Congelada desde 2020, tarifa de ônibus pressiona cofres municipais e divide candidatos
por Marina Milani
Publicado em 11/09/2024, às 17h26
Congelada em R$ 4,40 desde janeiro de 2020, a tarifa de ônibus em São Paulo continua sendo uma das maiores preocupações dos paulistanos, principalmente com a proximidade das eleições de 2024. Neste cenário, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) optou por não reajustar o valor, em contraste com o aumento das passagens de trens e metrô, que passaram para R$ 5 sob a gestão do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).
O congelamento tarifário, entretanto, tem pressionado os cofres municipais, resultando em um aumento substancial dos subsídios destinados ao sistema de ônibus. Em 2023, a Prefeitura de São Paulo desembolsou R$ 5,6 bilhões em subsídios para cobrir o custo das operações, e até agosto deste ano, o valor já ultrapassa R$ 4,47 bilhões, de acordo com dados da SPTrans. Sem essa compensação, o preço da passagem poderia chegar a R$ 11,62, segundo a empresa municipal.
A SPTrans reforçou que a tarifa de R$ 4,40 é mantida há quatro anos como uma forma de facilitar o acesso ao transporte público. Além disso, o programa "Tarifa Zero" continua garantindo transporte gratuito aos domingos, o que contribui para a inclusão social. A pandemia de Covid-19 também impactou os custos do sistema, com a redução de passageiros e a consequente queda na arrecadação.
Entre os candidatos à Prefeitura, Guilherme Boulos (PSOL) reafirmou que, se eleito, manterá o congelamento da tarifa e revisará os contratos com as empresas de ônibus para reduzir o subsídio, que pode chegar a R$ 6 bilhões. Ele criticou a falta de fiscalização e prometeu uma auditoria rigorosa nos contratos, além de uma expansão gradual da tarifa zero nos bairros, com um custo estimado de R$ 1,5 bilhão ao ano.
Já José Luiz Datena (PSDB) também descartou aumentar a tarifa, mas destacou a necessidade de melhorar a qualidade dos ônibus e a pontualidade dos serviços. O tucano sugeriu ainda revogar o "Domingão Tarifa Zero", criado por Ricardo Nunes, e implementar um "bilhete social" que garantirá gratuidade no transporte para beneficiários do Bolsa Família.
Pablo Marçal (PRTB), por sua vez, não incluiu propostas tarifárias em seu plano de governo registrado, mas sua campanha informou que ele pretende manter a tarifa congelada pelos próximos quatro anos, com uma revisão geral dos contratos da Prefeitura.
Ricardo Nunes (MDB), candidato à reeleição, não garantiu que manterá o valor da tarifa nos próximos anos, mencionando a inflação e os custos do diesel como variáveis importantes. Ele destacou que foi o único prefeito a manter a passagem congelada por quatro anos sem comprometer a responsabilidade fiscal, mas uma reavaliação será necessária.
Tabata Amaral (PSB), por fim, também se comprometeu a manter o congelamento da tarifa, apostando no combate à corrupção e no redesenho das linhas para otimizar os recursos. Ela se mostrou favorável à manutenção da tarifa zero aos domingos, com a criação de linhas especiais para esses dias.
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