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Arroz anã pode ser incluído como Indicação Geográfica no Brasil

A localidade de Porto Marinho, situada no distrito de São Sebastião do Paraíba, município de Cantagalo, na região serrana do estado do Rio de Janeiro,

Arroz anã pode ser incluído como Indicação Geográfica no Brasil
Arroz anã pode ser incluído como Indicação Geográfica no Brasil

Redação Publicado em 07/10/2021, às 00h00 - Atualizado às 08h29


Cultivado no Rio, produto tem consistência e sabor únicos

A localidade de Porto Marinho, situada no distrito de São Sebastião do Paraíba, município de Cantagalo, na região serrana do estado do Rio de Janeiro, pode ter o seu principal produto, o arroz anã, incluído na lista de Indicação Geográfica no Brasil, como Denominação de Origem, que apresenta qualidades e características exclusivas de um produto de determinada área.Arroz anã pode ser incluído como Indicação Geográfica no BrasilArroz anã pode ser incluído como Indicação Geográfica no Brasil

Não se sabe a origem do cereal, mas o arroz anã é cultivado há décadas em Porto Marinho e tem consistência e sabor únicos. Proveniente de agricultura familiar, é cultivado às margens do Rio Paraíba do Sul, sem utilização de pesticidas ou adubos químicos e tem atraído chefes renomados, inclusive do exterior, para conhecer o produto.

O lançamento do projeto para a candidatura do arroz anã à Indicação Geográfica ocorre hoje (7) no centro de Porto Marinho, que faz divisa com Minas Gerais, o único lugar que cultiva esse tipo híbrido do cereal. Sua população é de 200 habitantes. O projeto tem como parceiros o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) no estado, o Serviço Social do Comércio (Senac), o Instituto Maniva, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, a prefeitura de Cantagalo e a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater).

Valorização

A analista Erica Bittencourt, gestora estadual de Indicações Geográficas do Sebrae Rio, informou que o projeto prevê elaborar a documentação para registro do arroz anã no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). “A gente vai estruturar tudo que o distrito, os produtores de arroz anã precisam para fazer esse registro no INPI. O Sebrae está dando todo o apoio para que esses produtores consigam fazer o registro”, disse Erica.

A obtenção do registro de Indicação Geográfica vai valorizar o produto local, que é denominado “grande joia” da culinária. “A gente quer valorizar os produtores, o produto, que hoje não têm essa valorização. Ele é comercializado só internamente, no próprio distrito, no município de Cantagalo, e queremos levar o arroz anã para outros locais”. A ideia é expandir a comunicação para restaurantes e chefes sobre o produto. “É uma joia que a gente tem aí, que é o saber fazer com um produto tão específico”.

Erica informou que o Sebrae Rio vai trabalhar toda a parte do registro, mas também do aumento da produtividade e da criação de embalagem e marca para o arroz anã dessa região. “Toda essa parte vamos trabalhar com eles, de acesso a mercado”.

Planejamento

Os encontros entre produtores de Porto Marinho, o Sebrae Rio e todos os parceiros envolvidos vêm ocorrendo de forma digital há cerca de dois anos e renderam um amplo planejamento que envolve o Projeto de Indicação Geográfica, capacitações, consultorias técnicas e de gestão, ações com foco no turismo e gastronomia, além de um censo sociocultural, que permitiu que os especialistas pudessem conhecer a região e desenvolver, a partir daí, novos projetos de crescimento econômico para a localidade. O projeto terá continuidade até 2023.

A expectativa do presidente da Nova Associação de Moradores, Pescadores, Produtores Rurais, Artesãos e Amigos do Porto Marinho e adjacências, Maurício Passareli Silva, é que a comunidade passe a ter mais atenção do Poder Público e também possa gerar desenvolvimento econômico e social. “Acredito que o encontro presencial será muito produtivo, porque por aqui gostamos desse contato, de olhar nos olhos, de reconhecer o outro. Os encontros virtuais têm sido muito produtivos, já vendemos praticamente toda a safra, mas sei que agora teremos ainda mais oportunidades de crescimento e visibilidade”, disse ele.

Gastronomia e turismo

Durante o lançamento do projeto, o Senac RJ apresentará proposta de desenvolvimento para a região de Porto Marinho, por meio de ações nos eixos da gastronomia e do turismo. O objetivo é valorizar a comunidade local e promover o desenvolvimento da região por meio da geração de renda, capacitação profissional e atração de turistas.

Na área da gastronomia, o Senac RJ desenvolve estudo sobre o potencial culinário do arroz anã e realiza pesquisas no laboratório da unidade Copacabana, na zona sul da capital fluminense, sobre as receitas tradicionais locais e preparos inovadores.

O arroz anã de Porto Marinho tem formato semelhante ao arroz japonês, mas apresenta grãos ligeiramente menores. O produto é adaptável a receitas doces e salgadas e tem potencial para usos funcionais como em farinha de arroz sem glúten, por exemplo. Após a conclusão da fase de pesquisa, a intenção do Senac RJ é promover a capacitação das cozinheiras locais para incentivar a geração de renda e o registro de receitas tradicionais em uma publicação.

Na área de turismo, o Senac pretende propor roteiros para que o turista tenha a oportunidade de realizar uma visita gastronômica, histórica, rural e ecológica à região. Há possibilidade também de criação de uma rota histórica pelas fazendas centenárias dos arredores de Porto Marinho, considerado o primeiro Vale do Café do estado.

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Agência Brasil

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