Uma jornalista de 27 anos encontrou uma camisinha suja dentro de sua bolsa, na manhã desta terça-feira (2), enquanto ia para seu trabalho em um trem da CPTM,
Redação Publicado em 03/10/2018, às 00h00 - Atualizado às 15h43
Uma jornalista de 27 anos encontrou uma camisinha suja dentro de sua bolsa, na manhã desta terça-feira (2), enquanto ia para seu trabalho em um trem da CPTM, em São Paulo. Orientada a fazer um BO, Clara Novais foi à delegacia e o caso foi registrado como “ocorrência não criminal”.
A jovem conta que fez uma baldeação da Linha 3-Vermelha do Metrô para a Linha 8-Diamante da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos e entrou em um vagão, que não estava lotado. Distraída com o celular, ela percebeu um líquido amarelo escorrendo pelas pernas. “Eu até pensei que pudesse ser meu almoço ou vazando ou derretendo, mas senti um cheiro forte. Quando eu vi era uma camisinha dentro da minha bolsa”, disse.
Ela explica que o conteúdo do preservativo não parecia sêmen, mas que sentiu nojo e medo, porque não sabia se era tóxico. “Eu pensei que a pessoa que colocou isso na minha bolsa poderia estar no trem, então eu peguei e joguei [o preservativo] no meio do trem, mas ninguém falou nada.”
Clara Novais encontrou preservativo sujo em sua bolsa — Foto: Arquivo pessoal
Clara disse que, ao descer na estação Imperatriz Leopoldina, procurou por um segurança, mas, como não encontrou nenhum, seguiu para o seu trabalho. Assustada com o que tinha acontecido, postou uma reclamação nas redes sociais.
“A CPTM entrou em contato comigo e pediu para eu registrar uma ocorrência na própria CPTM. Depois um funcionário me ligou, foi atencioso e me instruiu a ir à delegacia para fazer o BO.”
Ao chegar à delegacia, na noite desta terça, Clara não conseguiu registrar a queixa como esperava. “O delegado disse que não era importunação sexual, que não tinha como afirmar que foi proposital e que a camisinha poderia ter caído com o fluido dentro da minha bolsa sem querer.”
A jovem disse que argumentou com o delegado, sem sucesso. “Eu questionei como que isso acontece sem querer e ele falou que não tinha como afirmar [que foi proposital] e que o trem estava cheio e eu não vi. Eu repeti que o vagão não estava cheio e ele registrou como ocorrência não criminal.”
O G1 procurou na manhã desta quarta (3) a Secretaria da Segurança Pública (SSP), responsável pelas delegacias da Polícia Civil. A SSP afirmou que a polícia pediu as imagens de câmeras de seguranças da CPTM para ver se é possível identificar alguém colocando a camisinha na passageira durante o trajeto. Disse também que o status da investigação registrado como “ocorrência não criminal” pode mudar ao longo da investigação.
Apesar do medo, ela disse que decidiu divulgar a agressão nas redes sociais. “Eu acho que não devo me calar. Eu estou chocada que isso aconteceu comigo. Eu sou jornalista e sempre noticiei isso, mas dessa vez aconteceu comigo. Nunca pensei que aconteceria, mas foi comigo.”
No mesmo dia, Clara voltou a usar o transporte público na volta para casa. “Foi ruim, eu fiquei receosa, olhando para todo mundo, tensa. Eu já fui assaltada duas vezes, mas é uma insegurança diferente.”
A jornalista conta que recebeu apoio e muitas mensagens de solidariedade, mas que também foi atacada após a denúncia nas redes sociais. “Disseram que era bem feito por eu ser feminista, que eu queria aparecer, que eu merecia passar por isso.”
Apesar de os ataques terem sido minoria, ela afirma que se preocupa com essa reação. “O que mais me assusta é pensar para onde nós estamos caminhando. Dá a sensação de que estamos regredindo. Eu temo pela nossa segurança, eu tenho medo.”
A lei que torna crime a importunação sexual foi assinada no dia 24 de setembro pelo ministro Dias Toffoli, à época presidente em exercício. Com isso, passou a ser caracterizado importunação sexual o ato libidinoso praticado contra alguém, e sem a autorização, a fim de satisfazer desejo próprio ou de terceiro. A pena prevista é de um a cinco anos de cadeia.
A proposta ganhou força quando foram registrados casos de homens que se masturbaram e ejacularam em mulheres em ônibus. Um dos episódios de maior repercussão ocorreu em São Paulo.
O texto sancionado também torna crime a divulgação, por qualquer meio, de vídeo e foto de cena de sexo ou nudez ou pornografia sem o consentimento da vítima, além da divulgação de cenas de estupro.
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