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Diário do Timão – Outro elo: contratos do Corinthians têm ex-conselheiro como intermediário

Essas duas últimas são empresas ligadas ao português Antonio Manuel Carvalho Baptista Vieira, que chegou a ser denunciado pelo Ministério Público Federal na

Diário do Timão – Outro elo: contratos do Corinthians têm ex-conselheiro como intermediário
Diário do Timão – Outro elo: contratos do Corinthians têm ex-conselheiro como intermediário

Redação Publicado em 17/10/2016, às 00h00 - Atualizado às 12h10


André Campoy, com trânsito livre na diretoria, levou ao clube o patrocínio da Winner e os negócios com a Apollo e a Vector, de investidor português citado na Lava Jato

Camisa Corinthians Gustavo Herbetta (Foto: Reprodução/Twitter)

Marca da Winner na camisa do Corinthians (Foto: Reprodução/Twitter)

Vários negócios recentes feitos pelo Corinthians foram levados ao clube por um mesmo ex-conselheiro, que tem ótimo trânsito com a atual diretoria: André Palomino Campoy. Ele intermediou os contratos assinados com a Winner (patrocinadora que durou seis meses na camisa do time), com a Vector Serviços Financeiros e com a Apollo Sports.

Essas duas últimas são empresas ligadas ao português Antonio Manuel Carvalho Baptista Vieira, que chegou a ser denunciado pelo Ministério Público Federal na Operação Lava Jato – a denúncia foi recusada pelo juiz Sérgio Moro.

– Eu apresento negócios para o clube. Quando dá certo, recebo comissão como qualquer agência que faz intermediação em um negócio. Quem me paga é a empresa, não o Corinthians. Deixei de ser conselheiro para não haver conflito de interesse – disse Campoy ao GloboEsporte.com.

A cláusula 5.4 do contrato de patrocínio com a Winner deixa claro que era o Corinthians deveria pagar a Campoy R$ 1,9 milhão por “sua atuação na captação do presente patrocínio”. Outro trecho do contrato diz:

– A INTERVENIENTE [empresa de Campoy] atuou comercialmente entre as partes para viabilizar o presente contrato e será remunerada pelo CORINTHIANS.

corinthians contrato winner (Foto: Reprodução)

Trecho do Contrato entre Corinthians e Winner prevê pagamento de comissão a intermediário (Foto: Reprodução)

A Winner é uma empresa de apostas com sede no Panamá que estampou sua marca na camisa do Corinthians do início do Campeonato Paulista até meados de julho, quando o contrato foi rescindido.

O contrato com a Winner tinha duração de três anos e previa pagamentos mensais que totalizavam R$ 20 milhões, dos quais R$ 1,9 milhão deveriam ser repassados pelo clube ao intermediário.

No primeiro ano, seriam pagas seis parcelas de R$ 500 mil – a primeira só venceria em julho de 2016. No segundo ano do acordo (2017), seriam mais 12 parcelas de R$ 584 mil. No terceiro ano (2018), 12 parcelas de R$ 833 mil.

O acordo previa a exibição da marca Winner nos ombros da camisa, nos uniformes de treino e viagem, nos painéis usados nas entrevistas, placas no centro de treinamento, inserções nas telas da Arena e nas mídias sociais do clube.

O contrato foi rescindido em julho – justamente no mês em que a primeira parcela deveria ser paga. O clube afirma que a empresa pagou a multa rescisória, mas evoca “confidencialidade” para não informar exatamente quanto dinheiro ganhou com esse patrocínio.

A cláusula de rescisão previa uma multa no valor de 10% do que faltasse para ser pago no ano corrente. Ou seja, como o contrato foi rompido em 2016, o valor máximo dessa multa seria de R$ 300 mil.

André Campoy afirmou não ter recebido nada do Corinthians pela intermediação do patrocínio com a Winner.

– Não deu certo. A Winner pagou a multa, não teve comissão, não teve nada – disse o ex-conselheiro do Corinthians.

corinthians contrato winner (Foto: Reprodução)

Trecho do contrato com a Winner mostra os valores que seriam pagos ao Corinthians (Foto: Reprodução)

O GloboEsporte.com recebeu informação diferente do departamento de marketing do Corinthians ao perguntar quanto o clube pagou de comissão nesse negócio específico. A resposta está abaixo, na íntegra, sem edição:

– A praxe do Departamento Financeiro do SCCP é pagar a intermediação dos contratos, quando ela ocorre, apenas após o recebimento do valor pelo patrocinador e proporcional ao pagamento efetuado. Ou seja, o intermediário recebe apenas o percentual em cima do que o clube recebeu. No SCCP a relação com o intermediário é tão transparente que o próprio participa do contrato com o patrocinador, o que significa que o patrocinador referenda que realmente houve a intermediação e o trabalho daquela agência ou empresa na negociação do patrocínio. Os contratos como esse são assinados pelas três partes. Nesse caso foi pago ao intermediário 10% do valor recebido pelo clube como comissão. Vale ressaltar que essa prática é praxe em todo o mercado, não somente no futebol, e feito de forma totalmente transparente.

Outros negócios

O patrocínio da Winner não foi o primeiro e nem o último levado por André Campoy ao Corinthians. Meses antes, ele havia assinado como “testemunha” o contrato com a Vector Serviços de Pagamento que, segundo o clube, já está sendo rescindido.

Em 15 de agosto de 2016, ele também assinou como “testemunha” o contrato de patrocínio com a Apollo Sports. Esses dois contratos não preveem explicitamente (como no caso da Winnner) o pagamento de comissão.

Corinthians x América-MG Rodriguinho (Foto: Marcos Ribolli)

Café Bom dia e Apollo estão no uniforme do Corinthians (Foto: Marcos Ribolli)

A Apollo é uma empresa criada em 2016 com o objetivo de comprar propriedades dos clubes (como espaços nos uniformes) e revendê-los a eventuais interessados. A primeira marca a chegar ao Corinthians por meio da Apollo foi o Café Bom Dia, que também tem relação com o português Antonio Manuel Carvalho Baptista Vieira.

Questionado sobre sua relação com a Apollo, Campoy disse que conheceu os responsáveis pela empresa “numa conversa”, “num clube de charuto”, e os apresentou ao clube.

– Esse contrato com a Apollo vai ser bom para o Corinthians, vai ajudar, vai ter continuidade – disse Campoy, que não esconde sua proximidade com o ex-presidente Andres Sanchez e com o atual presidente, Roberto de Andrade.

Em nota, o Corinthians explicou como funciona a relação comercial do ex-conselheiro com o clube:

– As empresas foram apresentadas ao Corinthians por ele, assim como várias pessoas e agências próximas ou não ao clube apresentam projetos, prospects e interessados em parcerias.

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