importante é o que trata dos trabalhadores domésticos que subiu para 5,9 milhões de pessoas.

Empregadores ficaram estáveis em 4,2 milhões. O Rendimento real habitual caiu 5,1% no ano.Esses dados, no entanto, mostram a fragilidade desse crescimento: o número de trabalhadores informais também foi o maior da série, estimado em 39,3 milhões, 1,1 milhão de pessoas a mais que no trimestre anterior – levando a taxa de informalidade a 40%.

Fazem parte dessa população os trabalhadores sem carteira assinada, empregadores e conta própria sem CNPJ, além de trabalhadores familiares auxiliares.

“Nesse segundo trimestre, houve a retomada do crescimento do número de trabalhadores por conta própria sem CNPJ, que havia caído no primeiro trimestre. Além disso, outras categorias principais da informalidade, que são os empregados sem carteira no setor privado e os trabalhadores domésticos sem carteira, continuaram aumentando”, Adriana Beringuy.

Como pesquisadora, Adriana apontou, ainda, que o crescimento no número de trabalhador informais é relacionado a algumas atividades do setor de serviços, como as de alimentação e beleza, que foi o mais impactado pelas medidas de isolamento social em decorrência da pandemia.

Adriana ainda destacou os serviços prestados às famílias, que tem grande parte de trabalhadores informais. “Isso também tem ocorrido na construção, setor com parcela significativa de informais. Então, a informalidade tem um papel importante no crescimento da ocupação”, acrescentou.

Recorde

Os empregados sem carteira assinada no setor privado (13 milhões de pessoas, alta de 6,8%), o número de trabalhadores por conta própria, somados formais e informais (25,7 milhões, alta de 1,7%

O IBGE diz também, que o número de trabalhadores domésticos sem carteira cresceu 4,3% no período, o equivalente a 180 mil pessoas. Com a alta, essa categoria passou a ser formada por 4,4 milhões de trabalhadores.

Na comparação com o primeiro trimestre deste ano, embora o maior crescimento absoluto ter ocorrido entre os trabalhadores com carteira assinada (907 mil a mais, alta de 2,6% de alta), proporcionalmente foi o número de trabalhadores sem carteira assinada que apresentou a maior expansão (827 mil a mais, alta de 6,8%).

O aumento da ocupação frente ao primeiro trimestre deste ano foi disseminado entre as dez principais atividades econômicas. A que mais se destaca, no entanto, é a de administração pública, com 739 mil trabalhadores a mais, o que corresponde a uma alta de 4,5%.

Questionada sobre esse aumento expressivo no funcionalismo público diante do contexto de ajuste fiscal vivido no país, a coordenadora da pesquisa ponderou que, além de se tratar de um movimento sazonal (sempre ocorre expansão desse grupo no 2º trimestre de cada ano), foi o segmento de educação, sobretudo a infantil, que mais contratou.

"Com a intensificação do retorno das atividades presenciais este ano, precisou-se reestruturar o quadro de pessoal, sobretudo nas instituições de ensino. É importante lembrar que a educação básica é majoritariamente pública no Brasil", explicou Adriana.

Depois da administração pública, comércio e indústria foram os setores que mais contrataram no segundo trimestre. No comércio, o aumento foi de 617 mil ocupados, enquanto na indústria, de 332 mil - alta de 3,4% e 2,7%, respectivamente.

Outros crescimentos significativos foram registrados pelos setores de construção (3,8%, ou mais 274 mil pessoas), informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas (3,0%, ou mais 336 mil pessoas), outros serviços (3,2%, ou mais 158 mil pessoas) e serviços domésticos (4,0%, ou mais 227 mil pessoas).

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