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DE OLHO NO RETROVISOR: Avaliando Medidas e o Enfrentamento da Pandemia

DE OLHO NO RETROVISOR: Avaliando Medidas e o Enfrentamento da Pandemia. - Imagem: Freepik
DE OLHO NO RETROVISOR: Avaliando Medidas e o Enfrentamento da Pandemia. - Imagem: Freepik
Agenor Duque

por Agenor Duque

Publicado em 06/03/2023, às 14h21


As questões com que a população dos tempos atuais tem de lidar já não são enfrentadas como se fazia há anos. Nestes tempos não se consegue falar de educação, economia e saúde, por exemplo, sem conferir à discussão um tom politizado e ideológico, em que candidatos a cargos públicos ou governantes já em exercício em alguma esfera pública aproveitam-se de temáticas envolvendo essas e outras áreas da sociedade, com vistas a conquistar votos e decisões são tomadas, muitas vezes visando a atender agendas progressistas, ditadas por ativistas feministas e militantes de direita, esquerda, centro etc.

Toda essa forma “afetada” de lidar com várias temáticas ficou mais acentuada quando o assunto foi a pandemia e as formas de enfrentamento e prevenção da covid-19. No Brasil, especialmente, viveu-se um período tenso em que autoridades de saúde e governamentais não sabiam com o que estavam lidando e oscilavam em torno do que deveria ser feito, que protocolo adotar, inclusive tendo-se (equivocadamente) orientado a população a que procurasse as unidades de saúde apenas quando houvesse comprometimento respiratório, o que acarretou em muitas perdas humanas, já que diversas pessoas nem chegavam a serem efetivamente socorridas, e quando o eram, o quadro era grave demais para que qualquer recurso disponível à época resultasse na preservação da vida do paciente.

E pior, em tempos próximos à eleição e já em campanha eleitoral, os embates foram travados, como se o assunto fosse a moeda de troca que, sozinha, daria aos candidatos, especialmente os presidenciáveis, vitória ou derrota no pleito. Houve de tudo neste período. Governantes que fecharam o comércio local e diversas instituições  (especialmente as de ensino, que foram uma das mais prejudicadas com o famoso #FiqueEmCasa); pessoas presas em praias, por estarem aglomerando; demonização dos que utilizavam medicamentos preventivos (aqueles que você, caro leitor, bem sabe quais são); prefeitos que exigiram que a população ficasse restrita a suas respectivas casas; líderes políticos que davam festanças para a família e amigos enquanto exigiam que a população ficasse em isolamento...

Em meio a tudo isso elegeram-se medidas de higiene, como o uso de máscara e álcool em gel, que seriam efetivas, especialmente para a prevenção de contágio pelo vírus, evitando-se assim o aumento do número de contaminados e a superlotação hospitalar, especialmente dos leitos de UTI.

O que se vê em toda essa trajetória é que é difícil viver no mundo atual sem ser engolido por pontos de vista ideologizados, do qual sequer a profissionais técnicos, como os cientistas, escaparam ilesos; justamente eles, que deveriam lutar contra qualquer espécie de politização em sua área de atuação.

Muitos não engoliram o que tentaram lhes empurrar “goela abaixo”, e com os recentes acontecimentos, quem não se rendeu a medidas mais drásticas recebeu certo alívio, quase que dizendo “Eu não disse? Bem que eu avisei.”; enquanto que quem torcia pelo caos simplesmente para que os “resistentes” ou “negacionistas” (como pejorativa e de forma infeliz foram chamados) recebessem a punição merecida, ficaram com gostinho amargo na boca devido às recentes declarações, com significativa convicção, advindas do Departamento de Energia dos Estados Unidos e do FBI que deram conta de que o vírus da covid-19 escapou acidentalmente de um laboratório chinês em que era submetido a estudos. Pareceu, no mínimo estranho que o vírus tivesse saído de um morcego que infectou um animal que infectou os humanos.

Outro acontecimento recente foi a conclusão da Cochrane Library, empresa respeitadíssima quando o assunto é a análise de intervenções médicas. A instituição afirmou que usar máscaras, mesmo as N95, teve pouca ou nenhuma diferença na propagação da doença, contrariando a posição convicta de profissionais da saúde e da própria OMS, que as divulgaram como sendo de grande efetividade para evitar novos casos da doença. A divulgação dessa notícia veio para rebater a anterior que afirmava que a França havia descontinuado sua colaboração com o laboratório de Wuhan, alertando que se destinava a fins militares.  

Outra questão foi a inspeção nos e-mails de Matt Hancock, ex-secretário de saúde britânico, que comprovou que as decisões do governo do Reino Unido, à época, conduzido por Boris Johnson, eram tomadas com base em pesquisa de opinião somente e não em ciência, com fins de manobras políticas. Com isso, crianças foram obrigadas a usar máscaras nas escolas sem qualquer base científica; o primeiro-ministro manteve a decisão de não reabrir as escolas fechadas; pessoas em trajeto para suas casas foram obrigadas a ficar em isolamento, tendo de arcar com os custos com hotéis próximos aos aeroportos. Obviamente, se outros governos passassem por uma vistoria, seriam constatados outros exemplos de decisões infundadas que foram tomadas neste período de pandemia.

A Suécia foi um dos países que não aderiu ao lockdown e um dos mais bem-sucedidos no enfrentamento da pandemia.

Fica, então provado que o uso de máscaras proporcionou pouca ou nenhuma efetividade em termos de proteger a população. Isso é fato. Assim, faz-se necessário continuar estudando e inquirindo a respeito dos fatos, tanto relacionados a como o vírus foi propagado como também quais medidas adotadas funcionaram e quais não funcionaram.

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