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A despedida para a qual a gente não se preparou

Vivemos uma sexta-feira intensa. Em um dia de alegria pelo começo oficial de uma caminhada olímpica do Brasil com Pia Sundhage, um trio que sempre se

DESPEDIDA
DESPEDIDA

Redação Publicado em 20/06/2021, às 00h00 - Atualizado às 14h45


Cristiane não é relacionada entre as convocadas por Pia Sundhage para Tóquio. Trio formado com Marta e Formiga dá seu adeus aos Jogos Olímpicos

Vivemos uma sexta-feira intensa. Em um dia de alegria pelo começo oficial de uma caminhada olímpica do Brasil com Pia Sundhage, um trio que sempre se depositou muita esperança teve seu encerramento sem a possibilidade de uma despedida dourada. Cristiane ficou fora da lista das 18 convocadas e também das suplentes, deixando de ir a sua quinta edição dos Jogos. Não estará ao lado de Marta e Formiga em Tóquio para que pudéssemos trabalhar melhor nossos corações para o fim desse ciclo de gala.

O que dói é que esse trio espetacular não recebeu a estrutura e apoio que merecia para chegar ainda mais longe como tantas outras grandes craques que tivemos no passado. Imaginem o que teriam feito naquele auge em 2004/2007/2008 com a organização que o futebol feminino começou a receber agora? Mesmo assim, faltou pouco, é verdade. Foram duas pratas, um vice-campeonato da Copa do Mundo e um futebol exuberante. E pasmem, sempre foram cobradas por uma realidade que a elas não era proporcionada.

Acredito sim que temos atualmente a melhor técnica para subir mais um degrau com a seleção feminina. Afinal, ela é bicampeã olímpica – dois ouros com os Estados Unidos -, além de uma prata com a Suécia e a incrível marca de ter chegado nas últimas três finais olímpicas no torneio feminino de futebol. A lista montada por Pia está dentro do que ela acredita ser possível para o ouro. A frase em sua conta no Twitter, “Vamos buscar esta medalha de ouro!”, dá bem o tom da crença dela em suas atletas. Eu também acredito. Mas me dou o direito, mesmo assim, de sentir a ausência de Cristiane. Lamentar o fim nos palcos olímpicos de uma atacante feroz na área até hoje e que detém o recorde de 14 gols marcados na grandiosa competição. Ninguém, entre homens e mulheres, balançou a rede mais do que ela.

A treinadora sueca começa assim, ainda que de forma tímida, uma troca de gerações. Desde que assumiu, testou 61 jogadoras. Ficaram alguns nomes pelo caminho, algumas que estiveram sob o comando de Vadão na Rio 2016. Chegaram outras, pela primeira vez. Da lista dos últimos Jogos, foram sete mudanças. Foram mantidas entre as 18: Bárbara, Poliana, Bruna Benites, Rafaelle, Erika, Tamires, Formiga, Andressinha, Marta, Debinha e Bia Zaneratto.

Ao final da participação em Tóquio, teremos novas despedidas. E vejo Pia como a pessoa certa a esse ato, um tanto sentimental para nós brasileiros, mas necessário. E digo que ela é a pessoa certa por conseguir olhar de fora da situação. Respeitar, claro, nossa memória, mas romper com elos que seriam difíceis por aqui.

Ainda lembro lá em 2007, do Prêmio Fifa, que ainda não era o The Best na época. Tivemos nada menos do que duas brasileiras entre as três finalistas. Marta e Cristiane duelavam com Prinz pela honraria, o troféu de melhor do mundo, com a camisa 10 sendo a vencedora. Transfiram agora esse momento para os dias atuais. Dá para entender a dimensão? Cristiane, Marta e Formiga deveriam ser eternas com a camisa canarinho. Assim, não precisaríamos dizer que acabou.

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Fontes: G1 – Globo.

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