Mais de 150.000 crianças indígenas foram vítimas dos abusos das escolas católicas de assimilação da cultura cristã no Canadá
Fernanda Viana Publicado em 25/07/2022, às 17h36
O Papa Francisco viajou até o Canadá nesta segunda-feira (25) para pedir desculpa em nome da Igreja Católica pelos abusos cometidos contra indígenas.
Em meio a multidão, muitos usavam a cor laranja, símbolo da sobrevivência ao internato. A origem vem da história de uma menina que usava sua blusa laranja favorita, presente de sua avó, e a teve confiscada e trocada por um uniforme no internato religioso.
“Vim à sua terra para lhes contar pessoalmente a minha dor, implorar o perdão, a cura e a reconciliação de Deus, para expressar minha proximidade e rezar com vocês e por vocês”, disse o Papa Francisco.
O chefe Randy Ermineskin da Nação Ermineskin Cree, um dos anfitriões do evento, recebeu o papa pessoalmente e fez um balanço da importância histórica do dia.
“Meus familiares falecidos não estão mais aqui conosco, meus pais foram para a escola residencial, eu fui para a escola residencial”, disse ele à Associated Press, vestido com um tradicional cocar cree de penas. “Eu sei que eles estão comigo, eles estão ouvindo, eles estão assistindo.”
A presença do lider católico para o evento levantou sentimentos mistos pela comunidade indígena, como relata o chefe Greg Desjarlais da Frog Lake First Nation - um sobrevivente da escola -, no norte de Alberta.
As descobertas de centenas de potenciais cemitérios em antigas escolas no ano passado chamaram a atenção internacional para o legado das escolas no Canadá e suas contrapartes nos Estados Unidos.
Cerca de 150.000 crianças indígenas foram separadas de suas famílias e obrigadas a estudar nas escolas cristãs financiadas pelo governo em um esforço para isolá-las de suas culturas nativas e assimilá-las à sociedade cristã do Canadá.
Acredita-se que neste período mais de 150 mil crianças passaram por esses internatos, onde muitas foram vítimas de violência física e sexual e cerca de 5 mil morreram nos institutos que funcionaram do século 19 até a década de 1970.