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Renegociações feitas através do Desenrola Brasil impedem acesso ao crédito? Confira!

Esclarecendo mitos sobre o pagamento de dívidas e acesso ao crédito

Desenrola Brasil - Imagem: Divulgação / Governo Federal
Desenrola Brasil - Imagem: Divulgação / Governo Federal

Marina Roveda Publicado em 16/10/2023, às 10h18


Na primeira semana de funcionamento da plataforma do programa Desenrola Brasil, lançada na segunda-feira passada (9), as redes sociais foram inundadas com manifestações de usuários, desde aqueles celebrando a oportunidade de quitar suas dívidas com descontos, até outros em busca de respostas para suas dúvidas. No entanto, também surgiram informações equivocadas sobre a política de renegociação de dívidas.

Um dos comentários que se destacou nas redes, como X (antigo Twitter) e TikTok, afirma que pessoas que pagarem suas dívidas pelo programa do governo "nunca mais" terão acesso a crédito e financiamentos. Também foi difundido que haverá uma restrição no nome do devedor em uma "lista" do Banco Central.

É importante esclarecer que não existe nenhuma relação direta entre o pagamento de dívidas, seja pelo Desenrola Brasil ou por qualquer outro meio, e os critérios usados por bancos e instituições financeiras para conceder empréstimos e aprovar financiamentos. Liquidar dívidas é sempre benéfico para o consumidor, uma vez que isso restaura seu nome e elimina restrições de crédito nos órgãos de proteção ao crédito.

Cada instituição (bancos, financeiras, comércio, etc.) estabelece suas próprias regras para avaliar os riscos de operações de crédito. Um dos critérios frequentemente utilizados é o "score" do cliente, que é um indicador das chances de uma pessoa pagar suas contas em dia, calculado por empresas como a Serasa.

As instituições financeiras analisam o histórico do cliente, considerando relacionamentos passados e histórico com outros credores antes de aprovar novos empréstimos ou financiamentos. Se o risco de inadimplência for considerado alto, é provável que o banco ou o credor não aceite a solicitação.

No que diz respeito à "lista" e à restrição no Banco Central mencionadas nas postagens que viralizaram, supõe-se que se refira ao Registrato. O Registrato é um sistema onde os bancos registram informações financeiras de seus clientes, incluindo a falta de pagamento de dívidas e parcelas em atraso, como requerido pelo Banco Central. O Registrato é um histórico que indica a probabilidade de cada pessoa honrar seus compromissos.

O programa Desenrola Brasil incentiva credores a oferecer descontos a pessoas físicas para que elas paguem dívidas negativadas entre 1º de janeiro de 2019 e 31 de dezembro de 2022. A quitação dessas dívidas resulta na "limpeza" do nome do devedor e na remoção oficial das restrições de crédito.

Dívidas que não atendem aos requisitos do programa devem ser negociadas diretamente com as instituições. Se o cliente possui dívidas tanto dentro quanto fora do programa, a remoção das restrições de crédito só ocorrerá após o pagamento de todas as dívidas.

O pagamento a prazo é oferecido preferencialmente a pessoas que recebem até dois salários mínimos ou estão inscritas no CadÚnico e têm dívidas de até R$ 5.000. No entanto, nem todas as instituições fazem parte do Desenrola Brasil, uma vez que a participação é voluntária. Até o momento, 924 credores aderiram ao programa.

O Desenrola Brasil permite o pagamento em até 60 meses, com taxas de juros de até 1,99% ao mês, viabilizadas pelo Fundo de Garantia de Operações (FGO). Vale ressaltar que nem todas as dívidas se qualificam para o parcelamento, e oportunidades de descontos são oferecidas em ciclos a cada 20 dias.

O programa oferece uma oportunidade real de aliviar dívidas para muitos brasileiros, mas também destaca a importância de entender as nuances do mercado de crédito e a análise de risco feita pelas instituições financeiras. Portanto, quitar suas dívidas pelo Desenrola Brasil é uma etapa importante, mas não garante automaticamente o acesso a novos empréstimos ou financiamentos.

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