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Vacina contra crack pode ser a chave para combater a Cracolândia, defende deputado

Rafa Zimbaldi explicou sobre a pesquisa na CPI da Epidemia do Crack; entenda

Vacina contra crack pode ser a chave para combater a Cracolândia, defende Rafa Zimbaldi - Imagem: reprodução Twitter

Vitória Tedeschi Publicado em 14/06/2023, às 15h50

A vacina Calixcoca que está sendo desenvolvida por pesquisadores brasileiros na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e prestes a ser testada em humanos, vem gerando grande expectativa e pode ser a chave para ajudar no combate à Cracolândia, no centro de São Paulo.

É o que defende o deputado estadual Rafa Zimbaldi (Cidadania), que quer que o idealizador do imunizante, o médico Frederico Garcia, fale na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), para explicar sobre os estudos realizados até então que comprovam a eficácia do fármaco contra o vício por crack e da cocaína.

O também professor do Departamento de Saúde Mental da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), onde a vacina promissora vem sendo desenvolvida, recebeu um convide de Zimbaldi para compartilhar informações sobre o imunizante na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Epidemia do Crack.

Vale mencionar que essa comissão foi criada recentemente para discutir o impacto do crack, do K9 e da cocaína, entre outras drogas, nos municípios paulistas.

Ainda sobre a presença do médico, de acordo com o deputado do Cidadania, o objetivo é que ele fale sobre os avanços do imunizante, que, uma vez aprovado para uso em humanos, pode ser importante instrumento de combate à Cracolândia, que fica na região do centro de São Paulo e abrange a população em situação de rua com dependência química, principalmente, de crack.

O crack, a cocaína e outras drogas correlatas resultam num problema não só de saúde pública, mas, também, de segurança, de assistência social e de direitos humanos. O maior símbolo dessa triste realidade é a Cracolândia, que perdura há décadas no centro de São Paulo e que está se tornando cada vez mais descentralizada e violenta. Trata-se de um passivo social a ser solucionado pelo poder público. Vejo a (vacina) Calixcoca como um caminho viável", analisa Zimbaldi.

O deputado também citou a fase atual dos testes da nova vacina, a pré-clínica, que é responsável por testar sua eficácia em ratos.

"Nos testes realizados até o momento, os anticorpos produzidos pela Calixcoca criaram, a partir de uma molécula sintética, uma barreira, que impediu que a cocaína fosse levada pelo sangue para o sistema nervoso central. Essa é uma ótima notícia, uma vez que a vacina interrompe o mecanismo que provoca a compulsão pela droga", adianta Zimbaldi.

Ele ainda lembrou que em paralelo, os impactos positivos do medicamento motivaram o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), a anunciar uma parceria para o desenvolvimento integrado da Calixcoca:

"Nosso dever é trabalhar para ajudar quem se afunda nesse vício e prejudica suas famílias, a própria vida e a sociedade como um todo. Além do doutor Frederico (Garcia), representantes de comunidades terapêuticas devem ser ouvidas na Alesp sobre este problema tão grave para o País", complementa Zimbaldi, que também integra a Comissão de Segurança Pública da Alesp.

Saiba mais sobre a vacina conta o crack

Brasileiros criam vacina contra crack e cocaína; veja como funciona / Imagem: Canva

Uma vacina que está sendo desenvolvida por pesquisadores brasileiros na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) promete tratar a dependência da cocaína e de seus derivados, como o crack, e vem tendo bons resultados.

De acordo com o Metrópoles, em estudos desde 2015, o medicamento, chamado de Calixcoca, já passou por testes pré-clínicos com ratos, nos quais foi observada a produção de anticorpos anticocaína no organismo dos animais, o que é positivo.

Isso porque, a terapia conseguiu fazer com que o sistema imune produzisse anticorpos que se ligam à cocaína ao transformar a droga em uma molécula grande incapaz de romper a barreira hematoencefálica e, portanto, de entrar no cérebro.

A vacina impediu a ação da droga sobre a placenta e o feto. Observamos menos complicações obstétricas, maior número de filhotes e maior peso do que nas não vacinadas", afirma, em comunicado dilvulgado pelo R7, o professor e pesquisador responsável pelo trabalho, Frederico Garcia, do Departamento de Saúde Mental da Faculdade de Medicina da UFMG.

Além disso, a vacina conseguiria evitar casos, por exemplo, de bebês de mães dependentes que também nascem dependentes químicos.

Agora, o projeto busca recursos para iniciar estudos em humanos e foi selecionado como finalista do Prêmio Euro Inovação na Saúde, que reconhece grandes avanços nessa área.

"Até então, esse projeto foi inteiramente desenvolvido com recursos governamentais. Para restaurar a liberdade das pessoas com dependência e prevenir as consequências fetais precisamos dar início aos estudos em humanos. Acreditamos que o Prêmio Euro pode viabilizar esse sonho", finaliza Frederico Garcia.

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