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Ciro diz que ‘Brasil não aguenta mais um presidente fraco, que tenha que consultar seu mentor’

O candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes, disse em entrevista ao G1 e à CBN, nesta quarta-feira (19), que "o Brasil não suporta mais um presidente fraco,

Ciro diz que ‘Brasil não aguenta mais um presidente fraco, que tenha que consultar seu mentor’
Ciro diz que ‘Brasil não aguenta mais um presidente fraco, que tenha que consultar seu mentor’

Redação Publicado em 19/09/2018, às 00h00 - Atualizado às 17h16


Candidato do PDT à Presidência foi entrevistado pelo G1 e CBN. Ele também falou sobre a proposta de mudar a política de preços da Petrobras.

O candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes, disse em entrevista ao G1 e à CBN, nesta quarta-feira (19), que “o Brasil não suporta mais um presidente fraco, um presidente sem autoridade, um presidente que tenha que consultar o seu mentor”, em referência ao PT.

O pedetista ficou estável na última pesquisa Ibope, com 11%, e viu Fernando Haddad (PT) ultrapassá-lo e se isolar na segunda colocação com 19%, atrás de Jair Bolsonaro (PSL), com 28% (veja os números completos da última pesquisa Ibope).

Ciro falou sobre o convite para ser vice na chapa que era encabeçada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O PT chegou a registrar a candidatura de Lula, mas ela foi barrada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com base na Lei da Ficha Limpa. O partido, então, trocou o nome de Lula pelo de Fernando Haddad, que havia sido registrado como vice, em 11 de setembro.

Ciro Gomes fala sobre diferenças com Haddad e critica o PT

Ciro Gomes fala sobre diferenças com Haddad e critica o PT

“O Lula, via Dilma Rousseff, via Roberto Requião, via Gleisi Hoffmann, me cercou por todos os lados para eu aceitar ser o vice dele de araque. Porque, todo mundo sabia, como eu cansei dizer, que era uma enganação do PT, que não iam deixar o Lula ser candidato. E, se eu aceitasse isso, eu seria o sucessor dele. Por que eu não aceito isso? Porque o poder, para mim, é só uma ferramenta de fazer as coisas acontecerem. O Brasil não suporta mais um presidente fraco, um presidente sem autoridade, um presidente que tenha que consultar o seu mentor”, afirmou.

Ciro falou sobre a eleição de Dilma Rousseff, “em cima da popularidade do Lula”. Para ele, apesar da boa intenção, ela não tinha experiência nem maturidade política. Ele também disse que Haddad “aceitou desempenhar um papel que o diminui profundamente”.

O presidenciável Ciro Gomes (PDT) — Foto: Marcelo Brandt/G1

O presidenciável Ciro Gomes (PDT) — Foto: Marcelo Brandt/G1

Ciro Gomes foi o décimo presidenciável a participar da série de entrevistas do G1 e da CBN com os candidatos à Presidência. Os presidenciáveis são entrevistados pelos jornalistas Cláudia Croitor e Renato Franzini, do G1, Milton Jung e Débora Freitas, da CBN, e pelo comentarista Gerson Camarotti, do G1 e da CBN.

Ex-governador do Ceará e ex-prefeito de Fortaleza, Ciro Gomes já foi deputado federal e está no sétimo partido desde que entrou para a política. Atual vice-presidente do PDT, foi ministro da Fazenda entre setembro de 1994 e janeiro de 1995, período final do governo Itamar Franco e início do governo Fernando Henrique Cardoso.

Advogado, Ciro também foi ministro da Integração Nacional, entre janeiro de 2003 e março de 2006, no primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva.

A eleição presidencial de 2018 será a terceira tentativa de Ciro Gomes de chegar ao Palácio do Planalto. Ele concorreu nas eleições de 1998 e de 2002 pelo PPS, mas em nenhuma das duas disputas chegou ao segundo turno.

Crítica ao voto útil

Ciro Gomes fala sobre crescimento de Haddad nas pesquisas

Ciro Gomes fala sobre crescimento de Haddad nas pesquisas

Ciro também criticou o voto útil no 1º turno, dizendo que o eleitor deve optar pelo “menos ruim” no 2º turno. “Não transfira o seu voto, a sua decisão, o destino da sua família, do seu país para instituto de pesquisa. Um cidadão consciente vota e procura escolher o melhor. Nós temos dois turnos, por que pressa? Porque não decidimos votando com tranquilidade no melhor e depois a gente tem o segundo turno para escolher o ‘menos ruim’ se o seu predileto não for para o 2º turno.”

Sobre a declaração de Haddad em entrevista ao G1 e à CBNde que contava com o apoio de Ciro num eventual 2º turno, o entrevistado classificou como “inexperiência” ou “arrogância” do petista. “Ele está se precipitando como uma demonstração a mais de inexperiência ou de arrogância. A ‘petezada’ também costuma cultivar uma certa arrogância, uma certa superioridade. Eu não sei de onde eles tiraram isso, eles já se acham vitoriosos, já se acham no segundo turno.”

O candidato do PDT disse que é “diferente em tudo” de seu adversário petista. Ciro diz que quer fazer reformas profundas que o PT teve 13 anos para fazer e não fez, como reforma na segurança pública e no sistema previdênciário.

“Fui o governador melhor avaliado do país, sai com 78%, 74% de aprovação. O Haddad saiu [da prefeitura] de São Paulo com 3% de aprovação. Isso diz uma coisa, isso não deprecia o Haddad. É uma pessoa por quem eu tenho estima, tenho respeito”, afirmou Ciro.

Preços da Petrobras

Ciro Gomes fala sobre política de preços de combustíveis e Petrobras

Ciro Gomes fala sobre política de preços de combustíveis e Petrobras

Ciro disse que se eleito, “vai proteger o Brasil de preços internacionais de petróleo”. Segundo ele, os valores deveriam ser estáveis, independentemente do câmbio da taxa de câmbio e de especulações internacionais.

“Eu vou trocar a política de preços da Petrobras. A política de preços da Petrobras vai ser: custo brasileiro em real mais a rentabilidade que ela precisa ter para amortizar o capital, pagar as suas dívidas e reinvestir.”

Questionado se ele não está usando as mesmas justificativas de Dilma para defender a intervenção nos preços, Ciro disse que a comparação o ofende. “Não me compare com a Dilma porque isso me ofende. Porque a Dilma não tinha, simplesmente, rumo.”

Segurança pública

Ciro Gomes fala sobre segurança no Ceará e propostas contra violência

Ciro Gomes fala sobre segurança no Ceará e propostas contra violência

Questionado por um ouvinte se pretende levar a situação da segurança do Ceará para o resto do país, Ciro Gomes admitiu que o estado não conseguiu combater o avanço da criminalidade. “Nosso padrão lá não vai bem. Mas eu explico para as pessoas, não é por omissão. Todo o manual do que fazer nós fizemos. E ainda assim o efeito não foi bom”, afirmou.

Ciro disse que, desde o seu governo, o Ceará triplicou o efetivo da Polícia Militar, multiplicou salários, fez uma academia nova, fez toda uma rede prisional nova, mas não adiantou. Segundo ele, a violência no estado pode ser explicada pela atuação de facções criminosas, que fizeram do local um importante entreposto de drogas. “As autoridades locais não têm capacidade resolver isso”, afirmou. Para ele, o enfrentamento deve ser iniciativa do governo federal.

O presidenciável Ciro Gomes (PDT) — Foto: AP

O presidenciável Ciro Gomes (PDT) — Foto: AP

Carga tributária

Ciro Gomes fala sobre reforma tributária e subsídio ao diesel

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Ciro falou sobre a proposta de criar um imposto chamado IVA, imposto sobre valor agregado, no lugar de cinco taxas: ICMS (estadual), IPI (federal), ISS (municipal), contribuição social sobre lucro líquido da União e parte do PIS-Cofins. Segundo ele, haveria uma transição de 30 anos para implementação total do novo tributo. “Isso não pode ser feito do dia para noite, porque São Paulo perde Receita.”

Em vez de oferecer isenções de impostos sobre produtos da cesta básica, Ciro Gomes propôs criar um “vale” para que os mais pobres possam receber de volta o IVA pago sobre estes produtos. “Ele recebe de volta aquele tributo que ele pagou de maneira que, para os ricos, a gente possa cobrar [impostos] mais progressivamente.”

O candidato do PDT também falou sobre diminuir os impostos sobre os salários e sobre o consumo da população mais pobre. Segundo ele, a compensação aconteceria com cobrança de impostos sobre lucros e dividendos e sobre heranças acima de R$ 2 milhões. “Por fim, vou passar o pente-fine nas renúncias fiscais”, afirmou.

Pinga-fogo

Parte 8: Ciro Gomes responde a perguntas do ‘pinga-fogo’

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Vai limitar a entrada de venezuelanos no país?

Não

É a favor do financiamento exclusivamente público de campanha?

Não agora, não está na hora de o Brasil fazer o que fez. O financiamento nós temos que discutir generosamente, mas neste momento de sacrifício é uma contradição bastante grave que a gente tenha feito o que fez.

É a favor da prisão após condenação em segunda instância?

Desde que mude a Constituição. A Constituição brasileira hoje garante quatro graus de jurisdição, e é uma aberração que alguém que tem direito a dois recursos ainda seja de forma absolutamente incorrigível e irreparável já recolhido às consequências da pena. Se ele puder ser absolvido na terceira, quem vai reparar isso?

É a favor da adoção de crianças por casais homossexuais?

Não quero responder.

Vai diminuir o número de ministérios?

Vou.

É a favor do foro privilegiado para políticos?

Contra desde sempre.

É favorável à taxação de igrejas?

Não.

É a favor da intervenção militar na segurança nos estados, como no Rio?

Claro que não.

É a favor da legalização do aborto em qualquer situação?

Não quero responder.

Ciro Gomes fala sobre programa de “limpar nome” de devedores
Ciro Gomes fala sobre formação de ministérios e enxugamento da máquina pública

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Entrevistas com presidenciáveis

Todas as entrevistas com os candidatos à Presidência serão transmitidas simultaneamente pelo G1 e pela CBN, das 8h às 9h, e contarão com perguntas de leitores do portal e ouvintes da rádio.

No dia 3, o deputado Cabo Daciolo, candidato a presidente pelo Patriota, não compareceu à entrevista marcada na rádio CBN, em São Paulo. Jair Bolsonaro, do PSL, não pode comparecer ao estúdio da CBN nesta quarta (12), onde ocorreria a entrevista, porque continua internado em um hospital se recurando do atentado à faca.

A ordem das entrevistas, definida em sorteio, é:

3/9 – Cabo Daciolo (Patriota) – Não comparaceu

4/9 – Geraldo Alckmin (PSDB)

5/9 – João Amoêdo (Novo)

6/9 – José Maria Eymael (DC)

10/9 – Henrique Meirelles (MDB)

11/9 – Vera Lúcia (PSTU)

12/9 – Jair Bolsonaro (PSL) – convidado para realizar a entrevista em outra data

13/9 – Marina Silva (Rede)

14/9 – João Goulart Filho (PPL)

17/9 – Guilherme Boulos (PSOL)

18/9 – Fernando Haddad (PT) – Lula teve a candidatura indeferida pelo TSE

19/9 – Ciro Gomes (PDT)

20/9 – Alvaro Dias (Podemos)

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