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ONG e entregadores criticam fala de governador de SP sobre atirar em assaltantes

O Instituto Sou da Paz e o Sindicato dos Mensageiros Motociclistas, Ciclistas e Moto-Taxistas de São Paulo (Sindmotos-SP), que representa os motoboys que

ONG e entregadores criticam fala de governador de SP sobre atirar em assaltantes
ONG e entregadores criticam fala de governador de SP sobre atirar em assaltantes

Redação Publicado em 05/05/2022, às 00h00 - Atualizado às 08h19


O Instituto Sou da Paz e o Sindicato dos Mensageiros Motociclistas, Ciclistas e Moto-Taxistas de São Paulo (Sindmotos-SP), que representa os motoboys que trabalham com entregas, criticaram nesta quarta-feira (4) a declaração do governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), sobre a ordem dada para a Polícia Militar (PM) atirar em assaltantes que apontarem armas para os agentes.

Segundo os representantes das entidades, a fala de Garcia de que “bandido que levantar a arma pra polícia vai levar bala”, pode aumentar a letalidade policial e ainda criminalizar a categoria dos entregadores que usam motos para trabalhar.

O governador fez o comentário na manhã desta quarta ao anunciar um pacote de medidas de segurança na tentativa de combater a ação de criminosos que se disfarçam de entregadores, usando mochilas das empresas de aplicativo, para roubar e furtar celulares de pedestres nas ruas do estado.

“Aqui em São Paulo, o bandido que levantar a arma pra polícia vai levar bala da polícia, porque é isso que a sociedade tá esperando, uma polícia ativa, que dentro dos limites da lei vai agir com muito rigor em relação à criminalidade”, disse Garcia, durante a coletiva de imprensa no Centro de Operações da Polícia Militar (Copom), na capital.

Além do governador, participaram do anúncio o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), e o secretário da Segurança Pública (SSP) do estado, general João Camilo Pires de Campos.

O anúncio foi feito após a morte de Renan Silva Loureiro, de 20 anos, baleado na cabeça durante assalto cometido por um motociclista que carregava uma bolsa de entrega, na semana passada, na Zona Sul da capital. Câmeras registraram o momento da abordagem (veja o vídeo abaixo). A polícia prendeu um homem, que confessou o latrocínio, que é o roubo seguido de morte.

Além desse latrocínio, que é o roubo seguido de morte, a região metropolitana passou a registrar recentemente uma série de crimes envolvendo falsos entregadores, o que aumentou a sensação de insegurança da população.

“Eu fiquei muito impactado do assassinato daquele jovem Renan. É inconcebível a gente aceitar e conviver com isso. Por isso, eu quero deixar aqui em nome da população de são Paulo um aviso muito claro a esses bandidos que de maneira covarde estão escondidos atrás de um capacete, que tão com uma mochila de falso entregador de delivery nas costas, que de maneira covarde assaltam as pessoas, assediam as mulheres, pra que ou eles mudem de profissão ou eles mudem de estado, porque a polícia vai atrás de cada um deles, porque quem cometer crime aqui em São Paulo vai ser preso”, falou o governador Garcia.

Sou da Paz

Operação da PM vistoria mochilas de motoboys de delivery em SP — Foto: G1SP

Operação da PM vistoria mochilas de motoboys de delivery em SP — Foto: G1SP

De acordo com Carolina Ricardo, diretora executiva do Instituto Sou da Paz, apesar de a PM ter a prerrogativa garantida por lei de atirar em legítima defesa, a declaração de Garcia foi “ruim”, “populista”, “desnecessária” e “infeliz”.

Segundo a especialista em segurança, a fala do governador pode até contribuir negativamente para o aumento da letalidade policial, que representa o número de mortes decorrentes de intervenções por policiais. Atualmente, houve uma redução de 30% nas mortes cometidas por agentes no estado desde que a Polícia Militar passou a usar câmeras que gravam tudo nos uniformes no ano passado.

Estudo do Sou da Paz mostra que em 2021, o número de casos foi o menor dos últimos oito anos. Foram 543 mortes, 30% menos do que as 780 de 2020.

Prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), governador do estado, Rodrigo Garcia (PSDB), e secretário estadual da Segurança Pública (SSP), general João Camilo Pires de Campos — Foto: Reprodução/TV Globo

Prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), governador do estado, Rodrigo Garcia (PSDB), e secretário estadual da Segurança Pública (SSP), general João Camilo Pires de Campos — Foto: Reprodução/TV Globo

“A fala dele [governador] pode impactar automaticamente nesse aumento [da letalidade policial], visto que há importantes medidas implementadas pela PMESP para controle o uso da força, mas pode abrir um brecha, especialmente se houver retrocessos nesse medidas implementadas”, disse Carolina.

“Me parece ruim uma declaração de que a polícia vai meter bala”, falou a diretora do Sou da Paz. “Ela é muito mais uma afirmação populista, para jogar para uma visão que quer mais violência policial do que realmente para reduzir crime.”

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G1

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