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Estado de SP descumpre ordem da Justiça de novembro de 2021 para fazer cirurgia corretiva em idosa em hospital público

O governo do estado de São Paulo descumpriu uma decisão judicial de novembro de 2021 que determinou, sob pena de sequestro de R$ 100 mil, a imediata

Estado de SP descumpre ordem da Justiça de novembro de 2021 para fazer cirurgia corretiva em idosa em hospital público
Estado de SP descumpre ordem da Justiça de novembro de 2021 para fazer cirurgia corretiva em idosa em hospital público

Redação Publicado em 05/01/2022, às 00h00 - Atualizado às 07h54


O governo do estado de São Paulo descumpriu uma decisão judicial de novembro de 2021 que determinou, sob pena de sequestro de R$ 100 mil, a imediata realização de uma cirurgia para correção de um procedimento feito na perna de uma idosa de 81 anos há dois anos, após ter ocorrido a quebra de placas colocadas no joelho da paciente.

A família da aposentada Coralia Silveira Amaral alega que, devido ao rompimento das placas, a idosa está com o corpo inchado e sente muitas dores. Em 2021, durante a pandemia de Covid-19, começaram a aparecer bolhas de sangue pelo corpo dela.

Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde negou atraso no procedimento, disse que está prestando apoio à paciente e que ela tem exames médicos pré-operatórios marcados para janeiro (leia mais abaixo).

Placas colocadas em perna de idosa de 81 anos durante hospital em SP se romperam — Foto: Arquivo Pessoal
Placas colocadas em perna de idosa de 81 anos durante hospital em SP se romperam — Foto: Arquivo Pessoal

No processo judicial, os parentes juntaram documentos e pareceres de médicos e dermatologistas afirmando que os danos são decorrentes das placas colocadas e que se romperam pelo corpo.

Após a decisão judicial que determinou a imediata realização da cirurgia no Hospital Geral Vila Penteado, na Vila Iracema, onde o primeiro procedimento foi realizado, o governo de São Paulo afirmou no processo que a busca da paciente pelo procedimento pelas vias judiciais não se justificava, pois ela já estava sendo atendida, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), no próprio hospital, e que estava com exames pré-operatórios marcados para dezembro.

Para o governo, como não há falta de atuação estatal no caso, “não é lícito afirmar que o Poder Público Estadual tenha de alguma forma recusado a realização da cirurgia”.

Um laudo médico incluído no processo pela Procuradoria-Geral do Estado em 8 de dezembro confirmou a necessidade do procedimento.

Em nota, a secretaria informou que “o Hospital Geral de Vila Penteado tem prestado toda a assistência ao caso, que passou por consultas e exames na unidade em todo o ano de 2021, especialmente nos meses de novembro e dezembro”. “A paciente tem consulta agendada para janeiro na especialidade de cardiologia como requisito pré-operatório no Ambulatório Médico de Especialidades (AME) Maria Zélia para então dar seguimento ao seu tratamento. O Hospital segue à disposição dos familiares e da paciente”.

Perna quebrada

Gilson, filho de Coralia, está preocupado com a demora.

“Minha mãe está com a perna quebrada há mais de dois anos. O hospital fez a cirurgia malfeita, os parafusos colocados quebraram e agora eles ficam enrolando e não faz a cirurgia para consertar o serviço. Minha mãe tem 81 anos, e a perna está inchada, agora o corpo começou a encher de bolhas de sangue. Passamos em duas médicas dermatologista que disseram que é devido à perna quebrada”, explica ele.

E emenda: “A solução é fazer a cirurgia na perna, mas o diretor do hospital não autoriza por falta de material. Agora, minha mãe está correndo o risco de perder a perna. A Justiça já deu a liminar pedindo esclarecimentos ao hospital, mas a morosidade continua. Eu estou revoltado demais. Não é justo”.

Em 29 de dezembro, o plantão judicial do Tribunal de Justiça negou o pedido do advogado da família para bloquear os recursos do estado de São Paulo, alegando que isso deveria ser feito no processo normal, após o fim do recesso do Judiciário, nesta semana.

“A juíza plantonista afirmou não existir qualquer elemento que justificasse as medidas drásticas de constrição patrimonial do estado em sede de plantão”, afirmou o advogado da família, João Mazzei Ribeiro.

“Já houve advertência ao estado de que, se não fossem adotadas as providências em 5 dias, poderia haver o sequestro de R$ 100 mil da conta do estado”, explica.

“Ela não pode ser prejudicada por uma negligência médica devido a um procedimento anteriormente realizado”, defende o advogado, que voltará a pedir o bloqueio judicial dos recursos do governo de São Paulo nesta semana.

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G1

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