Diário de São Paulo
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Aumento dos Juros

BC sugere ajuste gradual na Selic, mas mercado aposta em aumento mais agressivo

Decisões do Banco Central indicam possível aceleração no aumento dos juros para conter a inflação

Com o cenário incerto, o Copom pode acelerar a política monetária - Imagem: Divulgação / Banco Central do Brasil
Com o cenário incerto, o Copom pode acelerar a política monetária - Imagem: Divulgação / Banco Central do Brasil

Sabrina Oliveira Publicado em 24/09/2024, às 12h26


Na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), os diretores do Banco Central (BC) decidiram iniciar o ciclo de alta dos juros de forma gradual, elevando a taxa Selic de 10,50% para 10,75% ao ano, um aumento de 0,25 ponto percentual. A decisão foi tomada em meio a um cenário de incertezas, tanto no contexto interno quanto externo, o que levou o comitê a optar por uma abordagem mais cautelosa. A ata divulgada após o encontro reafirma o compromisso do BC em trazer a inflação de volta às metas estabelecidas, mas sem precipitar um aumento agressivo nas taxas de juros de imediato.

No entanto, apesar dessa postura inicial, o mercado financeiro já começa a antecipar um cenário de aumentos mais rápidos nas próximas reuniões. Economistas projetam que, na próxima reunião marcada para novembro, o Copom poderá elevar a Selic em 0,50 ponto percentual, levando-a para 11,25% ao ano. A expectativa se baseia nas pressões inflacionárias que continuam presentes, principalmente devido ao aumento dos preços de bens industriais e da alimentação, que vêm sendo impactados pela desvalorização cambial e por condições climáticas adversas.

O BC também mencionou na ata que o cenário prospectivo da inflação está se tornando mais desafiador, com as projeções para os próximos anos mostrando índices acima da meta central de 3%, embora ainda dentro do intervalo de tolerância. Para 2024, a inflação projetada pelo BC é de 4,3%, enquanto para 2025 e 2026 as projeções são de 3,7% e 3,5%, respectivamente. Esses números preocupam o mercado, que já vê a necessidade de um ajuste mais agressivo da política monetária para conter a alta dos preços.

Adicionalmente, o Copom ressaltou o dinamismo observado no mercado de trabalho, com ganhos reais nos salários nos últimos meses. Contudo, sem um aumento correspondente na produtividade, esses ganhos podem exercer mais pressão sobre a inflação, o que reforça a necessidade de um acompanhamento próximo da situação econômica pelo Banco Central.

Outro ponto destacado na ata foi a preocupação com o andamento das reformas estruturais e a disciplina fiscal. O BC alertou que o esmorecimento nesses esforços pode ter um impacto negativo sobre a economia, elevando a taxa de juros neutra e tornando mais difícil a tarefa de controle da inflação. Para o Copom, uma política fiscal crível e transparente é essencial para manter as expectativas inflacionárias ancoradas e reduzir os riscos associados aos ativos financeiros.

Por fim, o BC deixou claro que o ritmo dos ajustes futuros na taxa Selic dependerá da evolução das projeções e expectativas de inflação, assim como do balanço de riscos para a economia.

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