De Olho na Cidade, por Fábio Behrend

Sem Mell nem Xexéu, Marçal pra variar e os candidatos que só precisam de 1 voto

Xexéu Trípoli - Imagem: Reprodução | X (Twitter)

Fábio Behrend Publicado em 30/08/2024, às 06h00

100 mil votos

É o que pode perder a chapa do União Brasil com as desistências de Xexéu Trípoli e Luisa Mell da eleição para vereador. A influenciadora já havia anunciado o recuo semana passada e o vereador, que concorreria ao terceiro mandato, confirmou à coluna que está fora da disputa. Xexéu não está no Brasil e alegou motivos pessoais para desistir. “A vida prega peças”, escreveu no Whatsapp. Com os desfalques, o partido que esperava fazer até 7 vereadores pode ficar com no máximo 5, segundo o “calculador de bancadas”, Maurício Martins.

Questão de perfil

Desde a redemocratização, São Paulo só elegeu um candidato sem marca registrada, tipo bom moço,  moderado, gentil, forjado para o cargo e sem ligações com extremos políticos: o saudoso Bruno Covas, vítima de câncer meses depois de eleito. Todos os outros tinham alguma característica forte que lhes conferia mudança, segurança, modernidade, coragem, rebeldia ou, no caso de Jânio Quadros, uma segunda chance. Erundina, primeira mulher e nordestina. Maluf, do “rouba, mas faz”. Celso Pitta, o primeiro negro. Marta Suplicy, a sexóloga de esquerda. José Serra, mal humorado e competente. Kassab, da Lei Cidade Limpa. Haddad, o professor guitarrista e descolado. Dória, o gestor bem sucedido e preparado.

Ao quadrado

Pablo Marçal tem todas essas características, mas vai além. Tem ficha criminal, ficou milionário vendendo até prosperidade, é bom de papo, rápido no gatilho, agressivo, debochado, assertivo, chegado numa fake news, cara de pau e sabe usar como ninguém a ferramenta mais poderosa e versátil da comunicação em todos os tempos: o smartphone. Fico aqui imaginando o que diria Ricardo Boechat sobre Marçal...

Para derrotá-lo...

... parece que só há um jeito. A Justiça. Na esfera eleitoral ele precisa explicar quem pagou a conta de todos os impulsionamentos que fez antes e durante o início da campanha. Na esfera criminal, tem gente próxima supostamente ligada ao crime organizado. Quanto ao passado criminoso, parece que o eleitorado não liga pra isso. É sobre essa esperança, baseada nas possibilidades judiciais, que estão debruçados os times de campanha de todos os outros candidatos. 

Fundão eleitoral

Edir Sales, vereadora candidata à reeleição e a dupla Silvinho e Silvão, que têm a missão de suceder Milton Leite na Câmara Municipal, são até agora os recordistas no recebimento de verbas do fundo eleitoral. Edir recebeu quase R$ 2,3 milhões do PSD e a dupla de assessores apadrinhada pelo cacique do União Brasil, R$ 950 mil cada um.

De arromba

Na última semana algumas festas de lançamento de candidaturas à vereança, realizadas com grande público, pompa e circunstância, chamaram a atenção pela produção caprichada. Pareciam festas para prefeitos ou governadores. Candidatos à reeleição, Rubinho Nunes lotou a Casa de Portugal, Sandra Tadeu um grande salão de festas e Sandra Santana, uma quadra de escola de samba.

Já ganharam

Os candidatos a prefeito (a) das cidades paulistas de Alambari, Ariranha, Avaí, Balbinos, Batatais, Boa Esperança do Sul, Borá, Cândido Mota, Cruzália, Fernando Prestes, Guaraci, Holambra, Inúbia Paulista, Iperó, Jaborandi, Jumirim, Lutécia, Magda, Nuporanga, Oriente, Orindiúva, Piquerobi, Ribeirão Grande, Santa Albertina, Santa Lúcia e Vitória Brasil já podem comemorar a vitória nas urnas, mesmo faltando 36 dias para o primeiro turno das eleições municipais.

Como assim?

É que nessas 26 cidades só houve o registro de uma candidatura majoritária e simplesmente não haverá disputa. Como nesses casos votos nulos ou em branco não entram na conta, com apenas 1 voto estão garantidos 4 anos no poder.

Números

Nem juntando os 192.605 eleitores das 26 cidades haveria segundo turno, que só pode acontecer em 103 municípios brasileiros, os com mais de 200 mil eleitores. Eleições municipais com apenas 1 candidato são mais comuns do que se imagina e vão acontecer em 214 cidades brasileiras em outubro. No grupo paulista a maior cidade é Batatais, com pouco mais de 58 mil habitantes e 42.308 eleitores. A menor é Borá, a segunda menor cidade do Brasil, que curiosamente tem mais eleitores, 1.056, do que habitantes, 907. Viva a democracia!

Contato: deolhonacidade@spdiario.com.br

LUISA MELL PABLO MARÇAL Xexéu Trípoli

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