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Peritos da ONU alertam para aumento de incêndios florestais

Alterações climáticas e mudanças no uso da terra tornam os incêndios florestais mais frequentes e intensos, com aumento previsto de até 50% até o fim do

Peritos da ONU alertam para aumento de incêndios florestais
Peritos da ONU alertam para aumento de incêndios florestais

Redação Publicado em 23/02/2022, às 00h00 - Atualizado às 10h24


Alerta é feito em relatório divulgado hoje pela organização

Alterações climáticas e mudanças no uso da terra tornam os incêndios florestais mais frequentes e intensos, com aumento previsto de até 50% até o fim do século, alerta relatório da Organização das Nações Unidas.Peritos da ONU alertam para aumento de incêndios florestaisPeritos da ONU alertam para aumento de incêndios florestais

De acordo com especialistas que elaboraram o documento do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), com sede em Nairobi, até o Ártico, praticamente imune, enfrenta risco crescente de incêndios florestais.

Segundo o levantamento divulgado hoje (23), a crise climática e a mudança no uso da terra resultarão em aumento global de incêndios extremos de até 14% em 2030, 30% até o final de 2050 e 50% até o fim do século.

“Os relâmpagos e o descuido humano sempre causaram incêndios descontrolados, mas as mudanças climáticas causadas pela atividade humana, as mudanças no uso da terra e a má gestão da terra e das florestas fazem com que o fogo encontre com mais frequência as condições certas para ser destrutivo”, diz o estudo, que contou com a participação do Centro ambiental norueguês Grid-Arendal.

“Os incêndios florestais queimam por mais tempo e impõem mais calor aos lugares onde sempre ocorreram, mas também estão surgindo em lugares inesperados, como turfeiras (tipo de material pantanoso) secas ou durante o degelo do permafrost (tipo de solo encontrado na região do Ártico)”, acrescentou o relatório do Pnuma, que inclui todos os continentes.

Além de destruir grande parte de alguns dos últimos refúgios de biodiversidade do planeta, como o Pantanal no Brasil, os incêndios emitem enormes quantidades de gases poluentes para a atmosfera, facilitando o aumento das temperaturas e da seca.

Especialistas aconselham governos a envolverem líderes indígenas na gestão do fogo, bem como a investir no planejamento, na prevenção e recuperação de incêndios florestais, em vez de se concentrarem apenas em apagá-los.

Pedem ainda que adotem nova fórmula de investimento, com dois terços dos gastos dedicados ao planejamento, à prevenção, preparação e recuperação, e o restante para a resposta.

Atualmente, as respostas diretas aos incêndios florestais recebem mais da metade dos gastos relacionados, enquanto o planejamento e a prevenção recebem menos de 1%.

“As respostas atuais dos governos aos incêndios florestais muitas vezes estão pondo dinheiro no lugar errado”, disse Inger Andersen, diretora executiva do Pnuma, acrescentando: “Temos que minimizar o risco de incêndios extremos e estar mais bem preparados – investir mais na redução do risco, trabalhar com comunidades locais e fortalecer o compromisso global de combater as mudanças climáticas”.

O relatório destaca a importância de a comunidade internacional, por meio das Nações Unidas, também se envolver na gestão do fogo, que até agora é quase de responsabilidade exclusiva dos governos nacionais.

“Os incêndios florestais devem ser colocados na mesma categoria de resposta humanitária global que os grandes terremotos e inundações”, observou o estudo.

De 2002 a 2016, cerca de 423 milhões de hectares foram queimados a cada ano, uma área total equivalente à da União Europeia. A África é o continente mais afetado, acumulando cerca de 67% da área global queimada anualmente.

“Devemos aprender a gerir melhor e mitigar o risco de incêndios florestais que ameaçam a saúde humana e os meios de subsistência, a biodiversidade e o clima global”, disse Susan Gardner, diretora da Divisão de Ecossistemas do Pnuma.

Os especialistas alertam que os incêndios florestais afetam desproporcionalmente as nações mais pobres do mundo e têm impacto que se estende por dias, semanas e até anos após o desaparecimento das chamas, impedindo o progresso em direção aos objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU e aprofundando as desigualdades sociais.

No documento, defendem que a restauração de ecossistemas é “via importante” para mitigar o risco de incêndios florestais. A restauração de zonas úmidas e a reintrodução de espécies como os castores, a recuperação de turfeiras, a manutenção da distância entre a vegetação e a preservação de zonas tampão com espaços abertos são alguns exemplos dos investimentos essenciais na prevenção, preparação e recuperação.

O relatório foi divulgado poucos dias antes da 5.ª sessão da Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Unea), que será realizada de 28 de fevereiro a 2 de março em Nairóbi, no Quênia.

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RTP

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