Diário de São Paulo
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Tragédia no litoral

Há 12 anos o governo de SP não investe todo dinheiro disponível para prevenção de desastres naturais

As autoridades estaduais sempre usavam valores abaixo dos aprovados, apenas 62% da verba foi utilizada

Há 12 anos o governo de SP não investe todo dinheiro aprovado para prevenção de desastres naturais - Imagem: reprodução Twitter
Há 12 anos o governo de SP não investe todo dinheiro aprovado para prevenção de desastres naturais - Imagem: reprodução Twitter

Jessica Anjos Publicado em 23/02/2023, às 11h58


Entre os anos de 2011 e 2022, os governadores de São Paulo não investiram 38% do valor destinado no orçamento público para prevenção de desastres naturais no estado. 

Nos últimos 12 anos, o governo tinha disponível para o tema R$ 10,4 bilhões, porém só investiram R$ 6,4 bilhões - o que corresponde a 62% do total. Este levantamento foi inicialmente compartilhado pela GloboNews após análise da Execução Orçamentária, divulgada pela Secretaria Estadual da Fazenda e Planejamento.

O valor aprovado serve para obras e ações que evitam tragédias como a que ocorreu na última semana no litoral de São Paulo, principalmente na região norte. Mais de 600 milímetros de chuva causaram estragos com desabamentos e deslizamentos de terra, deixando até agora, 48 mortos e dezenas de desaparecidos.

No período citado, quem governou o país foram Geraldo Alckmin (PSDB, atualmente PSB), Márcio França (PSB), João Doria(PSDB) e Rodrigo Garcia (PSDB). Hoje, quem governa o país é Tarcísio de Freitas (Republicanos). O governador tomou posse da posição em 1˚ de janeiro de 2023, mas não faz parte da contabilidade dos governos citados nos últimos 12 anos.

O professor do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da USP, Pedro Luiz Côrtes, considera a atitude uma "falta de consideração" por não aplicar a verba total disponível para evitar desastres na cidde.

"Isso demonstra uma falta muito grande de atenção por parte do governo em relação a esses eventos climáticos. Não é de hoje que nós sofremos enchentes, alagamentos, inundações, deslizamentos de encostas em São Paulo, na região metropolitana e em diversos municípios", defende o professor.

Segundo o especialista, a situação está piorando com as mudanças no clima. "O que a gente vê por parte dos políticos é uma falta de consideração, uma falta de atenção, para esse tipo de evento. Ou seja, é um descaso muito grande para o que vem acontecendo ao longo dos últimos anos".

Respostas dos ex-governadores

A assessoria de imprensa de João Doria e Rodrigo Garcia não responderam a tentativa de contato da GloboNews sobre o período que estiveram a frente da gestão de São Paulo.

Já Márcio França, respondeu em nota, leia abaixo:

“Márcio França ficou no cargo por oito meses, com as restrições legais de gastos de ano eleitoral, e com planejamento feito pelos governos anteriores. Estas obras de drenagem precisam sempre ser licitadas e aprovadas com muita antecedência. Por isso, França quer ser governador por quatro anos, para desatar nós que o Doria, com todo seu marketing, não conseguiu desatar”.

Sobre Geraldo Alckmin, a assessoria informou que durante os anos 2015 e 2016, a verba disponível foi utilizada para diminuir os impactos da crise hídrica sofrida pela cidade de São Paulo. 

A gestão de Tarcísio, no novo governo, comentou em nota que: "O governo de SP realiza medidas complementares às municipais para auxiliar na drenagem urbana e combate às inundações. No último ano foi investido cerca de R$ 1,151 bilhão em ações e obras para combate a enchentes. Em 2023, o orçamento estimado é de aproximadamente de R$ 1,213 bilhão".

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