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Ciência

Pesquisa explica por que os mosquitos preferem ‘atacar’ certas pessoas do que outras

Os cientistas enumeraram os fatores que deixam algumas vítimas mais vulneráveis a esses insetos

Os pesquisadores avaliaram pessoas que eram os alvos mais cobiçados pelos mosquitos - Imagem: Freepik
Os pesquisadores avaliaram pessoas que eram os alvos mais cobiçados pelos mosquitos - Imagem: Freepik

Mateus Omena Publicado em 19/10/2022, às 17h04


A chegada da primavera marca o período dos dias ensolarados e a preparação para o verão. No entanto, essa época também é caracterizada pela alta dos mosquitos.

Muitas pessoas ficam incomodadas quando são frequentemente picadas por esses insetos, enquanto outros nem os percebem. Para especialistas, isso pode significar que os mosquitos preferem sangue de determinados humanos do que de outros.

De acordo com a revista científica “Cell”, um grupo de pesquisadores tem se dedicado a descobrir o motivo dos mosquitos serem tão exigentes em relação aos seus alvos humanos e por que o sangue de algumas pessoas é mais atraente.

Os estudos apontaram que os principais fatores para esse comportamento são tipo sanguíneo, genes e suor.

Alguns experimentos anteriores evidenciaram que as vítimas também são escolhidas pelo seu cheiro, já que os odores exalados pelo organismo são rastreados no ar pelos mosquitos, cujas antenas funcionam como nariz. Além disso, a composição ácida da pele pode ser o fator decisivo na seleção feita por um mosquito.

Para descobrir se odores corporais mais intensos ou leves são os "ímãs" de mosquitos, os cientistas coletaram amostras de odor de pele humana fazendo com que pessoas que foram picadas por mosquitos mais vezes usassem meias de nylon em seus antebraços.

O mesmo método foi aplicado em um grupo de voluntários que quase nunca foram picados pelos insetos, para que pudessem comparar o odor de pessoas que eram atraentes ou não para os mosquitos.

No final, o experimento revelou que a atratividade de uma pessoa para os mosquitos foi mantida por meses e foi associada a uma abundância de ácidos carboxílicos, um grupo de ácidos orgânicos.

“Indivíduos altamente atraentes produziram níveis significativamente mais altos de três ácidos carboxílicos – ácidos pentadecanóico, heptadecanóico e nonadecanóico – bem como 10 compostos não identificados nesta mesma classe química”, explicaram os autores do estudo.

Embora houvesse características desejáveis ​​em termos de ácido carboxílico para atrair um mosquito, não parecia haver um padrão de odores da pele humana no grupo "não atraente para mosquitos". Isso indicaria que uma pessoa pode ter atrativos, aumentando o risco de ser picada, mas não parece haver repelentes que possam ajudar a manter uma pessoa livre de picadas.

Existem soluções?

Os autores do estudo observam que ainda não há evidências suficientes para identificar a abundância de ácido carboxílico como o fator causal na atratividade aos mosquitos. Isso significa que, por enquanto, não se sabe como as pessoas mais visadas por esses insetos podem reverter sua fragilidade. A única maneira de fazer isso seria removendo de alguma forma os ácidos carboxílicos da pele de alguém conhecido por ser atraente para os mosquitos.

Mesmo assim, as descobertas ajudam os especialistas a entenderem como os mosquitos agem, para criarem estratégias de combate de doenças graves transmitidas por eles e métodos de prevenção.

“As preferências de atração de mosquitos vetores de doenças têm implicações importantes para a saúde pública, pois estima-se que em áreas endêmicas de doenças uma pequena fração de humanos seja mais frequentemente alvo, e esses indivíduos sirvam como reservatório de patógenos”, concluíram os pesquisadores.

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