A notícia pegou todos de surpresa e cabe recurso
Redação Publicado em 10/06/2022, às 00h00 - Atualizado às 11h19
Após dois anos do pedido de recuperação judicial, a justiça de São Paulo decretou na quarta-feira (8), a falência da rede varejista Ricardo Eletro, presidida pelo ex-executivo da empresa de reestruturação Starboard, Pedro Bianchi. Estima-se que cerca de 300 lojas físicas foram fechadas e as dívidas passam de R$ 4 bilhões.
A empresa, que chegou a ter 1,2 mil lojas e a faturar R$ 9,5 bilhões, rivalizando com gigantes como Casas Bahia, Ponto e Magazine Luiza, hoje é um site com poucos produtos e faturamento próximo de zero. A dívida somente com o Bradesco e o Santander passam de R$ 2 bilhões em debêntures.
“O juiz tomou essa decisão sem ouvir ninguém. Nenhum credor pediu a nossa falência e o administrador judicial não quer a nossa falência”, disse Bianchi.
Na decisão o magistrado conta que foram identificados “diversos fatores de esvaziamento patrimonial” e a recuperação judicial “não reúne condições de prosseguimento”. No fim de 2021, o endividamento total da empresa, incluindo passivos em recuperação, era de cerca de R$ 4,6 bilhões.
A varejista foi pega de surpresa com a decisão e nega que tenha ocorrido esvaziamento por “fraude ou desvio de valores”. Na quinta-feira (9), a empresa entrou com recurso junto à 2ª Câmara de Direito Empresarial de São Paulo. Segundo a empresa afirma, o esvaziamento refere-se “a ajuste contábil feito pela baixa de estoque operacional decorrente do fechamento de lojas, e como é esperado, houve ajuste para saldo de estoque”, explica.
Bianchi afirma que nenhum dos 17 mil credores pediu a falência da companhia e que buscará a retomada das atividades nas próximas semanas. Contudo, a decisão judicial poderá gerar maior insegurança para a marca.
Em julho de 2020, o fundador e ex-acionista da rede varejista Ricardo Eletro, Ricardo Nunes, foi preso em uma operação de combate à sonegação fiscal e lavagem de dinheiro.
Conforme as investigações apontaram, foram sonegados mais de R$ 400 milhões em impostos por mais de cinco anos. Segundo o Ministério Público, a Ricardo Eletro cobrava dos clientes os impostos nos preços dos produtos, mas não repassava ao Poder Público. Na epoca, a empresa estava em recuperação extrajudicial e os bens de Ricardo estavam diluídos entre as filhas, mãe e um irmão.
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