Vários fatores influenciam no sobe e desce dos preços do combustível no Brasil. Tensão entre gigantes do petróleo, aumento do preço nas refinarias e a
Redação Publicado em 15/01/2020, às 00h00 - Atualizado às 12h21
Vários fatores influenciam no sobe e desce dos preços do combustível no Brasil. Tensão entre gigantes do petróleo, aumento do preço nas refinarias e a variação do preço do dólar são alguns dos empecilhos que podem interferir diretamente no seu bolso ao encher o tanque. Quem tem carro flex até pode se blindar de certos aumentos optando pelo etanol no lugar da gasolina .
O famoso conceito da “ diferença de 70% ” já é senso comum do brasileiro. Ele aponta que se o valor do etanol for até 70% do preço da gasolina, abastecer com o combustível de cana-de-açúcar seria a melhor escolha. Mas será que pela quantidade de etanol permitida por lei no combustível fóssil (entre 22 e 27,5%), essa conta ainda é válida?
De acordo com Raquel Mizoe, diretora de veículos leves da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA), o consumidor pode confiar na diferença de 70%; entretanto, a eficácia da conta poderá variar muito conforme o carro.
“A clássica diferença dos 70% é confiável, uma vez que os meios de homologação levam em conta a variação permitida na quantidade de etanol que vai na gasolina brasileira”, diz a executiva. “Alguns veículos podem compensar mais na cidade com etanol, outros com gasolina. É algo que alterna bastante, não apenas de carro para carro, mas também entre os motoristas”.
Mesmo com todos os cálculos e variações que podem confundir a cabeça de quem vai abastecer, a diretora da AEA revela algumas dicas interessantes que os consumidores podem seguir para fazer a escolha mais assertiva entre gasolina e etanol.
A primeira sugestão de Raquel Mizoe é a utilização do aplicativo PBE Veicular, que foi desenvolvido em uma parceria entre Inmetro, Conpet e Petrobrás, e está disponível para download na AppStore e no Google Play. A partir dele, é possível fazer a busca de qualquer veículo (considerando ano de fabricação, marca, modelo e motorização) e identificar qual é o melhor combustível para abastecer em determinada situação.
Para obter o cálculo, basta sinalizar em porcentagem se você circula mais na cidade ou na estrada, incluindo a quilometragem média mensal. Em seguida, é só incluir o preço da gasolina e do etanol na sua cidade para obter a planilha de quanto será gasto de cada combustível mensalmente e anualmente.
Apesar dos cálculos serem obtidos com base na etiquetagem do Inmetro , a diretora da AEA ressalta que os resultados podem não ser 100% conclusivos. “Os dados de etiquetagem são uma boa referência, mas na vida real cada um dirige de uma forma”, aponta Raquel. “Os números de consumo vão depender do quanto o condutor acelera ao sair do semáforo, se ele prefere andar com o ar-condicionado ligado e até mesmo da altitude da cidade”.
A partir da individualidade de cada motorista, Raquel Mizoe propõe que a melhor forma de saber os gastos mensais com combustível é fazer o teste de consumo próprio. “Esse tipo de avaliação já leva em conta o perfil de quem está dirigindo. Para obter os resultados, o condutor terá que encher o tanque com um gasolina ou etanol, anotar o quanto foi gasto e rodar normalmente”, diz ela.
“Ao término do tanque, abasteça com o outro combustível, zere o odômetro e faça o mesmo cálculo. No fim do processo, você terá a autonomia do seu carro e a relação de quanto foi gasto com gasolina e com etanol”, informa. “É importante frisar que este teste só terá validade se o percurso semanal for semelhante”.
O engenheiro de motores da Renault, Marcio Maia, deu dicas interessantes sobre como o motorista pode rodar de forma mais eficiente. De acordo com ele, calibragem, alinhamento e balanceamento são fundamentais para garantir não apenas mais economia na hora de abastecer, mas também maior durabilidade dos pneus do carro.
Filtro de ar, velas e peso desnecessário também podem acarretar em maior consumo de combustível. Pneus com pressão abaixo do ideal também podem aumentar o consumo de 1% a 3%, de acordo com estudos recentes. O filtro de ar sujo aumenta o consumo em até 20% – este deve ser trocado a cada 10 mil quilômetros, ou na recomendação específica da fabricante.
Óleo vencido ou de má qualidade também pode acarretar no atrito interno das peças do motor, o que reflete diretamente no consumo de combustível. Marcio Maia diz que o proprietário deve ficar atento, e manter a manutenção do veículo em dia para garantir números melhores.
Temperatura e altitude da cidade são fatores determinantes na obtenção dos números. Um carro em Campos do Jordão (SP) dificilmente terá o mesmo consumo que o mesmo modelo em Salvador (BA). Mas independente de onde o condutor mora, o estilo de dirigir é fundamental para garantir melhor economia de combustível.
O consumo é mais elevado na primeira marcha, que deve ser usada apenas para vencer a inércia, ou rodar em trechos muito íngremes. “Não há motivos para sair acelerando forte na saída do semáforo. Com o movimento da aceleração, perceba a hora certa de trocar de marcha”, diz Maia.
“Faça tudo na maior suavidade, executando a troca de maneira progressiva, com cuidado para não deixar subir demais o ponteiro do contagiros. Mesmo em veículos com câmbio automático, o segredo é não pisar forte no acelerador”, finaliza.
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