A novidade pode ajudar cirurgiões em procedimentos estéticos ou no tratamento de queimaduras
Mateus Omena Publicado em 06/02/2023, às 12h18
Bioengenheiros da Universidade Columbia (EUA) criaram uma técnica que cultiva pele em forma de mão para ajudar os cirurgiões a enxertar pele artificial em uma parte do corpo queimada ou com outros ferimentos graves.
Os cientistas divulgaram o estudo em 27 de janeiro, em um artigo publicado na revista Science Advances.
O mecanismo trouxe uma maneira mais eficiente de cultivar pele artificial em formas tridimensionais complexas. Assim, os cientistas podem construir uma "luva" sem costura de células da pele que pode ser facilmente colocada em uma mão ferida.
O enxerto 3D é composto por fragmentos planos e funciona como um papel de embrulho sobre a parte do corpo de um paciente onde ocorre o tratamento. Mas, a maior dificuldade na projeção da pele é costurar os pedaços em torno de uma área que tenha formato irregular, deixando o processo mais complexo.
Apesar dessa limitação, o estudo aponta que os enxertos 3D contínuos dispõe das melhores propriedades mecânicas e funcionais, em compararação com os enxertos convencionais em pedaços.
"Construções de pele tridimensionais que podem ser transplantadas como 'roupas biológicas' teriam muitas vantagens", explicou Hasan Erbil Abaci, principal desenvolvedor do projeto e professor da Columbia University. "Elas minimizam drasticamente a necessidade de sutura, reduziram a duração das cirurgias e melhoraram os resultados estéticos".
A criação dos novos enxertos de pele se inicia com uma varredura a laser 3D da estrutura do corpo que será tratada, como uma mão humana. Mais tarde, um modelo oco e permeável da mão é projetado, por meio de design feito por computador e impressão 3D.
O exterior do modelo é formado por fibroblastos da pele, que contribuem para a formação do tecido conjuntivo da pele e colágeno (uma proteína estrutural).
Em seguida, o exterior do molde passa a ser revestido com uma mistura de queratinócitos (células que compreendem a maior parte da camada externa da pele, ou epiderme) e o interior é perfundido com meios de crescimento, que sustentam e nutrem o enxerto em desenvolvimento.
O primeiro teste da pele projetada em 3D consistiu em construções compostas de células da pele humana, que foram enxertadas com sucesso em camundongos.
"Foi como colocar um par de shorts nos ratos", declarou Abaci, "Toda a cirurgia levou cerca de 10 minutos." Quatro semanas depois, os enxertos se integraram completamente à pele circundante do camundongo, e os roedores readquiriram todas as funções do membro.
Os pesquisadores afirmaram que a pele do camundongo cicatriza de maneira diferente da pele humana, então eles planejam testar os enxertos em animais maiores com uma pele que, estética e geneticamente, se aproxima mais da dos humanos.
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