Você já pensou em como é a vida e como está a saúde daqueles que cuidam dos pais idosos, dos filhos que estão doentes ou de quem tem alguma deficiência? O
Redação Publicado em 17/05/2020, às 00h00 - Atualizado às 12h23
Você já pensou em como é a vida e como está a saúde daqueles que cuidam dos pais idosos, dos filhos que estão doentes ou de quem tem alguma deficiência? O programa Caminhos da Reportagem desta semana vai mostrar a importância do trabalho das pessoas que se dedicam a cuidar de alguém.
No mundo inteiro, o cuidado ainda tem rosto de mulher, já que 75% das pessoas que cuidam são meninas ou mulheres. A pesquisa Tempo de Cuidar, publicada pela Oxfam, mostrou que 42% delas têm dificuldade de encontrar trabalho porque se encarregam de alguém da família.
Com o envelhecimento da população e a redução do tamanho das famílias, a questão do cuidado também traz impacto econômico. Se as cuidadoras informais fossem remuneradas, esse mercado poderia movimentar três vezes mais dinheiro do que a indústria de tecnologia, revela a pesquisa da Oxfam. O aumento da demanda também faz crescer a procura por cuidadores profissionais. No Brasil, por exemplo, esta é a profissão que mais cresce. Nos últimos 10 anos, o número de cuidadores profissionais aumentou 547%.
A pandemia provocada pela covid-19 tem exigido ainda mais cuidado e transformado a rotina na casa dos brasileiros. Esta edição do Caminhos da Reportagem é resultado de histórias de cuidadoras que mostram parte das suas atividades, falam sobre preocupações, dificuldades, medos e angústias. Elas também se abrem para falar sobre vínculos, conquistas, afeto e amor.
Berna Almeida transformou a dor da perda em um projeto de cuidadores voluntários. Com a morte da mãe, de quem cuidou por sete anos, a sensação de vazio foi amenizada por uma rede de solidariedade. “Ou eu ficava de cama, ou eu fazia alguma coisa. Foi aí que surgiu o projeto Conte Comigo. A pessoa vai na sua casa e pode doar o tempo que ela quiser – uma hora, duas, três, quatro. Você quer ir lá só pra conversar? Vai lá só para conversar. Quer ajudar a dar um banho? Vai lá ajudar a dar um banho”, explica.
“Uma coisa que ajuda humanos, em geral, seja cuidador, seja paciente, seja profissional, é pedir ajuda. A gente tem a sensação de que precisa ser autossuficiente. E, muitas vezes, na hora em que a gente consegue pedir ajuda, tem mais chances de resolver problemas”, afirma o médico intensivista e paliativista Daniel Neves Forte.
O adoecimento de cuidadores muitas vezes passa despercebido. “Isso é uma questão muito séria, porque a gente percebe o quanto de desgaste eles têm em relação a esses cuidados. Muitos deles são idosos cuidando de outros idosos”, lembra Andrea Faustino, do Núcleo de Estudos da Terceira Idade da Universidade de Brasília.
Foi com o apoio de outras famílias e com ajuda psicológica que Jéssica Guedes se fortaleceu para cuidar das filhas. Rafaela, a mais nova, tem uma doença rara e depende de home care, uma internação domiciliar. Com a psicóloga, Jéssica formou um grupo terapêutico para mães de crianças com doenças raras. “O grupo é um tempo pra eu cuidar de mim, da minha qualidade de vida, da qualidade de vida das minhas filhas e pensar que a gente pode viver mais leve”, diz Jéssica.
Segundo a médica geriatra Ana Cláudia Arantes, muitas vezes o cuidador está tão atento a pessoa que ele cuida, que deixa de cuidar de si mesmo. “Ele só olha para a pessoa que ele cuida. É necessário que as pessoas se coloquem ao lado daquele que cuida a ponto de propiciar que ele descanse”.
AGENCIA BRASIL
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