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Fachin diz que não há saída para crise fora da democracia

Agência Brasil

Fachin diz que não há saída para crise fora da democracia
Fachin diz que não há saída para crise fora da democracia

Redação Publicado em 01/06/2020, às 00h00 - Atualizado em 05/06/2020, às 17h12


Ministro do STF participou de uma palestra virtual promovida por uma universidade de Brasília.

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O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou nesta segunda-feira (1º) que “não deve haver saída da crise com saída da democracia” ao comentar sobre a pandemia de covid-19, crise humanitária e jurisdição em palestra virtual promovida por uma universidade de Brasília.

“Sair da crise não pode significar sair da democracia, é dentro da legalidade constitucional que precisamos enfrentar essa crise”, afirmou o ministro.

Segundo o ministro, “tal como os médicos na sala de emergência que enfrentam crise respiratória de um paciente valendo-se de protocolos, valendo-se de uma experiência anterior, do conhecimento teórico, prático, e sua expertise para salvar vidas, a teoria e a prática do direito, especialmente do constitucionalismo contemporâneo, também precisa valer-se desse seu grande protocolo que está assentado na legalidade constitucional”.

Edson Fachin também disse que “a tolerância é fundamental como respeito”. “Evidentemente também é preciso que quem demande respeito se respeite. Na exata medida de que chamar para si a liberdade de expressão para atentar contra a liberdade da expressão é ser tolerante com os intolerantes. É nessa medida que precisamos semear inclusão, semear pluralidade, numa sociedade que precisa continuar a ser um laboratório de democracia, do constitucionalismo contemporâneo.”

“Mesmo em tempos de crise o respeito a essas regras, não pode ser entendido como limite a democracia.”

O ministro defendeu que, nesse momento, medidas de enfrentamento carecem de um “alto ônus de justificação”. “É fundamental que justifiquemos para que a vida contemporânea seja um laboratório da democracia, e não seja, em hipótese alguma, um laboratório de autoritarismo”, afirmou.

Ainda segundo Fachin, não se trata se fazer “consensos epidérmicos”. “Estou a falar de viver no dissenso, que é próprio da democracia.”

“Mas nessa ambiência do dissenso, da divergência, é preciso que todos tenhamos presentes que grades de proteção da legalidade democrática não podem ser superadas, ou suplantadas para que possamos proteger a confiança que deve emergir da prestação jurisdicional e adotar uma compreensão da democracia, que é um gênero de primeira necessidade”, completou.

Fachin afirmou ainda que “estamos isolados, mas não estamos ilhados do ponto de vista de tudo aquilo que nos cerca”. “Nunca fomos tão desafiados a estarmos tão próximos. Porque a ação irresponsável de um indivíduo ou de um estado traz consequência para os demais indivíduos, e se for de um estado, traz consequências para os demais estados.”

Para o ministro, uma das respostas é “enaltecer a educação”, como “dever daqueles que tendo acesso ao saber utilizam-no não apenas para seu bem estar individual, mas também possam utilizar esse saber como instrumento de alargar a compreensão inclusiva, plural e aberta da sociedade”.

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