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Clínica de SP em que mulher trans morreu em incêndio é interditada 3 meses depois

Três meses após a jovem Lorena Muniz morrer em um incêndio na clínica em que faria uma cirurgia de implante de silicone na cidade de São Paulo, os

Clínica de SP em que mulher trans morreu em incêndio é interditada 3 meses depois
Clínica de SP em que mulher trans morreu em incêndio é interditada 3 meses depois

Redação Publicado em 21/05/2021, às 00h00 - Atualizado às 07h44


Defensoria apura outras denúncias de negligência

Três meses após a jovem Lorena Muniz morrer em um incêndio na clínica em que faria uma cirurgia de implante de silicone na cidade de São Paulo, os responsáveis pelo local ainda não prestaram esclarecimentos à prefeitura sobre as condições de funcionamento do espaço nem repassaram o prontuário da paciente. Na última terça (18), a vigilância sanitária municipal determinou a interdição total do local.

Desde a morte da mulher trans de 25 anos, em 22 de fevereiro, a Defensoria Pública de São Paulo foi procurada por outras três pacientes da mesma equipe médica. Após uma reportagem do G1 mostrar denúncias de outras mulheres trans,a Defensoria foi contatada por pacientes que relataram situações de negligência médica.

Os responsáveis pelo espaço em que a cirurgia de Lorena seria realizada, a Clínica Saúde Aqui, na região central de São Paulo, não responderam a diversas tentativas de contato da Prefeitura de São Paulo.

A vigilância sanitária municipal solicitou acesso ao prontuário da vítima e pediu esclarecimentos sobre as circunstâncias de funcionamento do estabelecimento desde 23 de fevereiro, mas não obteve resposta, mesmo após chamamento via Diário Oficial.

Em uma fiscalização, a vigilância constatou que outra empresa de serviços de saúde estava em funcionamento no local após o incêndio, utilizando uma razão social e um CNPJ diferentes, o que não era autorizado pela prefeitura.

Na última terça (18), após diversas tentativas de contato, os representantes da empresa compareceram à sede da vigilância Unidade de Vigilância em Saúde (UVIS) para uma reunião com as autoridades sanitárias.

No entanto, nem as documentações nem os esclarecimentos solicitados foram apresentados, segundo a prefeitura.

“Foi solicitada a prorrogação de prazo para a entrega desses documentos, o que não foi atendido pelas autoridades. Com isso, foi lavrado um termo de interdição total de estabelecimento e a empresa foi proibida de exercer as atividades para qual se encontra licenciada”, disse a prefeitura em nota.

Procurado pelo G1, o advogado da clínica Saúde Aqui declarou que a empresa apenas cedeu espaço e material cirúrgico para a operação, mas que o procedimento seria feito pela equipe médica da Clínica Paulino Plástica Segura, com sede em Taboão da Serra, na Grande São Paulo.

A equipe médica responsável pela cirurgia de Lorena Muniz e ligada a Paulino de Souza é alvo de um inquérito policial e de diversos processos judiciais movidos por outras mulheres, como mostrou reportagem do G1 em abril.

Relatos à Defensoria

Até o momento, uma paciente da equipe médica responsável pela cirurgia de Lorena foi atendida pela Defensoria Pública de São Paulo, segundo a defensora Isabela Brandão, que coordena o Núcleo Especializado de Defesa da Diversidade e da Igualdade Racial. Outros dois relatos estão em processo de agendamento.

“Conseguimos fazer o atendimento de uma pessoa e temos mais duas que entraram em contato com a Defensoria Pública. Estamos negociando o contato para o atendimento dessas outras duas. Até o momento, foi realizado oficialmente um atendimento, de uma pessoa que passou por essa clínica, fez cirurgia de implante de prótese bilateral de silicone e sofreu diversas complicações”, afirma a defensora Isadora Brandão.

Segundo Brandão, a vítima contou que fez a cirurgia e sofreu complicações porque os pontos não foram bem feitos e o corte não foi suturado.

A vítima reclamou que o ferimento ficou parcialmente aberto e demorou para cicatrizar. Depois, ela descobriu que recebeu um implante de volume diferente do que tinha solicitado e de uma marca diferente da que havia sido combinada.

“Acreditamos que o caso de Lorena Muniz não seja isolado. Como muitas dessas meninas estão em situações precárias, elas acabam tendo uma dificuldade maior de entrar em contato com a Defensoria, até mesmo por receio. Estamos disponíveis para colher depoimentos e mais informações sobe o modus operandi dessa clínica”, afirma a defensora.

A partir desses relatos, a Defensoria Pública busca entender as condições dos procedimentos realizados, como foi feito o agendamento da cirurgia, se foram realizados exames prévios, se a clínica contava com estrutura adequada e qual foi o resultado do procedimento.

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G1

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