Uma ligação de agradecimento fez toda a diferença para a enfermeira de Várzea Paulista (SP), Jane Freitas, que ajudou nos primeiros socorros das vítimas de
Redação Publicado em 12/01/2022, às 00h00 - Atualizado às 12h23
Uma ligação de agradecimento fez toda a diferença para a enfermeira de Várzea Paulista (SP), Jane Freitas, que ajudou nos primeiros socorros das vítimas de lanchas atingidas pelo deslizamento de pedra no Lago de Furnas, em Capitólio(MG), no sábado (8). Ao todo, 10 mortes foram confirmadas.
Jane de Freitas estava em uma viagem com amigos, quando se deparou com a queda do paredão enquanto fazia o passeio de lancha. Ao ver feridos, muitos deles crianças, ela decidiu ajudar. Contudo, no retorno para sua cidade, uma família fez questão de entrar em contato.
“A mãe das crianças perdeu o celular e conseguiu pegar o meu contato com um repórter que tinha acabado de me entrevistar. Ela me ligou assim que eu chegava em casa e me agradeceu demais dizendo que a família toda está muito grata com o trabalho. Ela falou muito de gratidão. Eu fiquei bastante emocionada na hora que ela me ligou. Ela, os filhos, sobrinhos, estão todos bem”.
“Um dia iremos nos encontrar. Quero me encontrar com eles. Toda hora que lembro eu me arrepio. Como é importante saber que quem você cuidou está bem. Importante saber como está a parte psicológica dessas crianças que viram o desastre lá”, ressalta.
Jane disse que também durante seu retorno ao trabalho na segunda-feira (10) foi surpreendida pelos moradores de sua cidade, que a parabenizaram por ajudar as vítimas.
“As pessoas vieram dar parabéns, me cumprimentar e falar que foi um ato de humanismo. É importante para a gente, que quer ajudar e quer ser um ser humano cada dia melhor. A gente sempre tem que cuidar das pessoas na fragilidade. “, finaliza.
Jane Freitas trabalha como enfermeira há mais de 10 anos no interior paulista e, com a pandemia, está empenhada na campanha de vacinação contra Covid. Para poder descansar, ela resolveu ir até Minas Gerais em um grupo de 10 pessoas passar quatro dias.
Porém, a cena da natureza dos famosos cânions que havia prometido mostrar aos amigos não pôde ser vislumbrada desta vez.
“Eu já tinha ido para Capitólio há quatro anos, então resolvi retornar e ir com um grupo de amigos que nunca tinha conhecido. Chegamos na quinta-feira e falei sobre a bela paisagem dos cânions, que valeria muito a pena fazermos o passeio. Já havia feito antes. Mas a cena da natureza foi transformada pela grande tragédia. Acabou com a nossa viagem, com clima de alegria. Tudo muito triste”, afirma.
Jane Freitas ajudou a socorrer vítimas em Capitólio, Minas Gerais — Foto: Arquivo Pessoal
Jane conta que a lancha em que estava iria sair junto com as outras que foram atingidas pelo desabamento do paredão, mas que houve um pequeno atraso porque um dos amigos precisou ir ao banheiro. Por isso, seu grupo chegou minutos depois do acidente ter ocorrido.
“Um dos meus amigos disse que precisava muito ir ao banheiro. Então, na primeira parada da lancha, que nem é comum ir, tivemos que esperar ele descer, ir ao banheiro, para continuarmos o trajeto. Minha amiga retornou com a gravação depois da parada e chegou a dizer no vídeo: ‘agora vocês irão ver a bela natureza’. De repente, ela parou de filmar e vimos todo mundo desesperado, gritando. Esses minutos da parada foi o livramento”, diz.
A enfermeira relata ainda que lanchas que estavam mais afastadas saíram do local ao se depararem com o cenário. Mas ela, ao ver feridos, decidiu que precisava ajudar e não quis ir embora.
“Não tinha como. Era meu dever socorrer. Sou enfermeira e vi crianças gritando. Ajudei uma que ficou com vidro no pé, outra que queria que acompanhasse ela de tanto medo e estava sangrando. Me cortou o coração. Mas quando dever chama, temos que ajudar de alguma forma”, relata.
Pedra desliza sobre turistas em Capitólio — Foto: Reprodução
Ainda conforme Jane, a principal dificuldade em ajudar as vítimas antes da chegada das equipes de Resgate foi a falta de material apropriado.
“Tive dificuldade em achar material de primeiros-socorros. Só havia em uma lancha. As demais não tinha nada. Mas senti que estava no momento certo para essas vítimas. Consegui retirar o caco de vidro de um menino, limpar o sangue, levar elas para outro local. Ajudei como pude”, afirmou.
“Uma mistura de emoção, tristeza e gratidão. Só tenho a agradecer a Deus em poder ajudar as vítimas. Realmente uma união de vários desconhecidos. Eu fazendo os primeiros socorros, a amiga Kelly Rosa orientando e acalmando as vítimas, o amigo Alessandro Alves ajudando a afastar pessoas e procurava material para o socorro, uma criança deu sua toalha para aquecer uma das vítimas. A união realmente faz a força e a diferença. Foi muito triste. Meus sentimentos aos familiares”.
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G1
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