Os coronavírus (CoV) compõem uma grande família de vírus, conhecidos desde meados da década de 1960, que receberam esse nome devido às espículas na sua
Redação Publicado em 01/02/2020, às 00h00 - Atualizado às 23h02
Os coronavírus (CoV) compõem uma grande família de vírus, conhecidos desde meados da década de 1960, que receberam esse nome devido às espículas na sua superfície, que lembram uma coroa (do latim corona), vide foto acima.
Podem causar desde um resfriado comum até síndromes respiratórias graves, como a síndrome respiratória aguda grave (SARS, do inglês Severe Acute Respiratory Syndrome) e a síndrome respiratória do Oriente Médio (MERS, do inglês Middle East Respiratory Syndrome). Os vírus foram denominados SARS-CoV e MERS-CoV, respectivamente.
Trata-se de uma nova variante do coronavírus, denominada 2019-nCoV , até então não identificada, isolada na China em 07/01/2020. O novo coronavírus foi identificado em investigação epidemiológica e laboratorial, após a notificação de uma série de casos de pneumonia de causa desconhecida a partir de 31/12/2019, diagnosticados inicialmente na cidade chinesa de Wuhan, capital da província de Hubei.
Este é o sétimo coronavírus conhecido capaz de infectar humanos, incluindo o SARS-CoV e MERS-CoV.
A origem ainda não está elucidada. Acredita-se que a fonte primária do vírus seja animal, provavelmente em um mercado de frutos do mar e animais selvagens vivos em Wuhan.
Estudo inicialmente publicado pela revista Journal of Medical Virology relata que o novo coronavírus pode ter em morcegos a sua origem. Outro estudo publicado no New England Journal of Medicine demonstrou que o vírus apresenta elevada similaridade (85%) com o SARS-CoV, vírus da epidemia de 2002-2003. Pesquisadores do Centro de Controle e Prevenção de Doenças da China avaliaram animais selvagens do mercado e, em cerca de 30 destes, foram encontradas evidências do 2019-nCov.
Sim. É possível a transmissão de animais para humanos após mutações, o que se denomina species jumping. Por exemplo, o SARS-CoV e o MERS-CoV surgiram em morcegos, e tiveram como hospedeiros intermediários gatos-de-algália e dromedários, respectivamente, e estes transmitiram aos humanos.
Sim. Alguns coronavírus são capazes de infectar humanos e podem ser transmitidos de pessoa a pessoa pelo ar, por meio de tosse ou espirro, pelo toque ou aperto de mão ou pelo contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido então de contato com a boca, nariz ou olhos.
Alguns vírus de transmissão aérea são altamente contagiosos, como o sarampo, enquanto outros são menos. Ainda não está claro com que facilidade o 2019-nCoV é transmitido de pessoa para pessoa.
Sim, somente na China, por enquanto, relata-se transmissão sustentada do vírus de pessoa a pessoa.
Até o momento, não há evidências que animais de estimação, como cães e gatos, possam ser infectados pelo novo coronavírus. Entretanto, é sempre importante lavar as mãos com água e sabão após contato com os animais.
Ainda não há uma informação exata. Presume-se que o tempo de exposição ao vírus e o início dos sintomas varia de 2 a 14 dias, segundo o Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC). Já a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que este período seja de 2 a 10 dias.
Esta informação ainda é desconhecida. Investigações mais detalhadas são necessárias para determinar se a transmissão do novo coronavírus pode ocorrer a partir de indivíduos assintomáticos ou durante o período de incubação.
Os sintomas incluem febre, tosse e dificuldade respiratória. Porém, as pessoas com infecção podem não ter sintoma, ou apresentar um quadro semelhante a um resfriado comum, até casos graves com pneumonia e insuficiência respiratória.
Crianças de baixa idade, pessoas acima de 60 anos e pacientes com condições que comprometem a imunidade podem ter manifestações mais graves.
Ainda não se sabe. Estudos são necessários para que tenhamos esta resposta.
Devemos acompanhar a evolução da epidemia. Pelos dados oficiais publicados, a estimativa inicial é de que a letalidade seja de 2 a 3%, inferior à do SARS-CoV e do MERS-CoV. Segundo a OMS, a epidemia de SARS registrou 774 óbitos em todo o mundo com 8096 casos em 2002/2003, ou seja, uma taxa de letalidade de 9,5%. Já a epidemia de MERS notificou 858 óbitos dos 2494 casos desde setembro de 2012, demonstrando uma taxa de letalidade de 34,4%.
Exames laboratoriais realizados por biologia molecular identificam o material genético do vírus em secreções respiratórias, colhidas por aspiração de nasofaringe ou swabs combinado (nasal/oral) ou também amostra de secreção respiratória inferior (escarro ou lavado traqueal ou lavado bronco alveolar).
Não há um medicamento específico. Indica-se repouso e ingestão de líquidos, além de medidas para aliviar os sintomas, como analgésicos e antitérmicos. Nos casos de maior gravidade com pneumonia e insuficiência respiratória, suplemento de oxigênio e mesmo ventilação mecânica podem ser necessários.
Não. O oseltamivir está indicado somente para tratamento e prevenção de infecção pelo vírus influenza.
Não. Antibióticos não estão indicados nem para prevenir nem para tratamento, pois não agem contra vírus, somente bactérias.
Como a doença é nova, não há vacina até o momento. Farmacêuticos estimam que vacina pode demorar mais de um ano para ser feita.
Não. A vacina da gripe protege somente contra o vírus influenza.
Não. Considerando que ainda não se sabe com certeza se o vírus é transmitido por pacientes sem sintomas ou durante o período de incubação, o ideal é permanecerem afastados por 14 dias.
Há três possibilidades para a definição de um caso suspeito do novo coronavírus, conforme estabelecido pelo Ministério da Saúde do Brasil.
Situação 1: Febre E pelo menos um sinal ou sintoma respiratório (tosse, dificuldade para respirar, batimento das asas nasais, entre outros) E histórico de viagem para área com transmissão local, de acordo com a OMS, nos últimos 14 dias anteriores ao aparecimento dos sinais ou sintomas; OU
Situação 2: Febre E pelo menos um sinal ou sintoma respiratório (tosse, dificuldade para respirar, batimento das asas nasais, entre outros) E histórico de contato próximo de caso suspeito para o coronavírus nos últimos 14 dias anteriores ao aparecimento dos sinais ou sintomas; OU
Situação 3: Febre OU pelo menos um sinal ou sintoma respiratório (tosse, dificuldade para respirar, batimento das asas nasais, entre outros) E contato próximo de caso confirmado de coronavírus em laboratório, nos últimos 14 dias anteriores ao aparecimento dos sinais ou sintomas.
OBSERVAÇÕES: a) Febre pode não estar presente em alguns casos como, por exemplo, em pacientes jovens, idosos, pessoas com baixa imunidade ou que em algumas situações possam ter utilizado medicamento antitérmico. Nestas situações, a avaliação clínica deve ser levada em consideração e a decisão deve ser registrada na ficha de notificação. b) Contato próximo é definido como: estar a aproximadamente dois metros de um paciente com suspeita de caso por novo coronavírus, dentro da mesma sala ou área de atendimento, por um período prolongado, sem uso de equipamento de proteção individual (EPI). O contato próximo pode incluir: cuidar, morar, visitar ou compartilhar uma área ou sala de espera de assistência médica ou, ainda, nos casos de contato direto com fluidos corporais, enquanto não estiver usando o EPI recomendado.
Os casos suspeitos devem ser mantidos em isolamento enquanto houver sinais e sintomas clínicos. Paciente deve utilizar máscara cirúrgica a partir do momento da suspeita e ser mantido preferencialmente em quarto privativo. Qualquer pessoa que entrar no quarto de isolamento, ou entrar em contato com o caso suspeito, deve utilizar equipamentos de proteção individual (preferencial máscara N95, nas exposições por um tempo mais prolongado e procedimentos que gerem aerolização; eventualmente máscara cirúrgica em exposições eventuais de baixo risco; protetor ocular ou protetor de face; luvas; capote/avental). Além disto, todo caso que se enquadre na definição de caso suspeito deve ser notificado por meio de comunicação mais rápido possível (telefônico ou eletrônico), em até 24 horas.
Até a publicação desta reportagem, o Brasil não tem casos confirmados da doença, somente casos suspeitos.
Com as informações atualmente disponíveis para o novo coronavírus, a OMS recomenda que medidas para limitar o risco de exportação ou importação da doença sejam implementadas, sem restrições desnecessárias ao tráfego internacional.
Entretanto, o Ministério da Saúde do Brasil e o Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC) recomendam que viagens para a China devam ser realizadas somente em casos de extrema necessidade, medida sugerida também pela Sociedade Brasileira de Infectologia.
Proteger-se, lavando as mãos frequentemente com água e sabão ou higienizando-as com álcool gel 70%, cobrindo a boca e o nariz ao tossir e espirrar, com o antebraço ou usando lenço descartável, evitando o contato com pessoas que apresentem febre e sintomas respiratórios, comendo carne e ovos bem passados, esquivando-se de contato com animais selvagens vivos ou de fazenda.
Os indivíduos que retornaram da China dentro de um período de 14 dias e que apresentem febre e sintomas respiratórios devem procurar a unidade de saúde mais próxima imediatamente e informar sobre a viagem.
Não. As evidências científicas não demonstraram efetividade na aferição de temperatura de viajantes vindos de áreas com circulação do vírus. O Ministério da Saúde do Brasil está adotando outras medidas, como avisos sonoros nos aeroportos, distribuição de pôsteres, folhetos, boletim eletrônico, com o objetivo de alertar os viajantes sobre os sinais e sintomas da doença.
Desde o dia 24/01/2020, os aeroportos começaram a veicular avisos sonoros da Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) em português, inglês e mandarim sobre o coronavírus. A mensagem, com duração de um minuto, alerta sobre os sintomas da doença e informa sobre medidas para evitar a sua transmissão.
De acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil tem um sistema de vigilância renomado e preparado para enfrentar o novo coronavírus. O Centro de Operações de Emergência monitora a situação e coordena a ação de controle da doença em todo o país.
Sim. O Comitê de Emergência da OMS declarou nesta quinta-feira (30) situação de emergência em saúde pública de interesse internacional.
IG
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