Uma mulher de 57 anos, sem nenhum fator de risco, morreu em decorrência de uma forma grave da Covid-19 no início de dezembro, em um hospital da região
Redação Publicado em 13/12/2021, às 00h00 - Atualizado às 07h10
Uma mulher de 57 anos, sem nenhum fator de risco, morreu em decorrência de uma forma grave da Covid-19 no início de dezembro, em um hospital da região parisiense. Ela tinha comprado um certificado falso de vacinação anti-Covid alguns meses antes. O caso, revelado neste sábado (11) pela imprensa francesa, revoltou os médicos. Eles acreditam que poderiam ter salvado a paciente se soubessem que ela não era vacinada.
A dona de casa, que não tinha nenhuma comorbidade, foi internada no hospital Raymond-Poincaré, de Garches, com sintomas leves de Covid. Ela garantiu que era vacinada e apresentou um certificado de vacinação no momento da internação.
O documento era falso. O atestado, comprado por ela de um médico em agosto, levou a equipe médica a não adotar a tempo o tratamento adequado contra a Covid para pacientes não vacinados. Seu estado de saúde piorou rapidamente e ela morreu em 10 de dezembro, explicou o hospital.
“Espero que que essa história muito triste impacte as pessoas que andam por aí com um certificado falso e os colegas que emitem certificados falsos”, declarou à rádio France Info, o médico Djillali Annane, diretor da UTI do hospital.
O marido da paciente, que não teve o nome revelado, informou que ela contraiu a Covid-19 do filho de 13 anos. O adolescente tinha sido contaminado na escola, relatou a BFMTV. Diante do agravamento de seus sintomas, ela foi ao pronto-socorro do hospital Raymond-Poincaré e mentiu, no momento da internação, garantindo que tinha a vacinação completa.
As equipes médicas iniciaram o tratamento, seguindo o protocolo aplicado às pessoas vacinadas e sem comorbidades.
Mas seu estado de saúde continuou a piorar e “progrediu rapidamente para uma síndrome respiratória aguda”. Alertada pela gravidade do caso, a equipe médica realizou vários exames complementares, entre eles um teste de pesquisa de anticorpos contra o coronavírus.
“Foi a primeira vez que vimos uma jovem, sem comorbidades conhecidas, vacinada a priori, e que desenvolveu uma forma severa da doença”, relata o diretor da UTI.
Foram os resultados dos exames de anticorpos que revelaram a fraude da vacinação. A mulher nunca recebeu nenhuma dose da vacina contra Covid-19.
A informação, revelada tardiamente, não permitiu que ela recebesse a tempo “anticorpos neutralizantes, eficazes na redução do risco de progressão da doença”. O falso certificado de vacinação “não protege contra o vírus e pode encaminhar falsamente o médico que cuida de você”, frisou o especialista.
A paciente tinha comprado o certificado falso para não perder o emprego de recepcionista, admitiu o marido à equipe médica. “Se os médicos soubessem que minha esposa não tinha sido vacinada, ela teria sido salva. Mas ela não queria que eu dissesse. (…) pois tinha medo de um processo judicial”, explicou à BFMTV.
O marido, imunizado, disse que não conseguiu convencer a mulher a se vacinar. Ela preferiu comprar o certificado falso de vacinação de um médico que trabalha em Nice. Essa prática foi fortemente criticada pelo chefe da UTI de Garches.
“A todos os meus colegas, que prescrevem certificados de vacinação falsos, quero dizer que eles estão prestando um péssimo serviço aos seus pacientes e que os estão traindo!”, denunciou.
Procurado, o médico de Nice afirma que sua carteira profissional foi roubada. O assessor de imprensa do prefeito de Nice confirmou informação e disse que uma queixa foi dada “contra um centro de saúde da cidade que teria emitido centenas de passaportes sanitários falsos nos últimos meses. Uma investigação foi aberta.
O caso não é isolado. Desde meados do ano, o passaporte sanitário comprovando a vacinação é exigido na França para exercer várias profissões e para frequentar diverso locais locais públicos.
A Previdência Social francesa identificou cerca de 36.000 códigos QR de vacinação fraudulentos no final de setembro.
No serviço do doutor Djillali Annane, há “pelo menos um outro paciente sem anticorpos, que tem uma forma grave e continua relatando ter sido vacinado”.
O médico insiste na necessidade de os pacientes informarem os profissionais de saúde sobre a verdadeira situação vacinal para ajudar na decisão do tratamento adequando a ser implementado.
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g1
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