Vítimas do forte terremoto e do tsunami que atingiram a ilha indonésia de Sulawesi começaram a ser enterradas em vala comum nesta segunda-feira (1º). As
Redação Publicado em 01/10/2018, às 00h00 - Atualizado às 08h48
Vítimas do forte terremoto e do tsunami que atingiram a ilha indonésia de Sulawesi começaram a ser enterradas em vala comum nesta segunda-feira (1º). As buscas por sobreviventes continuam em Palu e Donggala, as áreas mais devastadas. Enquanto a ajuda humanitária não chega, o país enfrenta uma onda de saques.
O último balanço oficial indica que 844 pessoas morreram após o terremoto de 7,5 graus que teve seu epicentro na região de Palu e provocou o tsunami, na sexta-feira (5). O desastre também deixou 540 feridos e 16.732 deslocados.
Terremoto seguido de tsunami deixa mais de 800 mortos na Indonésia
As autoridades temem um número muito maior de vítimas, pois grande parte da região afetada permanece inacessível.
A ONU estima que 191 mil pressoas precisam de ajuda imediata no país. O governo indonésio já lançou um apelo à comunidade internacional pedindo ajuda humanitária.
Escavadeira é usada para abrir vala comum para enterrar mortos nos arredores de Palu — Foto: Bay Ismoyo / AFP
Carros amassados, edifícios reduzidos a escombros, árvores no chão e postes de energia elétrica derrubados demonstram a amplitude da tragédia.
As autoridades continuam os trabalhos de busca e resgate de sobreviventes e vítimas, enquanto técnicos trabalham para restabelecer os serviços básicos. O esforço para que alimentos cheguem até a área mais afetada é uma das prioridades.
Mapa mostra área tingida por terremotos e tsunami na Indonésia — Foto: Infografia: Karina Almeida
“Não temos muita comida. Só conseguimos pegar o que estava em casa. E precisamos de água potável”, disse à AFP Samsinar Zaid Moga, uma moradora de 46 anos de Palu.
A maior parte das vítimas foi registrada em Palu, cidade de 350 mil habitantes, na costa oeste, segundo a Agência Nacional de Gestão de Desastres. Mas as autoridades e diversas ONGs também estão preocupadas com a situação na região de Donggala, mais ao norte.
Em um cenário de devastação, as equipes de resgate lutam contra o tempo para encontrar sobreviventes e retirá-los dos escombros.
Nesta segunda, as equipes trabalhavam entre os destroços do hotel Roa Roa, onde as autoridades acreditam que entre 50 e 60 pessoas podem ter sido sepultadas. Até o momento, duas pessoas foram resgatadas com vida no local.
Muitos moradores procuram os parentes desaparecidos nos hospitais ou necrotérios improvisados.
Indonésios buscam água — Foto: Bay Ismoyo / AFP
Nos fundos de um hospital, dezenas de corpos foram posicionados e cobertos com lonas, enquanto os feridos esperavam por atendimento do outro lado do edifício.
Para evitar os riscos à saúde, as autoridades começaram a enterrar os corpos já identificados em valas comuns. Uma grande fossa comum começou a ser cavada nos arredores de Palu.
As autoridades anunciaram que 71 estrangeiros estavam em Palu no momento do terremoto, a maioria deles já localizados e em processo de retorno a seus países.
Fontes do governo local informaram à AFP que 1,2 mil detentos escaparam de três prisões da região, uma delas em Palu e outra em Donggala.
Dezenas de agências humanitárias e ONGs ofereceram ajuda ao país, mas o envio de material à região é muito complicado: estradas estão bloqueadas e os aeroportos muito danificados.
A ajuda chega de modo lento. Desesperadas, as pessoas saqueiam os estoques dos mercados. Alguns policiais observam a ação, mas, ante a situação caótica, nem tentam intervir. Em um posto de gasolina, um grupo tenta retirar o combustível de um estoque subterrâneo.
As autoridades estão transportando cozinhas móveis com capacidade de proporcionar 36.000 refeições diárias. Também prometeram milhares de colchões, cobertores e pacotes de macarrão instantâneo.
Um homem carrega sacos com itens de uma loja em Palu, na Indonésia, após o terremoto e tsunami neste sábado (30) — Foto: Adek Berry/AFP
O chefe do conselho para os investimentos do governo, Tom Lembong, afirmou nas redes sociais que o presidente da Indonésia, Joko Widodo, autorizou o recebimento de ajuda internacional. As Forças Armadas, o Ministério de Exteriores e outras instituições coordenam a ajuda do setor público. Lembong coordena a ajuda do setor privado.
O número de vítimas é superior ao do terremoto que afetou a ilha indonésia de Lombok, em agosto, quando 500 pessoas morreram.
A Indonésia, um arquipélago de 17 mil ilhas, está em uma das regiões mais propensas a tremores e atividade vulcânica do mundo: o Círculo de Fogo do Pacífico. Cerca de 7 mil tremores atingem essa área por ano, em sua maioria de magnitude moderada.
A região, de cerca de 40 mil km de extensão, tem formato de ferradura e circunda a bacia do Pacífico, abrangendo toda a costa do continente americano, além de Japão, Filipinas, Indonésia, Nova Zelândia e ilhas do Pacífico Sul.
Em 2004, um tremor de magnitude 9,1, perto da costa noroeste da ilha de Sumatra, gerou um tsunami que matou 230 mil pessoas em 14 países no Oceano Índico.
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