Diário de São Paulo
Siga-nos

Brasil passa no teste pós-Rio 2016, tem ciclo esportivo quase perfeito, mas ainda convive com problemas

O Brasil passou no difícil teste de aguentar um ciclo olímpico/paralímpico após sediar os dois grandes eventos. Encerrada a Rio 2016, o investimento público

BRASIL
BRASIL

Redação Publicado em 06/09/2021, às 00h00 - Atualizado às 11h30


O Brasil passou no difícil teste de aguentar um ciclo olímpico/paralímpico após sediar os dois grandes eventos. Encerrada a Rio 2016, o investimento público no esporte caiu quase pela metade, o país viu a crise econômica se agravar, e a pandemia deixou os atletas com dificuldade de treinar por meses. Apesar de tudo isso, o país se despede do inédito ciclo de cinco anos (2016 a 2021) com a melhor campanha da história nos quatro grandes eventos realizados no período.

JOGOS PAN-AMERICANOS DE 2019 – 54 🥇45🥈70🥉= 169
JOGOS PARAPAN-AMERICANOS DE 2019 – 124 🥇99🥈 85🥉 = 308
JOGOS OLÍMPICOS DE 2021 – 7 🥇 6🥈 8 🥉= 21
JOGOS PARALÍMPICOS DE 2021 – 22🥇20🥈30🥉 = 72

Desde o fim do ciclo da Rio 2016, houve uma queda de quase 50% no investimento público no esporte olímpico de alto rendimento, principalmente após o fim do Ministério do Esporte em 2018 e a diminuição do montante das estatais no esporte.

Pódio Yeltsin — Foto: Rogerio Capela/CPB

Pódio Yeltsin — Foto: Rogerio Capela/CPB

Com a crise econômica agravada nos últimos cinco anos e a pandemia atrapalhando a reta final da preparação olímpica e paralímpica do Brasil para Tóquio, seria aceitável que o desempenho nas principais competições sofresse um baque. Mas o que aconteceu foi o contrário, com recordes históricos em Tóquio.

Não há um único fator que explique o bom rendimento brasileiro nos últimos cinco anos. Desde o uso melhor dos recursos, que é uma consequência de uma renovação política no esporte brasileiro, até o claro mérito dos atletas, passando pelos centros de treinamentos (o paralímpico gigantesco e de primeiro mundo, e o olímpico cada vez mais desenvolvido) e um trabalho muito bom na área da ciência do esporte, com comissões cada vez mais completas (psicólogo, médicos, nutricionistas, bio-mecânicos etc).

CT do Time Brasil, no Maria Lenk — Foto: Rafael Bello/COB

CT do Time Brasil, no Maria Lenk — Foto: Rafael Bello/COB

O esporte olímpico e paralímpico vivem momentos distintos. Enquanto nas Olimpíadas o Brasil, apesar da melhor campanha da história, ainda não é uma potência olímpica (foi 12º no quadro geral), quando o assunto é Paralimpíada, podemos afirmar: somos uma potência, afinal, já são quatro edições seguidas no top 10 do quadro.

Os grandes resultados, porém, vieram tanto no esporte olímpico como no paralímpico por conta de dois grandes fatores: o aumento da quantidade de medalhas das mulheres (nas Olimpíadas, de cinco para nove, e, nas Paralimpíadas, de 19 para 26) e o maior leque de esportes no pódio (13 nas Olimpíadas e 14 nas Paralimpíadas). E, em ambos os casos, tivemos um aumento muito considerável de medalhas vindas de atletas do Nordeste, região que até o início desde século tinha menos tradição no esporte olímpico/paralímpico.

Carol Santiago exibe as cinco medalhas conquistadas em Tóquio — Foto: Ale Cabral / CPB

Carol Santiago exibe as cinco medalhas conquistadas em Tóquio — Foto: Ale Cabral / CPB

É importante falar que uma geração para Paris está sendo formada. Nomes jovens se destacaram já em 2021, como foram os casos dos boxeadores Hebert Conceição, Abner Teixeira, o nadador Fernando Scheffer, o corredor Alison dos Santos e a tenista Luisa Stefani. Nas Paralimpíadas, o mesmo caminho foi seguido com Gabriel Araujo, Cecília Araujo e Wendel Belarmino (natação), Mariana D´Andrea (halterofilismo) e Thomaz Moraes (Atletismo).

Claro que nem tudo está perfeito, longe disso. Apesar dos resultados, há muita coisa para se melhorar. Por exemplo, o Brasil atingiu apenas 51 finais nas Olimpíadas de Tóquio, um número bem menor do que os 75 obtidos na Rio 2016. Fora das quatro linhas, o país segue como uma das nações com mais casos de doping no mundo. E esses casos, em muitas vezes, estão mais ligados mais à negligência dos atletas com substâncias que parecem inofensivas e que sequer ajudam o desempenho do que com uma clara trapaça.

Ana Marcela Cunha foi ouro na maratona aquática nas Olimpíadas de Tóquio 2020 — Foto: Reuters

Ana Marcela Cunha foi ouro na maratona aquática nas Olimpíadas de Tóquio 2020 — Foto: Reuters

Ainda há um hiato entre a base e os atletas já consagrados. Se o país tem um grupo de centenas de atletas que são contemplados com uma estrutura de primeiro mundo, os mais jovens ainda sofrem com descaso e poucas oportunidades. Aqueles que ainda não atingiram um patamar de ser top 20 do mundo em sua modalidade têm poucos recursos para se apoiarem e subirem um degrau na carreira.

Isaquias Queiroz C1 1000m Tóquio 2020 — Foto: Miriam Jeske/COB

Isaquias Queiroz C1 1000m Tóquio 2020 — Foto: Miriam Jeske/COB

Pensando em Paralimpíadas, ainda há uma defasagem gigantesca do país em esportes e modalidades em cadeira de rodas, em que o país só foi ao pódio na esgrima. E as duas únicas modalidades que o Brasil sequer conseguiu a vaga em Tóquio foram o basquete e o rugby, as duas em cadeira de rodas. E é necessário ainda um investimento maior em modalidades que dão muitas medalhas, e o Brasil não tem tanto êxito, casos do ciclismo e halterofilismo.

O sarrafo para Paris subiu, e o Brasil tem para onde crescer, já que o esporte ainda vive diversos problemas.

Guilherme Costa Brasil em Tóquio blog — Foto: Reprodução

Guilherme Costa Brasil em Tóquio blog — Foto: Reprodução

.

.

.

Fontes: Ge – Globo Esporte.

Compartilhe  

últimas notícias