A Polícia Civil do Distrito Federal fez buscas, neste domingo (17), nas celas que abrigam o ex-senador Luiz Estevão e o ex-ministro da Articulação Política do
Redação Publicado em 18/06/2018, às 00h00 - Atualizado às 10h17
A Polícia Civil do Distrito Federal fez buscas, neste domingo (17), nas celas que abrigam o ex-senador Luiz Estevão e o ex-ministro da Articulação Política do governo Michel Temer Geddel Vieira Lima (MDB-BA). Os dois dividem alojamentos com outros presos no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília.
Segundo a polícia, as buscas foram autorizadas pela Justiça e motivadas pela denúncia, feita por um detento, de que os políticos estariam recebendo “regalias” na prisão. Barras de chocolate, anotações que seriam de Geddel e pelo menos cinco pendrives – supostamente, de Luiz Estevão – foram apreendidos.
À TV Globo, o advogado de Geddel Vieira Lima disse que “estranha, mais uma vez, a defesa técnica não saber da operação antes da imprensa”. A defesa de Luiz Estevão também disse desconhecer as buscas, e não quis se pronunciar.
De acordo com a Polícia Civil, durante as buscas, Estevão tentou se livrar de um pendrive jogando o dispositivo na privada. O aparelho foi recuperado e passará por perícia.
Além do conteúdo dos itens apreendidos, os investigadores querem descobrir quem facilitou a entrada dos alimentos e das mídias.
A ação foi realizada pela Coordenação de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado da Polícia Civil do DF e pela Promotoria de Execução Penal do Ministério Público do DF. Até a noite deste domingo, nenhum dos órgãos tinha detalhado as possíveis medidas a serem tomadas com base no material encontrado.
A suspeita de regalias na cela ocupada por Luiz Estevão não é inédita. Em março de 2017, uma inspeção encontrou itens proibidos nas dependências compartilhadas pelo ex-senador. A lista incluía chocolate, cafeteira elétrica, cápsulas de café e até macarrão importado.
O político também é acusado pelo MP do DF de financiar a reforma do bloco onde cumpre pena no Complexo da Papuda. Pelo menos três ex-gestores da Papuda também são listados no processo por, supostamente, terem sido coniventes com o empreendimento.
Considerada “luxuosa” em comparação ao restante da unidade, a ala de vulneráveis ocupada por Estevão (e Geddel, desde setembro) tem sanitário e pia de louça, chuveiro, cortina, tapete, cerâmica e paredes pintadas.
Geddel Vieira Lima foi denunciado na operação Cui Bono e está preso em Brasília desde setembro – antes, ele passou três meses em prisão domiciliar na Bahia. Durante a investigação, a Polícia Federal descobriu R$ 51 milhões em malas e caixas em um apartamento atribuído a ele, em Salvador (BA).
Geddel foi indiciado por corrupção passiva, lavagem de dinheiro, organização criminosa e obstrução de investigação. Ele está em prisão preventiva, e ainda aguarda julgamento.
Já o ex-senador pelo DF Luiz Estevão foi condenado a 26 anos de prisão por fraudes e desvios nas obras do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo. Essa sentença já transitou em julgado, ou seja, não pode ser alvo de novos recursos.
Em março, a Justiça ampliou essa pena em dois anos pelo crime de sonegação fiscal. A defesa recorre dessa sentença, e diz que o processo já prescreveu – ou seja, perdeu a validade.
Tanto Geddel quanto Estevão cumprem pena no Centro de Detenção Provisória (CDP), no complexo da Papuda. Além dos presos provisórios, o CDP tem ala reservada para ex-policiais e detentos com direito a cela especial.
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