A prisão no Canadá da executiva chinesa Meng Wangzhou, diretora-financeira da fabricante de equipamentos de telecomunicações Huawei, representa mais que o
Redação Publicado em 07/12/2018, às 00h00 - Atualizado às 09h01
A prisão no Canadá da executiva chinesa Meng Wangzhou, diretora-financeira da fabricante de equipamentos de telecomunicações Huawei, representa mais que o acirramento da disputa comercial entre Estados Unidos e China. Traz ingredientes de uma história de espionagem na nova Guerra Fria entre chineses e americanos.
Meng foi presa enquanto fazia uma conexão entre voos em Vancouver. A notícia derrubou ontem bolsas do mundo todo e esfriou o clima de otimismo que sucedeu a trégua de 90 dias na guerra comercial, acertada entre Donald Trump e Xi Jinping na reunião do G-20 em Buenos Aires.
O pretexto é a acusação, investigada desde 2016, de a Huawei ter violado sanções impostas pelos Estados Unidos, ao exportar para o Irã equipamentos fabricados com componentes americanos. A realidade é bem mais nebulosa que um simples caso de comércio exterior.
A Huawei foi fundada em 1987 pelo pai de Meng, Ren Zhengfei, que antes desenvolvia tecnologia para o Exército chinês. É a maior fabricante de equipamentos de telecomunicações do planeta e, desde agosto, ultrapassou a Apple e se tornou a segunda maior vendedora de celulares, atrás apenas da coreana Samsung.
No Brasil, atua há 20 anos e foi, em 2017, a 11ª maior empresa do setor, com faturamento perto de R$ 2,5 bilhões, de acordo com o Anuário Telecom. É líder na área e redes corporativas, e seus equipamentos estão disseminados pelas principais operadoras telefônicas. Recentemente, firmou um acordo com o Ministério da Ciência e Tecnologia para “acelerar inovações”, “ampliar a cooperação técnica” e o “desenvolvimento de serviços de telecomunicações”.
No mundo todo, a Huawei sempre cresceu à sombra das suspeitas de ligações com o Estado chinês. Em abril, os Estados Unidos passaram a considerá-la uma ameaça à segurança e proibiram empresas e órgãos do governo de comprar seus equipamentos (como os da chinesa ZTE).
Em agosto, o governo australiano vetou a participação da Huawei e da ZTE nas licitações da nova rede de celular 5G no país. No Reino Unido, a British Telecom decidiu remover equipamento da Huawei da rede 4G hoje em fucionamento. Na Nova Zelândia, a Huawei foi proibida de fornecer dispositivos de telefonia móvel a uma telefônica local.
Austrália, Reino Unido, Canadá, Nova Zelândia e Estados Unidos formam o grupo conhecido nos círculos de espionagem como “five eyes”. Como deixaram claros os documentos vazados por Edward Snowden em 2013, os cinco países compartilham segredos de Estado e mantêm operações conjuntas de espionagem e contra-espionagem.
A ofensiva contra a Huawei ocorre num momento de suspeitas crescentes a respeito do uso, pelo governo chinês, de produtos tecnológicos para espionagem. Em 2016, veio à tona a revelação de que celulares chineses fabricados pela ZTE e pela Huawei vinham equipados com software que permitia enviar dados a servidores na China.
Em outubro, a Bloomberg Business Week publicou uma reportagem de capa afirmando que a chinesa Super Micro Components inseria em placas de hardware minúsculos chips de monitoramento – essas placas, dizia a Bloomberg, estavam no coração dos centros de processamento de Amazon e Apple e tiveram de ser substituídas às pressas.
A reportagem da Bloomberg, realizada apenas com base no depoimento de informantes anônimos, foi contestada por todas as empresas citadas. O CEO da Apple, Tim Cook, exigiu retratação. A controvérsia lançou os holofotes sobre a névoa que cerca o avanço digital chinês, cujo maior símbolo é o domínio crescente da Huawei nas telecomunicações.
A Huawei nega todas as acusações de violação das sanções e afirma operar dentro da lei em todos os países onde atua. Mesmo que tenha razão, a prisão de Meng prova que a disputa entre Estados Unidos e China transcende o campo comercial. É a principal batalha pelo poder neste milênio – dentro e fora do mundo digital.
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