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Perseguição ou não... Eis a questão!

Luiz Inácio Lula da Silva. - Imagem: Divulgação / Instituto Lula | Reprodução / Instagram
Luiz Inácio Lula da Silva. - Imagem: Divulgação / Instituto Lula | Reprodução / Instagram
Agenor Duque

por Agenor Duque

Publicado em 27/11/2022, às 09h13


A conturbada relação (por motivos óbvios) entre o ex-presidiário e agora presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, e os evangélicos do Brasil, voltou às “trend topics”. Desta vez, Lula atacou diretamente a Igreja com uma declaração polêmica, e ao mesmo tempo ameaçadora, em uma reunião com diversos representantes da área da saúde, afirmando que cobrará apoio das igrejas nas campanhas de vacinação e que, caso elas não cooperem, serão responsabilizadas pelas mortes que ocorrerem: “Eu pretendo procurar várias igrejas evangélicas e discutir com o chefe delas: ‘Olha, qual é o comportamento de vocês nessa questão das vacinas?’ Ou vamos responsabilizar vocês pela morte das pessoas”, afirmou Lula.

A pergunta que não quer calar é: A declaração do líder de esquerda mais corrupto da história desse país poderia ser enquadrada ao que conhecemos como perseguição religiosa? Com certeza muitos ficariam com certa dúvida, já que a memória histórica da grande maioria da população preserva a ideia das perseguições do mundo antigo, onde os sistemas autoritários tradicionais como o Império Romano, por exemplo, exerciam de maneira arbitrária e autoritária, atos de extrema violência física contra os cristãos da época.

No mundo moderno não foi muito diferente, já que os grandes totalitarismos desse período perseguiam de forma desumana, não somente cristãos, mas todo e qualquer grupo, instituição ou pessoa que se opusesse ao projeto de poder por eles exercido. Entre esses grupos totalitários, podemos citar os Fascismos italiano e o espanhol, e o Nazismo. Já no mundo contemporâneo, muitos ainda acham que perseguição religiosa é um tema que ficou no passado, que vivemos em plena e completa liberdade, no entanto faz-se necessário informar o caro leitor que, não é bem assim. Aqui no Ocidente, onde estão os que chamamos de estados liberais, o que acontece é uma perseguição sutil, que atua de forma dissimulada, muito diferente, porém não menos perigosa, das perseguições antiga e moderna com toda sua violência.

A perseguição sutil, oculta, dissimulada, disfarçada ou como queiram chamá-la, pode prejudicar a igreja tanto quanto as barbáries do mundo antigo, e pode ser exercida das seguintes formas: como perseguição econômica, perseguição legal, morte social ou perseguição midiática.

Mas...por que só os evangélicos? O que esse grupo religioso tem de tão especial que faz que a esquerda invista seu tempo e suas forças em persegui-lo? Por que seus líderes, comandados pelo ex-presidiário Lula da Silva, lançam toda a sua artilharia de provocações, ameaças, críticas, discussões, implicâncias e falácias contra esse grupo especificamente?

A resposta varia de acordo com os diferentes parâmetros e pontos de vista que podemos utilizar para a obter. Se usamos o parâmetro político, entendemos que a igreja evangélica é um alvo frequente das intencionais investidas da esquerda, porque a maioria dos políticos que pertencem a esse grupo religioso, não cede ao cálculo político, leia-se alianças. No entanto, outros grupos supostamente adversários da esquerda, são facilmente “comprados” por cargos ministeriais, tornando-se novos aliados que rapidamente se alinham à ideologia esquerdista e ao projeto de poder desta. Porém, no caso dos evangélicos, o antagonismo ideológico com a esquerda é tão gritante, que não há possibilidade de construir alianças com ela, sem se desviar dos princípios que norteiam a vida cristã. Portanto, ao não se vender à esquerda, inicia-se uma perseguição arbitrária, autoritária e sem o mínimo de escrúpulos contra os cristãos, visando estrategicamente destruir o “inimigo opositor” e para isso, a esquerda utiliza diversos meios para debilitá-lo como restrições, comportamentos e ações impositivas, chantagens, boicotes, multas, censura e falácias.

Se observamos detalhadamente a estratégia, fica claro que a questão da imposição do apoio às vacinas é somente um dos argumentos que Lula e seus comparsas estão utilizando como forma de retaliação ao grupo religioso que é majoritariamente, bolsonarista e de direita conservadora. E com tal atitude, Lula já demonstra a que veio e o que está disposto a fazer para conseguir abarcar o maior número de aliados/cúmplices, mesmo antes de subir a rampa presidencial (ato que eu e com certeza você também, caro leitor, sinceramente, não desejamos que aconteça).

É importante mencionar que, ao contrário do que foi dito por Lula, a maioria dos cristãos evangélicos não se manifestaram contra a vacina de Covid-19, mas sim às possíveis medidas compulsórias para sua utilização, exigidas por aqueles que se empenham em exercer poderes ditatoriais em um país supostamente democrático. Houve, sim, por parte dos mais variados grupos religiosos e não somente evangélicos, diversos questionamentos a respeito da eficácia e da segurança dessa vacina que até então ainda é considerada experimental. No entanto, mesmo com todos os questionamentos, a grande maioria dos evangélicos se vacinou sem demonstrar uma grande resistência. Já o grupo de evangélicos que optou por não receber a vacina por diferentes motivações, é composto de uma minoria.

O fato de que existem pessoas que são declaradamente contra as vacinas é verídico, porém devemos levar em consideração que esse grupo de oposição é composto não só por evangélicos, mas também por católicos, espíritas, umbandistas, ateus e muitos outros, pois o fator determinante para se opor não é somente religioso, mas também o temor às sequelas causadas por uma vacina que ainda está em seu estágio experimental. E ao utilizarmos a expressão “oposição às vacinas”, não podemos generalizar. A oposição aos imunizantes está muito mais inclinada ao fato de se opor às vacinas de Covid-19 do que as demais vacinas como a da poliomielite, por exemplo, que já possui décadas de estudos e análises laboratoriais, o que a torna muito mais confiável do que a de Covid-19.

Ao generalizar decisões, ignorando a pluralidade de opiniões existente no meio evangélico com relação aos imunizantes, especificamente sobre vacinas da Covid-19 e responsabilizando-o pelas mortes de todos aqueles que faleceram por essa doença, Lula comete um grave erro e aumenta ainda mais a barreira para o diálogo e para uma aproximação que, na realidade, nós cristãos convictos, nem fazemos questão.

No entanto, ao contrário do que afirmou Lulaem suas declarações, várias igrejas evangélicas não só apoiaram as vacinas, como também colaboraram com as campanhas feitas pelo poder público, cedendo seus templos e áreas de lazer, para a aplicação das mesmas durante o período da pandemia, como é o caso da Igreja Cristã Maranata em Vitória (ES), da Igreja Presbiteriana Independente de Ibiporã (PR) e a Igreja Universal do Reino de Deus de diversas localidades.

Portanto, ao fazer tal declaração com tom de ameaça, Lulanão somente expõe indevidamente um grupo religioso ao escárnio do resto da população, responsabilizando-o por mortes que não lhe correspondem, como também desconsidera levianamente as inúmeras contribuições sociais que a igreja prestou e ainda presta à sociedade em geral, inclusive na pandemia. Lembrando que, hoje a desculpa para perseguir a igreja de maneira sutil, são as vacinas. Amanhã pode ser imposto aos dízimos, imposição na aceitação de casamentos gays, determinação de censura do que pode ou não ser dito em um culto... enfim, só Deus sabe o que eles decidirão utilizar como moeda de troca para deixar os cristãos em paz em um futuro muito próximo.

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