O agravamento da crise política na Venezuela após a votação da Assembleia Constituinte de Nicolás Maduro aumentou o movimento de venezuelanos na fronteira com
Redação Publicado em 07/08/2017, às 00h00 - Atualizado às 16h05
O agravamento da crise política na Venezuela após a votação da Assembleia Constituinte de Nicolás Maduro aumentou o movimento de venezuelanos na fronteira com Roraima. Na sede da Polícia Federal em Pacaraima, cidade entre Brasil e Venezuela, centenas de estrangeiros formaram nesta segunda-feira (7), ainda pela madrugada, uma longa fila em busca de permissão para cruzar a fronteira.
Desde o início da crise venezuelana milhares de estrangeiros vieram para Roraima. Dados da PF no estado apontam a constante onda migratória que segue o aumento da instabilidade política no país vizinho. Em 2015 foram registrados 230 pedidos de refúgio de venezuelanos em Roraima. Um ano depois esse número subiu para 2.230 e até junho de 2017 já bateu a marca de 6.438 solicitações.
Na fronteira com o Brasil os venezuelanos entram em Roraima após preencherem um visto de turismo que autoriza a entrada e permanência no país por até 60 dias. O documento é fornecido na sede da Polícia Federal.
Nesta segunda a fila começou a se formar ainda pela madrugada. Os primeiros chegaram às 4h para receberem atendimento apenas às 8h. Nas primeiras horas do dia foram distribuídas mais de 200 senhas para os estrangeiros. O procedimento ocorre diariamente.
Segundo moradores e pessoas que trabalham na fronteira, o movimento tem crescido na última semana e a fila tem se formado cada vez mais cedo.
A familia Rodriguez chegou na fila às 7h da manhã após 9h de viagem de carro da cidade de Puerto Ordaz até Pacaraima. Na Venezuela, Alexsander Rodriguez, de 43 anos, trabalhava como segurança. Sua esposa, Niurca Rodriguez, 42, era professora de pré-escola. Eles e os filhos estão de mudança para o Brasil.
“Estamos fugindo da crise. A situação no país já estava ruim e se agravou com a Constituinte. Não iremos voltar para a Venezuela”, afirmou Alexsander Rodriguez.
Aos 33 anos, Richard Villashi atuava na área de informática na cidade de Maturín. Ele chegou às 5h30 na fila acompanhado da mulher e filha. Inicialmente a família ficará por 15 dias no Brasil, mas os planos podem mudar se ele conseguir um emprego no país. “Não há vida na Venezuela”, diz.
Conforme dados divulgados pela Polícia Federal em Roraima, a maioria dos venezuelanos que estão imigrando para Roraima são de Caracas, capital do país. Mais de 58% são do sexo masculino e jovens entre 22 e 25 anos. A maioria dos estrangeiros que vem para o estado são estudantes (17,93%), seguidos por engenheiros (6,21%), médicos (4,83%) e economistas (7,83%).
No Brasil, eles buscam trabalho. Nos últimos sete meses, o Ministério do Trabalho no estado (MTE-RR) registrou um recorde de emissão de carteiras de trabalho a venezuelanos. Nesse período foram quase 3 mil carteiras entregues a cidadãos venezuelanos. Em 2015, emitiram-se apenas 257 documentos, e 1.331 em 2016.
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