O levantamento de apoios regionais no Brasil, publicado hoje pelo G1, comprova a importância das alianças na campanha eleitoral – e mostra por que o segundo
Redação Publicado em 28/09/2018, às 00h00 - Atualizado às 17h16
O levantamento de apoios regionais no Brasil, publicado hoje pelo G1, comprova a importância das alianças na campanha eleitoral – e mostra por que o segundo turno mais provável da eleição presidencial deverá opor Jair Bolsonaro (PSL) a Fernando Haddad (PT).
Havia duas dúvidas no início da campanha: 1) até que ponto o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva transferiria votos a seu indicado quando fosse impedido de concorrer pela Lei da Ficha Limpa; 2) até que ponto o crescimento de Jair Bolsonaro resistiria a candidatos com mais tempo de televisão e palanques regionais mais sólidos.
A resposta já está clara: Lula transferiu; Bolsonaro resistiu. Parte das razões são demonstradas pelo levantamento divulgado hoje. Das cinco candidaturas em tese viáveis, Bolsonaro foi quem reuniu o maior número de apoios explícitos entre os candidatos a governador: 27. Haddad vem logo atrás, com 25. Geraldo Alckmin, Ciro Gomes e Marina Silva têm, respectivamente, 19, 14 e 14.
Mais que isso, o levantamento mostra detalhadamente como Bolsonaro fez desmoronar a estrutura de alianças armada por Alckmin e como Haddad resgatou os redutos de voto petista assediados por Ciro.
Alckmin montou a maior coalizão partidária, reuniu nove partidos e 44,3% do tempo no horário eleitoral gratuito. Sofreu um revés com o atentado contra Bolsonaro, que rendeu à vítima uma exposição noticiosa inesperada e contínua na TV. Levou outro golpe com a traição de partidos de sua coalizão nos palanques regionais.
O PSDB tem apenas 12 candidatos a governador, mas o arco de alianças em torno de Alckmin poderia lhe garantir o apoio de até 74 postulantes a governos estaduais. Pois, de acordo com o levantamento, obteve apenas 6 fora de seu partido. No total, conseguiu apenas 26% dos apoios possíveis, apesar da maior coalizão.
Bolsonaro, em contraste, obteve 69% dos apoios possíveis entre os candidatos a governador, o maior índice entre todas as candidaturas viáveis. Não é difícil encontrar candidatos como Alberto Fraga (DEM-DF), Rogério Rosso (PSD-DF) ou Índio da Costa (PSD-RJ), que preferiram apoiar Bolsonaro a Alckmin. Ou candidatos a governador que preferiram Bolsonaro a Henrique Meirelles, Álvaro Dias ou mesmo a Haddad.
Em Rondônia, Paraná ou Santa Catarina, estados que votaram no PSDB nas últimas eleições, Bolsonaro é quem obtém o maior número de apoios declarados entre os candidatos a governador. Para não falar nos apoios discretos que reuniu entre aliados de Alckmin no Centro-Oeste e no Rio Grande do Sul. O próprio vice do candidato tucano ao governo de Minas Gerais, Antônio Anastasia, foi gravado apoiando Bolsonaro.
Supondo que a força dos palanques regionais de todos os candidatos some 100% e calculando a proporção de apoios possíveis, Alckmin deveria ser o candidato mais forte (15%), seguido por Haddad (11%). Só então viriam Bolsonaro (9%), Ciro (5%) e Marina (5%). Mas as traições à candidatura tucana enfraqueceram Alckmin a ponto de Haddad vir em primeiro (13%), Bolsonaro em segundo (12%) e ele aparecer apenas em terceiro (10%). Marina (7%) e Ciro (6%) vêm logo em seguida.
A demora de Lula para indicar Haddad como herdeiro não teve o mesmo efeito nos apoios regionais reunidos pelo PT. Apesar de disputar com Ciro o campo da esquerda, sobretudo nos estados da região Nordeste, Haddad foi quem mais conseguiu reunir apoios depois de Bolsonaro. Dos possíveis, obteve 46%, ante 34% de Ciro e 33% de Marina (a média de todos os candidatos foi 35%).
Ciro sofreu defecções em Mato Grosso, onde o candidato do DEM o apoiava até agosto, divide o palanque do DEM com Alckmin no Pará e até no seu próprio estado, o Ceará, tem de dividir o palanque com o candidato petista, Camilo Santana, que também apoia Haddad. Em nenhum estado obteve apoio de mais de um candidato ao governo.
Haddad, ao contrário, conta com a máquina petista no Nordeste, onde vários candidatos de outros partidos fora o PT estão com ele. É o caso dos pernambucanos Paulo Câmara e Armando Monteiro (ainda que, em função da disputa local, este não declare apoio formal), do alagoano Renan Filho ou do sergipano Belivaldo Chagas.
Para quem imaginava que esta eleição traria o novo, ou que alguma candidatura romperia os fundamentos das campanhas eleitorais no Brasil, o levantamento demonstra que eles continuam valendo. Óbvio que uma candidatura de sucesso atrai apoiadores. Mas é ainda mais óbvio que, num país de dimensões continentais, ninguém se elege sem uma estrutura regional de campanha.
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