Os “ataques sônicos” denunciados por diplomatas americanos na embaixada de Havana em 2017 podem ter sido causados pelo som de grilos, segundo cientistas dos Estados Unidos e do Reino Unido.
O caso elevou as tensões entre Cuba e EUA. O governo americano ordenou a saída de parte de seu corpo diplomático da embaixada em Havana e expulsou diplomatas cubanos em Washington.
Os diplomatas se queixavam de sintomas como dores de cabeça, tonturas, perda parcial de audição e até edemas cerebrais. Apesar da origem dos episódios ser desconhecida, o Departamento de Estado os classificou como “ataques”.
Os cientistas analisaram um áudio divulgado pela agência de notícias Associated Press com o som em questão e afirmam que o ruído é de um grilo comum na região do Caribe, o Anurogryllus celerinictus.
O cientista Fernando Montealegre-Zapata, professor de biologia da Universidade de Lincoln, disse ao jornal “The Guardian” que o grilo emite um barulho considerado muito alto(ouça uma gravação do ruído feito pelo animal num site da Universidade da Flórida que não tem relação com o caso dos “ataques sônicos”).
“A gravação é definitivamente de um grilo que pertence ao mesmo grupo”, afirmou. “O som dessa espécie caribenha é de cerca de 7.000 Hz, e é emitida a uma taxa muito alta, o que dá aos seres humanos a sensação de um tinido contínuo e agudo”, explicou.
O estudo, que Montealegre-Zapata fez com Alexander Stubbs, da Universidade da Califórnia, afirma que a gravação divulgada pela AP tem uma estrutura de pulso sonoro diferente da que é emitida por uma fonte natural como um inseto, mas quando o som do grilo é emitido por um alto-falante e gravado em ambientes internos ele se assemelha ao que foi ouvido.