Número de candidatos em Jundiaí cai ao menor patamar em duas décadas

A disputa pelas 19 cadeiras da Câmara Municipal de Jundiaí, em 2024, registra o menor número de candidatos dos últimos 20 anos. Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), apenas 279 pessoas concorrem às vagas este ano, uma queda significativa em comparação com as eleições anteriores. Em 2020, por exemplo, o número de candidaturas foi muito maior, com 465 pessoas concorrendo ao mesmo número de cadeiras. Essa diminuição de 40% é a mais acentuada das últimas duas décadas e, de acordo com especialistas, tem relação direta com mudanças na legislação eleitoral.

A socióloga Erica Regina, pesquisadora da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), atribui essa redução a diversas modificações nas regras eleitorais. Entre as mudanças mais significativas está a criação das federações partidárias, que substituíram as antigas coligações eleitorais. Segundo Erica, essa nova configuração fortalece os partidos, mas limita o número de candidatos que podem ser lançados por cada legenda. "Antes, os partidos formavam coligações temporárias para as eleições, e cada um tinha liberdade para lançar seus próprios candidatos. Agora, com as federações, os partidos se unem de forma mais permanente, mas isso também significa que o número de candidaturas é restrito", explicou.

Outro fator que contribuiu para a queda no número de candidatos foi a fusão de partidos. Nos últimos anos, várias siglas se uniram, resultando em legendas mais fortes e organizadas, mas com menos candidatos representando-as. Erica Regina acredita que essa mudança é reflexo de um processo natural de adaptação às novas regras eleitorais, que visam reduzir a fragmentação partidária no Brasil.

Apesar do número menor de candidatos, a competição por uma vaga na Câmara continua intensa. Com 279 concorrentes disputando 19 cadeiras, há uma média de 14 candidatos para cada vaga. Entre os 19 vereadores atualmente em exercício, 15 buscam a reeleição, o que torna a disputa ainda mais acirrada.

A socióloga também destacou que essa diminuição no número de candidatos não reflete desinteresse da população pela política, mas sim um novo cenário criado pelas reformas eleitorais. "A redução de candidaturas não significa que as pessoas estão menos interessadas em participar da política, mas sim que as novas regras impõem mais barreiras e exigem uma reorganização por parte dos partidos", afirmou.

Conforme os dados do TSE, dos 279 candidatos que se inscreveram para a eleição deste ano, 262 tiveram suas candidaturas aprovadas. Três candidaturas foram indeferidas, e cinco aguardam julgamento. Além disso, sete candidatos renunciaram e um pedido está em fase recursal.