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COLUNA

O resgate do verdadeiro Natal perdido entre a tradição dos mitos pagãos e a ilusão do consumismo

Árvore de Natal. - Imagem: Reprodução | Freepik
Árvore de Natal. - Imagem: Reprodução | Freepik
Agenor Duque

por Agenor Duque

Publicado em 16/12/2023, às 05h35


Enquanto o mundo mergulha nas luzes cintilantes e na efervescência dessa temporada festiva, uma pergunta inevitável ecoa no coração daqueles que buscam a verdadeira essência do Natal: Será que o que celebramos é realmente o nascimento do Salvador?

A história nos conduz por uma jornada sinuosa, um caminho entrelaçado de raízes pagãs que se estendem desde a antiguidade até o mundo contemporâneo. A data de 25 de dezembro, há muito aclamada como o aniversário de Jesus Cristo, revela-se, no entanto, um emaranhado de mitos, rituais e lendas, associados a cerimônias irrelevantes e ao conveniente consumismo em que empresas no mundo todo geram cifras bilionárias com a data.

A estação fria de dezembro do hemisfério norte contrasta com a narrativa bíblica, onde pastores deixavam suas ovelhas ao ar livre sob o céu estrelado, durante as noites amenas de um possível mês de setembro. Então, por que a escolha de dezembro para celebrar o nascimento divino?

O ciclo vicioso da mitologia babilônica, persa, grega e romana viu deuses e deusas trocando de máscaras, mantendo acesa a chama da adoração às divindades solares. A árvore de pinheiro, por exemplo, símbolo que hoje enfeita muitas casas, remonta a um tronco de árvore onde o corpo de Tamuz repousou, o fruto de uma tragédia envolvendo Semíramis, Nimrod e a traição.

A roda do tempo girou, os deuses mudaram de nomes, mas o culto persistiu. Zeus e Afrodite, Ísis e Hórus, Vênus e Cupido — cada cultura, cada era, incorporando a mesma adoração pagã em diferentes formas. E o cristianismo em Roma foi adotando a roupagem de antigas divindades. Tamuz e Semíramis assumiram os disfarces de menino Jesus e virgem Maria, dando início a uma narrativa natalina que perdura até hoje.

Em 354 d.C., o Papa Liberio, ciente do poder que uma data unificadora conferiria à Igreja de Roma, proclamou o dia 25 de dezembro oficialmente como o nascimento de Jesus Cristo. Uma jogada estratégica, alinhando a festividade cristã com o “Natalis Solis Invicti”, a celebração pagã do "Sol Vitorioso", que Roma já abraçava.

Contudo, a verdade é inegável: o Natal que conhecemos é um mix de tradições pagãs e estratégias comerciais. Enquanto o mundo se envolve no frenesi do consumismo, nas árvores enfeitadas e nos presentes meticulosamente embrulhados, é importante refletirmos sobre a verdadeira mensagem do Natal. Diante de tudo isso, devemos nos perguntar: Estamos celebrando o nascimento de Jesus Cristo ou perpetuando rituais antigos? O Papai Noel e as árvores enfeitadas desviam nossa atenção do verdadeiro Salvador? O consumismo desenfreado abafa a fé genuína a tal ponto de classificarmos a importância dessa data com base no que ganhamos, comemos, compramos ou vestimos?

Chegou o momento de despir o Natal de suas vestes pagãs, revelando a verdade nua e crua: o nascimento de Jesus não está vinculado a datas artificiais, mitos e lendas ressuscitados ou símbolos criados no mundo moderno. Seu verdadeiro significado repousa na mensagem divina de redenção e amor encarnada em Jesus Cristo.

Quando os cristãos transcenderem as tradições distorcidas, rejeitarem as correntes do consumismo e abraçarem o verdadeiro espírito do Natal, que não é uma celebração de um dia, mas uma jornada diária de gratidão pela vinda do Salvador, a luz da verdade dissipará as sombras do engano, permitindo que a verdadeira celebração seja feita não apenas uma vez por ano, mas a cada dia, pois o presente supremo em Jesus Cristo é a nossa salvação.

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