A médica residente de pneumologia no Hospital São Paulo, Amanda Maria Reis dos Santos, foi uma das voluntárias a tomar a vacina experimental contra a
Redação Publicado em 05/07/2020, às 00h00 - Atualizado às 13h45
A médica residente de pneumologia no Hospital São Paulo, Amanda Maria Reis dos Santos, foi uma das voluntárias a tomar a vacina experimental contra a Covid-19 (Sars-CoV-2). Ela contou como foi o processo e quais os próximos passos para se obter uma vacina contra essa doença.
Amanda tomou a vacina experimental na última terça-feira (30), pela manhã, após se voluntariar. A vacina em questão está sendo desenvolvida no país, em parceria com a Universidade de Oxford. No momento, são vários institutos e universidades que voltaram seus esforços para chegar, o mais rápido possível, a uma vacina eficaz para a Covid-19 (Sars-CoV-2). Mas, para isso acontecer, testes precisam ser feitos e voluntários são necessários para se avaliar a eficácia dos medicamentos.
“Eu quero muito que dê certo essa vacina, e o quanto antes. Principalmente por trabalhar diretamente com pacientes com Covid-19 e acabar correndo risco de me contaminar ou contaminar outras pessoas”, declara a médica.
Amanda conta que, depois que se voluntariou, a equipe do estudo entrou em contato com ela e agendou a primeira visita, onde ela respondeu um questionário sobre as condições de saúde e recebeu um termo explicando cada passo do estudo.
“Como eu não preenchia nenhum dos critérios de exclusão e aceitei participar, foi colhida uma sorologia para avaliar se eu já tinha tido contato prévio com a doença. Meu exame veio negativo, então, em 7 dias, eu voltei para tomar a vacina experimental”, afirmou.
Amanda conta que no dia de tomar a vacina, ela passou por mais um exame para checar se estava sem o vírus. “No dia da vacina, fiz mais uma sorologia e um teste de gestação (gestantes não podem participar do estudo). Recebi a vacina e fiquei 30 minutos em observação. Quando fui embora, recebi uma cartela de paracetamol e fui orientada a tomar a cada 6 horas nas primeiras 24h”, conta a médica.
A metodologia do estudo é composta por formar dois grupos, com mil pessoas cada um. Um dos grupos vai tomar a vacina experimental e outro uma vacina placebo (no caso, usaram da meningite), para que os cientistas possam comparar os resultados. Os pacientes não ficam sabendo qual vacina tomaram, para garantir que os resultados não sejam afetados.
“Eles usam 2 grupos, um que recebe a vacina correta e um que funciona como grupo controle (recebe outra vacina), e avaliam as respostas nos dois grupos comparando as diferenças, pra ver se realmente foi eficaz a vacina, nesse caso a vacina de meningite funciona como um placebo”, explica a médica.
Ela disse que o estudo completa ainda vai levar cerca de um ano para ser concluído, mas que resultados parciais podem ser divulgados antes, caso os resultados sejam positivos. “No total serão 6 visitas durante um ano. Já fui em 2. Em cada visita serão colhidos novos exames. O resultado final será em um ano, mas acredito que se os resultados forem bons devem publicar resultados parciais antes”, afirmou.
Amanda conta que as pessoas que receberam a vacina nas fases anteriores não tiveram nenhum efeito colateral grave. “As pessoas que tiveram sintomas após a vacina apresentaram apenas um quadro leve, como febre, dor no corpo e mal-estar geral. Eu só tive dor no local da aplicação”, disse.
IG
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