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Prefeitura de SP propõe ao Ministério da Saúde exigência de teste negativo de Covid em aeroportos para conter variante indiana do coronavírus

O secretário municipal da Saúde de São Paulo, Edson Aparecido, propôs em reunião virtual realizada neste sábado (22) com o ministro da Saúde, Marcelo

ministerio da saude
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Redação Publicado em 23/05/2021, às 00h00 - Atualizado às 09h20


Secretário municipal da Saúde, Edson Aparecido, participou neste sábado (22) de reunião virtual com o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. Na quinta-feira (20), estado do Maranhão confirmou registro dos primeiros casos no Brasil de variante indiana.

O secretário municipal da Saúde de São Paulo, Edson Aparecido, propôs em reunião virtual realizada neste sábado (22) com o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que barreiras sanitárias sejam feitas em aeroportos, rodoviárias e rodovias para tentar conter a disseminação da variante indiana do coronavírus.

Entre as medidas propostas estão a exigência de teste negativo para Covid do tipo RT-PCR para passageiros que cheguem a São Paulo vindos de voos do Maranhão nos aeroportos de Congonhas e Campo de Marte, na capital paulista, e Cumbica, em Guarulhos.

Na quinta-feira (20), o estado do Maranhão os primeiros casos no Brasil da variante indiana, chamada de B.1.617. Eles foram registrados em tripulantes que estavam em um navio vindo da África do Sul. Antes do Brasil, o único país na América Latina que havia confirmado a presença da variante havia sido a Argentina.

Também foi sugerida a busca por pacientes sintomáticos em rodoviárias, que serão encaminhados para unidades de saúde próximas para a realização de teste RT-PCR. Caso o teste seja positivo, a pessoa deverá ser isolada e monitorada por dez dias.

“A ideia é que a gente possa, em uma ação integrada e comandada pela Anvisa, fazermos todo esse processo de triagem, de isolamento e monitoramento, de ações educativas que possam ser preventivas em relação à circulação de novas variantes, principalmente a variante indiana”, disse Aparecido em entrevista à GloboNews.

De acordo com o secretário, houve uma sinalização por parte do ministro para que as ações também possam ser adotadas em âmbito nacional.

“As sugestões feitas pela cidade de São Paulo o ministro viu com muito bons olhos, dizendo inclusive que poderia se transformar em uma orientação nacional.”

As ações nas rodoviárias podem começar a valer a partir da segunda-feira (24), segundo Aparecido.

“Acreditamos pelo menos preparar as funções de triagem com as nossas equipes, que nós vamos montar já nesse domingo para tentarmos colocar em trabalho na segunda-feira. Sobretudo, no Terminal Rodoviário do Tietê, onde chegam dois ônibus por semana do Maranhão”, disse o secretário.

Também participaram da reunião deste sábado representantes da Secretaria Estadual de Saúde, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o prefeito de Guarulhos, Gustavo Henric Costa (PSD).

Portaria do Ministério da Saúde publicada 14 de maio proibiu a entrada no Brasil de voos vindos do Reino Unido, Irlanda do Norte, África do Sul e Índia.

A mesma portaria recomenda que visitantes que estiveram do Reino Unido, Irlanda do Norte, África do Sul e Índia no últimos 14 dias não entrem no país, mas a regra não se aplica para brasileiros, naturalizados e imigrantes com moradia definitiva no país.

Após a reunião, o Ministério da Saúde afirmou por meio de nota que a Anvisa tem intensificado a vigilância em aeroportos, incluindo abordagem a passageiros antes e após voos. No entanto, não confirmou se será adotada a exigência de testagem para passageiros do Maranhão e Argentina.

“Considerando que São Paulo é a maior cidade do país e Guarulhos é o maior aeroporto, devemos reforçar a vigilância para que essa variante não se espalhe pelo Brasil”, disse o ministro Marcelo Queiroga no comunicado.

Veja a proposta da Secretaria Municipal de Saúde

Ações nos aeroportos Campo de Marte, Congonhas e Cumbica:

  • Exigência de teste PCR negativo para Covid no momento do embarque em voos vindos do Maranhão e Argentina;
  • Detecção de passageiros com sintomas respiratórios;
  • Isolamento: encaminhamento para avaliação e testagem com RT-PCR. Isolamento e monitoramento por 10 dias a partir do inicio dos sintomas;
  • Alertas: emissão de alertas sonoros e visuais nos aeroportos sobre sintomas, formas de prevenção e contenção da doença.

Ações em rodoviárias – transporte terrestre​:

  • Equipes farão triagem em passageiros de transporte terrestre buscando sintomáticos e aferindo a temperatura;
  • Isolamento: sintomáticos respiratórios detectados serão levados para unidade de urgência da região. Será realizada testagem com RT-PCR;
  • Serão isolados e monitorados por 10 dias a partir do inicio dos sintomas;
  • Ações educativas e de prevenção: passageiros assintomáticos serão orientados e receberão um check-list para detecção dos sintomas, formas de prevenção;
  • Se foram comunicantes do caso suspeito, serão isolados e monitorados por 14 dias a partir do último contato.

Rodovias e vias de acesso ao município de São Paulo:​

  • Ações em pedágios e postos de pesagem de caminhões: distribuição de cartilha com informações sobre sintomas, formas de prevenção e contenção da doença;
  • Alertas visuais: informações divulgadas em painéis eletrônicos nas rodovias de acesso.

Estudos para monitoramento de novas variantes​:

  • Parceria com o Instituto Butantan e Instituto de Medicina Tropical da USP;
  • Seleção de amostras com RT-PCR detectáveis e encaminhamento para sequenciamento genético para detecção da variante;
  • Coletas em Unidades de Saúde: amostras por semana epidemiológica, abrangendo as 6 regiões do município.

Epidemia em São Paulo

Até o momento, nenhum caso da variante identificada pela primeira vez na Índia foi detectado na capital paulista. A variante predominante São Paulo é a brasileira (P1), que, segundo as autoridades de saúde, tem levado mais gente aos hospitais, e por mais tempo.

Segundo a Prefeitura, a cidade iniciou em abril, em parceria com o governo do estado, o encaminhamento de parte das amostras de exames PCR-RT positivos ao Instituto Butantan para análise genômica para identificar as cepas circulantes neste momento no município de São Paulo.

Atualmente, a taxa de ocupação média para pacientes com Covid no município – que inclui os hospitais municipais e os leitos contratados – é de 77% nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI) e 61% em enfermaria. No entanto, alguns hospitais já apresentam lotação máxima.

Dos 21 hospitais municipais da capital, seis já têm mais de 80% de ocupação, que é um número considerado como indício de colapso por especialistas. De acordo com a gestão municipal, 54 pacientes aguardam transferência para leitos de UTI no município.

Durante a fase emergencial, a mais restritiva da quarentena no estado, houve uma melhora na ocupação de leitos. No entanto, o número de novas internações parou de cair após as flexibilizações econômicas permitidas na fase de transição.

O estado apresenta estabilidade de novas internações, casos e mortes, mas em patamar ainda muito alto. Apesar dos índices preocupantes da epidemia, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou na quarta-feira (19) novas flexibilizações da quarentena para os próximos dias em todo o estado.

Em coletiva de imprensa na quinta-feira (20), o prefeito Ricardo Nunes (MDB), afirmou que caso exista um novo aumento da epidemia na capital, novos leitos serão abertos. “Se houver uma nova onda, a cidade de São Paulo está absolutamente preparada para abrir 250 leitos de UTI em curto espaço de tempo”, disse o prefeito.

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Fonte: G1

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