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Greve dos Correios entra no 2º dia com aumento de adesão de trabalhadores

A greve dos Correios entrou em seu segundo dia nesta quinta-feira (21), com o aumento da adesão de funcionários da estatal. A paralisação afeta principalmente

Greve dos Correios entra no 2º dia com aumento de adesão de trabalhadores
Greve dos Correios entra no 2º dia com aumento de adesão de trabalhadores

Redação Publicado em 21/09/2017, às 00h00 - Atualizado às 16h33


Paralisação é parcial, com redução de funcionários nas agências, e afeta principalmente a área de distribuição.

A greve dos Correios entrou em seu segundo dia nesta quinta-feira (21), com o aumento da adesão de funcionários da estatal. A paralisação afeta principalmente a área de distribuição.

Levantamento parcial dos próprios Correios realizado na manhã desta quinta mostra que 91,65% do efetivo total no país está trabalhando, o que corresponde a 99.504 empregados. Na véspera, o balanço da estatal mostrava que 93,17% do efetivo total estava trabalhando, o que correspondia a 101.161 empregados.

A Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect), que engloba 31 sindicatos no país, informa que a paralisação atinge 20 estados e o Distrito Federal, conforme divulgado na véspera. De acordo com a entidade, a paralisação é parcial, com redução de funcionários nas agências. Mas a adesão aumentou nesta quinta-feira nos locais em que foi declarada greve, segundo a federação.

Dos 31 sindicatos ligados à Fentect, somente três ainda não realizaram assembleia: Acre, Rondônia e Roraima.

As agências franqueadas não estão participando da greve. Atualmente, são mais de 6.500 agências próprias dos Correios pelo país, além de 1 mil franqueadas.

A paralisação envolve os trabalhadores dos sindicatos de Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia, Distrito Federal, São Paulo (Campinas, Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, Vale do Paraíba e Santos), Ceará, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais (MG, Juiz de Fora e Uberaba), Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul (RS e Santa Maria), Sergipe e Santa Catarina.

Segundo os Correios, na região metropolitana de São Paulo a situação está normal. Já na Baixada Santista, cerca de 88% do efetivo está trabalhando, de um total de 1.073 empregados.

Segundo a Fentect, foram mais de 50 dias de negociação, sem sucesso. Entre os motivos da greve estão o fechamento de agências por todo o país, pressão para adesão ao plano de demissão voluntária, ameaça de demissão motivada com alegação da crise, ameaça de privatização, corte de investimentos em todo o país, falta de concurso público, redução no número de funcionários, além de mudanças no plano de saúde e suspensão das férias para todos os trabalhadores, exceto para aqueles que já estão com férias vencidas.

Além da Fentect, outra federação representa os trabalhadores da categoria, a Federação Interestadual dos Trabalhadores e Trabalhadoras dos Correios (Findect). A entidade diz que ainda está negociando com a empresa e aguarda o fim da apresentação da proposta, marcada para esta quinta. A Findect tem 5 sindicatos filiados, que incluem os estados de São Paulo e Rio de Janeiro.

A entidade defende a necessidade de ouvir a íntegra da proposta de acordo coletivo de trabalho 2017/2018 para então realizar assembleias, marcadas para o dia 26 de setembro.

Negociações continuam

Os Correios informam que continuam em negociação com os representantes da Findect para a assinatura do acordo coletivo de trabalho. Nesta quinta-feira, serão apresentadas as propostas econômicas para discussão com os cinco sindicatos filiados da entidade.

Ainda de acordo com a estatal, a Fentect, que tem maior número de sindicatos filiados, desistiu das negociações.

Nas localidades onde há paralisação, a empresa informa que já colocou em prática seu plano de continuidade de negócios para minimizar os impactos à população.

Os Correios dizem que continuam dispostos a negociar com os sindicatos que não aderiram à paralisação para que o acordo coletivo seja assinado e considera que a greve “desqualifica o processo de negociação e prejudica o esforço realizado por todos os empregados durante este ano para retomar a qualidade e os resultados financeiros da empresa”.

Crise nos Correios

Os Correios enfrentam uma severa crise econômica e medidas para reduzir gastos e melhorar a lucratividade da estatal estão em pauta.

Nos últimos dois anos, os Correios apresentaram prejuízos que somam, aproximadamente, R$ 4 bilhões. Desse total, 65% correspondem a despesas de pessoal.

Em 2016, os Correios anunciaram um Programa de Demissão Incentivada (PDI) e pretendia atingir a meta de 8 mil servidores, mas apenas 5,5 mil aderiram ao programa.

Os Correios anunciaram em março o fechamento de 250 agências, apenas em municípios com mais de 50 mil habitantes, além de uma série de medidas de redução de custos e de reestruturação da folha de pagamentos.

Em abril, o presidente dos Correios, Guilherme Campos, afirmou que a demissão de servidores concursados vinha sendo estudada. Segundo ele, os Correios não têm condições de continuar arcando com sua atual folha de pagamento e contratou um estudo para calcular quantos servidores teriam que ser demitidos para que o gasto com a folha fosse ajustado.

Em março, o ministro das Comunicações, Gilberto Kassab, afirmou que, se a empresa não promovesse o “equilíbrio rapidamente”, “caminharia para um processo de privatização”.

A estatal alega ainda que o custeio do plano de saúde dos funcionários é responsável pela maior parte do déficit da empresa registrado nos últimos anos. Hoje a estatal arca com 93% dos custos dos planos de saúde e os funcionários, com 7%.

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