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Segunda Turma do STF nega pedido de Geddel para quebrar sigilo telefônico da Polícia Federal

A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitou nesta terça-feira (25), por unanimidade, pedido da defesa do ex-ministro Geddel Vieira Lima

Segunda Turma do STF nega pedido de Geddel para quebrar sigilo telefônico da Polícia Federal
Segunda Turma do STF nega pedido de Geddel para quebrar sigilo telefônico da Polícia Federal

Redação Publicado em 25/09/2018, às 00h00 - Atualizado às 16h56


Defesa queria saber de qual número partiu a denúncia anônima que levou a PF a apartamento onde foram encontrados R$ 51 milhões em malas e caixas.

A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitou nesta terça-feira (25), por unanimidade, pedido da defesa do ex-ministro Geddel Vieira Lima (MDB-BA) para quebrar sigilo telefônico do Núcleo de Inteligência da Polícia Federal em Salvador.

A defesa queria saber de qual número partiu a denúncia anônima que levou a Polícia Federal ao apartamento onde foram encontrados R$ 51 milhões em caixas e malas. O dinheiro e o imóvel, de acordo com as investigações, têm ligação com o ex-ministro.

Geddel virou réu em maio deste ano pelos crimes de lavagem de dinheiro e associação criminosa. Ele está preso desde setembro do ano passado no presídio da Papuda, em Brasília.

A defesa também pediu a liberdade de Geddel, mas a questão ainda não foi julgada e deve ser analisada individualmente pelo relator do caso, ministro Luiz Edson Fachin.

Fachin já havia negado a quebra de sigilo da PF, mas a defesa recorreu. O pedido foi assinado pelo advogado Gamil Foppel, responsável também pela defesa de Marluce Vieira Lima (mãe de Geddel) e de Lúcio Vieira Lima (deputado federal e irmão do ex-ministro), também réus no caso do apartamento.

Em relação à quebra de sigilo, a defesa pediu para verificar quais números ligaram para a PF no dia 14 de julho de 2017, dia da denúncia, “possibilitando a identificação do número responsável pela ligação anônima”.

Em relação a isso, Fachin afirmou que o direito à informação não tem caráter absoluto e neste caso prevalece o sigilo da investigação.

“Entendo que o pedido não pode ser atendido porque o núcleo de inteligência é órgão público que se submete ao princípio da publicidade, mas o direito à informação, como qualquer outro, não tem caráter absoluto”, entendeu Fachin. Todos os ministros da Segunda Turma acompanharam.

Acesso a perícia

Por unanimidade, os ministros concederam à defesa acesso ao material utilizado na perícia do apartamento, tais como “fragmentos de impressões papilares” e mídias com gravações de imagens. A PF afirmou ter encontrado as digitais de Geddel no local.

Geddel havia feito um terceiro pedido, para acompanhar todos os depoimentos do processo contra ele. A questão nem foi julgada porque, segundo Fachin, isso foi assegurado ao réu.

Origem dos R$ 51 milhões

Na denúncia apresentada ao STF, a Procuradoria Geral da República (PGR) afirmou que os R$ 51 milhões têm como possíveis origens propinas da construtora Odebrecht; repasses do operador financeiro Lúcio Funaro; e desvios de políticos do MDB.

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, disse que estatais como Petrobras, Furnas e Caixa Econômica Federal tiveram prejuízo de ao menos R$ 587,1 milhões. Só no banco, teriam sido desviados para propina R$ 170 milhões pela ingerência de Geddel, segundo a PGR.

A Procuradoria também apura se uma parte dos R$ 51 milhões corresponde à parte dos salários de assessores que, segundo a PF, eram devolvidos aos irmãos Vieira Lima.

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