COLUNA

Competência e transição federal

Transição Federal. - Imagem: Reprodução | Agência Brasil

Aldo Valentim Publicado em 05/11/2022, às 10h42

Em um dos cursos que participo, na FGV  debatemos sobre como a efemeridade e a ausência de profundidade nos conhecimentos específicos afetam negativamente os resultados de certos líderes e, consequentemente, o negócio da empresa. As justificativas para o problema são diversas: mindset das novas gerações, falta de tempo para aprofundar o conhecimento, alto custo da formação, enfim, diversos desafios que devem ser solucionados pelos líderes.

 No grupo de alunos, eu era o único com experiência acumulada no setor público, pontuei que o problema não é exclusivo do setor privado. No setor público, no caso dos cargos comissionados, muitas vezes o cenário é desolador, vemos “gestores”: ministros, secretários e assessores, ocupando postos na alta gestão, sem formação, que dirá competências para o cargo, não fosse o “modelo” de recrutamento permeado pelos jeitinhos, favores e indicações políticas de toda sorte. O resultado para a população: descontinuidade, programas ocos e, quando o profissional tem boa vontade para aprender, a sua curva de aprendizagem é lenta, transformando o alto escalão governamental em vagas de estágios mais bem remuneradas e caras, pagas pelo cidadão.

Fiquei feliz com o anúncio pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva do nome de Geraldo Alckmin, Vice-presidente Eleito, como Coordenador da Equipe de Transição.   

Resiliente, conciliador, agregador e exímio gerenciador de crises, Alckmin possui carreira extensa no setor público: médico, vereador, prefeito, deputado, vice - governador, secretário estadual, governador, professor universitário, sem contar as candidaturas para prefeito da capital e, por duas vezes para a presidência da República; trajetória que lhe confere as competências necessárias para conduzir a Equipe de Transição com conhecimentos e habilidades acumulados.  Como colaborador em seus governos, sou testemunha e aprendiz da sua capacidade e seriedade com a coisa pública.

A transição foi oficializada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, por Medida Provisória, em 2002. Ato importante para posicionar o futuro governo dos desafios que o esperam. Além das ações administrativas, é o momento para escuta da sociedade civil organizada, dirigentes de relações governamentais do setor privado e do terceiro setor, para construção de pautas prioritárias.

A classe política precisa refletir que, para gerenciar o Estado com foco no cidadão, é importante além de votos, ter competências: conhecimentos, habilidades e atitudes; não apenas likes nas redes sociais e apadrinhados políticos inexperientes que transformam a máquina estatal num cabe tudo e todos, generalizado.  Que Geraldo Alckmin faça uma assertiva condução da transição e ela seja o prelúdio do governo eleito que está por vir.

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