A constatação de arritmias cardíacas em quem teve o Covid-19 não é um evento raro. Mesmo nas infecções leves, a porcentagem de presença de arritmias chega até cerca de 20% de todos os casos. Por razões ainda não esclarecidas, os atletas e esportistas tiveram bem menos arritmias do que a população sedentária e do que aquela com comorbidades como diabetes, hipertensão e obesidade. Sem dúvida, é mais um motivo para se manter ativo, praticando exercícios físicos e fugindo do sedentarismo. Mas como saber se a pessoa que teve Covid está tendo arritmias? E quanto tempo esperar até retomar a prática esportiva após o coronavírus?

É muito simples: começando pela consulta clínica e complementando com o eletrocardiograma comum. Porém, é importante que haja um laudo de um médico cardiologista, não dá para confiar naquele laudo automático que é dado por alguns aparelhos de registro de eletrocardiograma. Insistimos que temos que ter a análise do cardiologista.

O problema é decorrente de uma inflamação do músculo do coração, o miocárdio (miocardite), ou de sua capa, o pericárdio (pericardite), em função de infecção e inflamação por qualquer vírus, desde o da gripe comum, a influenza, até a do Covid-19. Em caso de virose, essa possibilidade sempre deve ser investigada.

As arritmias mais comuns são as extrassístoles ou palpitações de frequência variável nas 24 horas. Para sabermos quais são, usamos o exame chamado de HOLTER, que é o registro de parte de um eletrocardiograma contínuo num “chip” que fica num pequeno gravador ligado por eletrodos, fixados no tórax do paciente.

Quando a quantidade de extrassístoles ultrapassa duas mil nas 24 horas nessa gravação ou se foram registradas arritmias perigosas, chamadas de complexas, como as taquicardias ventriculares, iniciamos medicações próprias antiarrítmicas, antivirais e anti-inflamatórias; e, se necessários, serão indicados procedimentos intervencionistas hospitalares.

É importante não se automedicar, e sim esclarecer a origem e as complicações para se tentar a cura ou pelo menos a redução dos riscos cardiovasculares. Hoje temos até implante de desfibriladores internos (CDI) que permitem até mesmo a um esportista praticar esportes que não sejam de contato ou de risco de traumas, quando surgem arritmias complexas.

Em face destas possibilidades, recomendamos a todas as pessoas que tiveram Covid-19 de qualquer grau e mesmo outras viroses, que façam uma consulta clínica depois de 30 a 45 dias dos primeiros sintomas, para só depois disso recomeçar suas atividades esportivas.

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Fonte: GE – Globo Esporte.