Agenor Duque Publicado em 30/01/2024, às 07h51
É cada vez mais comum enredos de escolas de samba abordarem temáticas ligadas às religiões de matriz africanas. Em 2022, A Grande Rio homenageou Exu.
A relação entre música e religiosidade não é algo recente. Há centenas de anos a música já era veículo de transmissão de ideologias e princípios e para o ensino de conceitos teológicos e culturais, além de ser item principal nas grandes celebração, como as relacionadas às vitórias nas guerras.
Se olharmos para os tempos bíblicos do Antigo Testamento, podemos tomar como exemplo os salmos da Bíblia Sagrada, textos escritos para serem cantados em louvor e celebração ao Deus de Israel. Séculos depois, durante o movimento da Reforma Protestante a música foi utilizada para propagar a verdade das Escrituras.
Olhando para os movimentos diversos ao redor do mundo, a música estava presente no movimento hippie nos Estados Unidos; também foi usada como forma de protestos contra a ditadura no Brasil e para demonstrar apoio a exilados políticos.
Ao longo dos anos, percebe-se na cultura mundial, mas especialmente na brasileira, o papel e a presença da música. Brasileiros e africanos são festeiros e a música é presença confirmada em todas as comemorações e quando nem há o que comemorar. Ela é usadapara propagar o bem e também o mal; para exaltar a Deus e para estimular à idolatria; para propagar a verdade e também para fazer proliferar o engano; para promover a alegria e para causar depressão; para propagar o engano que é tão característico do sistema que rege este mundo.
A dinâmica do “tudo junto e misturado” e da “paz e amor” tem ditado a forma como as pessoas vivem, numa dinâmica de que as coisas têm de ser do jeito de cada um e cada um cria para si um deus segundo seus padrões. Enquanto a galera dos desavisados, a turma do “Nada a ver”, fazem a “política da boa vizinhança”, o sincretismo religioso tem crescido, como se vê, a título de exemplo, na associação dos orixás da umbanda aos santos do catolicismo.
Diferentemente do que alguns pensam, sincretismo nada tem a ver com respeito e tolerância às crenças alheias. Sincretismo pode ser resumido no fenômeno que combina ou funde tradições, crenças e práticas religiosas, o que, não raras vezes, faz surgir um novo modo de expressão religiosa e sistema de crenças.
A partir desta definição, não há como “sincretizar” religiões de matriz africana com quaisquer vertentes do cristianismo, principalmente a protestante. Não há possibilidade de convivência doutrinária entre essas crenças, ainda que algumas igrejas neopentecostais tenham incorporado em seus cultos algumas práticas que em nada lembram o cristianismo bíblico, e como diria C. S. Lewis, “puro e simples”, práticas essas impossíveis de convivência com o corpo doutrinário da fé cristã bíblica pura. Assim, comparar Jesus Cristo (o Deus-Filho e único salvador) com Oxalá (considerado um orixá supremo) caracteriza-se como blasfêmia.
O sincretismo pode funcionar para vertentes religiosas como a umbanda, por exemplo, que mistura catolicismo, espiritismo e religiões afro-brasileiras, mas não para o cristianismo protestante, cuja marca principal é a exclusividade, nas práticas, mas especialmente na fé e, consequentemente, na adoração, já que esta tem como único objeto de fé e adoração o Deus da Bíblia, que não divide sua glória com nada e ninguém. E essa é, talvez, uma das principais razões de os cristãos serem tão hostilizados e considerados intolerantes (ainda que o verdadeiro cristão não o seja), pois sua fé está colocada unicamente no Deus bíblico a quem adora com total exclusividade.
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