Depois de uma temporada em que não chegou aos playoffs do Campeonato Brasileiro de League of Legends (CBLOL), a FURIA terá uma reformulação na divisão de LoL
Redação Publicado em 11/08/2021, às 00h00 - Atualizado às 10h00
Depois de uma temporada em que não chegou aos playoffs do Campeonato Brasileiro de League of Legends (CBLOL), a FURIA terá uma reformulação na divisão de LoL para 2022. Cofundador da FURIA, Jaime Pádua contou ao ge, em entrevista exclusiva, que o clube irá aprimorar a seleção de atletas, aumentar o investimento na modalidade e privilegiar a aquisição de um treinador brasileiro. Ele também avaliou que a contratação do russo Danil “Diamondprox” “não se pagou”.
Em 2021, a FURIA ficou na 9ª colocação da fase de classificação no 1º Split do CBLOL, com cinco vitórias e 13 derrotas, já tendo o armênio Edward “Edward” como técnico. Para o 2º Split, a organização trouxe Diamondprox, visto como uma contratação de peso devido à importância histórica do atleta para o LoL. Ele, inclusive, jogou ao lado de Edward no passado. Mas a equipe teve um desempenho ainda pior e amargou a lanterna do 2º Split, com quatro triunfos e 14 revezes.
Para Jaime, a escassez de profissionais preparados para o CBLOL, o longo tempo para o desenvolvimento de talentos e a seleção de membros para a equipe explicam os insucessos da temporada.
Ele destacou que a FURIA tem a filosofia de apostar em novos jogadores, mas que o trabalho para desenvolvê-los é demorado.
— Se fizermos o que todo mundo faz, vamos ter os mesmos resultados. Não gostamos dessa filosofia. Gostamos de fazer a diferença, quebrar paradigmas, trazer gente nova para o cenário. Diferente de outros jogos, a curva de aprendizado de um MOBA é muito longa. É de três, quatro, cinco anos. Dificilmente vamos ter um jogador de alto nível no CBLOL formado em um ano, seis meses — disse o dono da FURIA em entrevista ao ge.
— O Brasil é muito escasso de talentos em todas as áreas no League of Legends: jogadores, treinadores, comissão técnica, managers. Com dez equipes às vezes brigando por três ou quatro jogadores de uma posição, acaba que você não tem um cenário propício ao desenvolvimento de todas as equipes.
— Dado esse tempo de aprendizado e a escassez de talentos prontos e preparados para jogar no mercado brasileiro, tivemos dificuldade na seleção de atletas. Ficamos reféns das poucas opções que tínhamos — analisou Jaime sobre a definição do elenco para 2021, fazendo questão de salientar que não faltou dedicação dos jogadores escolhidos — Eles trabalharam bastante. Acontece que, em uma equipe esportiva, às vezes as coisas não se encaixam.
O executivo alegou ainda que, após a aquisição da Uppercut em dezembro de 2019, a organização está levando mais tempo do que a diretoria esperava para implantar a cultura da FURIA na divisão de LoL.
— A Uppercut trouxe várias coisas positivas e pessoas muito boas. O problema é o DNA de performance que não era o mesmo do nosso. São filosofias e métodos de trabalho diferentes. Estamos tentando mudar um pouco isso, mas nós reconhecemos nossa responsabilidade na seleção das pessoas, dos atletas, dos treinadores.
Questionado se, olhando para trás, a contratação de Diamondprox teria sido um erro, o cofundador da FURIA respondeu:
— Eu não considero um erro. Foi uma aposta que não se pagou. É um jogador com experiência internacional, porém em uma função em que a barreira de linguagem é muito grande. Como caçador, uma posição de shotcalling, é difícil ter um cara que fala russo, ter que traduzir para o inglês e esse inglês ter de ser traduzido para o português. Existe uma barreira que dificulta a comunicação mais rápida e clara. Foi muito mais uma dupla barreira de idioma do que pela performance em si.
Na reta final da fase de classificação do 2º Split, a FURIA ainda tentou uma medida desesperada, colocando o treinador Edward para jogar como suporte, na tentativa de facilitar a comunicação, apostando no entrosamento dele com Diamondprox. Mas não deu certo: de sete partidas com o armênio jogando, a FURIA venceu duas e perdeu cinco.
Para 2022, a comunicação será uma das preocupações da FURIA na montagem do elenco e da comissão técnica, segundo Jaime. Ele disse que o clube ainda não decidiu se continuará tendo estrangeiros, mas que o foco será melhorar a comunicação.
— Vamos querer diminuir as barreiras de linguagem. Quanto mais simples conseguirmos deixar, seja investindo em mais aulas de inglês ou criando um cenário mais propício para uma comunicação mais eficiente, principalmente nas posições de shotcalling, melhor.
Inclusive, Jaime quer que o cargo de treinador-chefe, hoje pertencente a Edward, seja ocupado por um brasileiro.
— Para o próximo split eu gostaria que, da comissão técnica, pelo menos o comandante dela fosse brasileiro. Por ser uma função muito importante, a barreira de idioma não pode ser grande.
Jaime disse que a FURIA está em “período de reestruturação” e que, para 2022, o investimento no LoL será maior, tanto para acelerar o desenvolvimento de talentos quanto para bancar jogadores de mais renome.
— O que combina mais com a filosofia da FURIA é o desenvolvimento de talentos. Felizmente, em 2022, já vamos ter talentos mais preparados para jogar o CBLOL. Óbvio que, se percebermos alguma oportunidade de um jogador que esteja dentro do perfil que procuramos para a FURIA e que possa agregar ao nosso projeto, estaremos dispostos a fazer esse tipo de investimento.
Para Jaime, a prova de que a aposta no desenvolvimento de atletas pode dar certo é a performance da equipe B da FURIA, que terminou em 2º lugar no 1º Split do CBLOL Academy e que está nas semifinais do 2º Split. A FURIA Academy derrotou a RED Canids Kalunga por 3 a 0 nas quartas de final, após avançar aos playoffs com a quarta melhor campanha da fase de classificação.
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Fontes: Ge – Globo Esporte.
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