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Alerta para “Apocalipse da rede”

Alerta para “Apocalipse da rede” - Imagem: Reprodução | USP Imagens
Alerta para “Apocalipse da rede” - Imagem: Reprodução | USP Imagens
Agenor Duque

por Agenor Duque

Publicado em 26/03/2024, às 17h56


Já faz algum tempo que alertas vêm sendo dados com relação a possível ocorrência de uma tempestade solar em 2024 que causaria o caos na internet mundial.

A tempestade estava prevista para ocorrer na segunda-feira (25), mas ocorreu no domingo (24) e foi classificada como G4, considerada severa. O adiantamento deve-se a uma forte erupção solar dupla, gerada por manchas solares.

O evento trata-se de Ejeção de Massa Coronal (CME), ou seja, são emissões na superfície solar que oferecem riscos de danos a satélites e outros dispositivos. A previsão é de que se uma dessas CME atingissem a Terra, seria capaz de provocar tempestade geomagnética que danificaria satélites e dispositivos eletrônicos afetando-lhes o bom funcionamento.

Em 1859, ocorreu algo parecido que resultou em danos a equipamentos de comunicação à distância. O evento, conhecido como “Evento de Carrington”, foi duas vezes mais intenso do que se esperava; foi registrado por dois observatórios de Londres e provocou interrupções elétricas no mundo todo, com prejuízos ao envio de telegramas, veículos rápidos de comunicação muito utilizados até poucas décadas. Na ocasião do Carrington, houve relatos de máquinas de telégrafo soltando faíscas, operadores desses equipamentos sendo vitimados por choques e até papéis pegando fogo.

Segundo informações da Academia nacional de Ciências dos Estados Unidos, uma nova ocorrência de um evento dessa magnitude seria um verdadeiro caos, já que seu impacto seria claramente perceptível nas redes elétricas, comunicações por satélite e sistemas de GPS, o que geraria um prejuízo de cerca de 2 trilhões de dólares.

A fim de prevenir que um fenômeno desse porte cause tamanhos danos, o professor da Universidade George Mason, Peter Becker, que além de alertar para um “apocalipse da internet” que ocorreria em breve, poderia durar vários meses e causaria prejuízos impossíveis de serem calculados, também trabalhou arduamente no desenvolvimento de um sistema de alerta que auxiliassem na prevenção de danos causados pelas CMEs.

Becker explica que a internet é vulnerável quanto a eventos desse tipo, pois não foi concebida para lidar com este nível de interferências nas comunicações. Para ele, o período entre 2024 e 2028 refere-se a um momento em que toda a rede poderia ficar desligada, por semanas ou meses, no caso de uma explosão solar mais extrema.

O acadêmico tem criado mecanismos para evitar a queda da internet e outros sistemas de comunicação. Em parceria com colegas da área científica, Becker trabalha neste equipamento de alerta precoce que visa a conceder tempo hábil para preparar-se para os possíveis problemas, o que parece tem funcionado conforme o esperado, já que, apesar do adiantamento da tempestade geomagnética, não houve relatos de queda da internet, de outros danos a aparelhos eletrônicos nem de queda na comunicação por outros mecanismos.

Tempestades de grau G4 de severidade têm potencial de causar sérias consequências, dentre elas a interferência em sinais de rádio, aumento da força de arrasto de satélite e o surgimento de auroras. Das consequências do evento de domingo, felizmente não se tem relatos de quedas da internet ou da interrupção de comunicações, tendo sido registradas apenas o surgimento das auroras, que foram possíveis de observação de várias localidades. 

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