Diário de São Paulo
Siga-nos

O impacto da alta nos preços nos lançamentos de apartamentos intermediários

O aumento dos custos e o poder de compra limitado da classe média estão mudando o perfil dos imóveis no Brasil

Apartamentos intermediários enfrentam aumento de preços e demanda por metragens menores - Imagem: Reprodução | Freepik
Apartamentos intermediários enfrentam aumento de preços e demanda por metragens menores - Imagem: Reprodução | Freepik

por Marina Milani

Publicado em 21/10/2024, às 18h01


Com o aquecimento do mercado imobiliário e um aumento significativo de lançamentos, o perfil dos chamados “apartamentos intermediários” – com áreas entre 45m² e 100m² – tem passado por transformações em várias regiões do país. A combinação de preços mais altos e o limitado poder de compra da classe média tem influenciado as decisões das famílias e das incorporadoras, que agora buscam alternativas para equilibrar os custos e atender às novas demandas.

A classe média, público-alvo desses imóveis, tem optado por apartamentos menores como forma de enfrentar a alta dos preços. Essa adaptação também se reflete na oferta, com construtoras lançando empreendimentos que apostam em novas tecnologias e diferenciais para atrair compradores, mesmo em imóveis com metragem reduzida.

De acordo com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), o setor imobiliário registrou 149.487 lançamentos no primeiro semestre de 2024, um aumento de 5,7% em relação ao mesmo período do ano anterior. As vendas também apresentaram crescimento, com 180.162 unidades residenciais vendidas, um avanço de 15,2%. Ao mesmo tempo, o volume de financiamentos imobiliários em agosto deste ano foi o mais alto desde 2021, atingindo R$ 18,4 bilhões.

Apesar do crescimento, os preços dos imóveis continuam subindo, impulsionados pelo aumento dos custos de construção. O Índice Nacional de Custos da Construção (INCC), divulgado pela FGV, apontou uma alta de 5,23% no acumulado dos últimos 12 meses, até setembro de 2024.

Preferência por metragens menores

Esse cenário tem levado as famílias da classe média a buscar apartamentos com metragens menores, o que também se reflete no mercado. Dados do Secovi-SP mostram que o número de lançamentos de imóveis com área útil inferior a 45m² foi significativamente maior do que os de apartamentos maiores. Em agosto deste ano, foram lançadas 7.805 unidades com menos de 45m², enquanto os imóveis com área entre 45m² e 130m² somaram 1.123 unidades.

Além de preços mais acessíveis, os apartamentos menores têm atraído compradores por conta dos diferenciais que oferecem. Hoje, imóveis compactos contam com tecnologias modernas e soluções práticas como coworking, lavanderias compartilhadas e até mercados internos no condomínio.

Essa tendência se reflete em grandes centros como São Paulo, onde a legislação do Plano Diretor exige que, em áreas próximas ao transporte público, os prédios tenham apartamentos menores e, no máximo, uma vaga de garagem por unidade. No entanto, a preferência por imóveis menores e bem localizados não é restrita à capital paulista, sendo uma realidade em diversas regiões do país.

Mesmo com menos espaço, esses imóveis continuam a ser considerados de médio e alto padrão, devido aos serviços e facilidades oferecidos, que proporcionam uma experiência mais moderna e prática para os moradores.

Compartilhe