Dois dias depois das manifestações de 7 de setembro, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, rebateu as suspeitas levantadas
Redação Publicado em 09/09/2021, às 00h00 - Atualizado às 14h23
Dois dias depois das manifestações de 7 de setembro, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, rebateu as suspeitas levantadas pelo presidente Jair Bolsonaro sobre a confiabilidade do sistema eleitoral brasileiro. Barroso falou sobre o assunto ao discursar na abertura da sessão da corte na manhã desta quinta-feira (9).
“Todos sabem que não houve fraude e quem é o farsante nessa história”, afirmou Barroso. “Quando fracasso bate à porta, é preciso encontrar culpados.” O ministro disse que “o populismo vive de arrumar inimigos para justificar o seu fiasco. Pode ser o comunismo, pode ser a imprensa, podem ser os tribunais”.
Ao defender as urnas eletrônicas, Barroso insistiu que as eleições brasileiras são seguras, limpas, democráticas e auditáveis. Numa referência ao discurso de Bolsonaro a apoiadores no 7 de setembro, quando o presidente defendeu a “contagem pública de votos”, Barroso argumentou que isso seria “como abandonar o computador e regredir, não à máquina de escrever, mas à caneta tinteiro”. “Seria um retorno ao tempo da fraude e da manipulação. Se tentam invadir o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal, imagine-se o que não fariam com as seções eleitorais”, observou o presidente do TSE.
Luís Roberto Barroso lembrou ainda que as urnas não entram em rede e não são acessíveis remotamente. “Podem tentar invadir os computadores do TSE e obter dados cadastrais, ataques de negação de serviço aos sistemas, mas nada disso é capaz de comprometer o resultado das eleições”, garantiu.
Ainda segundo Barroso, começa a ficar cansativo no Brasil ter que “repetidamente desmentir falsidades, para que não sejamos dominados pela pós-verdade, pelos fatos alternativos, para que a repetição da mentira não crie a impressão de que ela se tornou verdade. É muito triste o ponto a que chegamos”, declarou.
Ainda sobre declarações do presidente contra o Judiciário nos atos da última terça-feira, o ministro classificou as falas como “retórica vazia, política de palanque”. “Insulto não é argumento. Ofensa não é coragem. A incivilidade é uma derrota do espírito. A falta de compostura nos envergonha perante o mundo”, criticou.
Na avaliação de Barroso, a “marca Brasil” sofre neste momento uma desvalorização global. “Não é só o real que está desvalorizando. Somos vítima de chacota e de desprezo mundial. Um desprestígio maior do que a inflação, do que o desemprego, do que a queda de renda, do que a alta do dólar, do que a queda da bolsa, do que desmatamento da Amazônia, do número de mortos pela pandemia, do que a fuga de cérebros e de investimentos. Mas pior de tudo. A falta de compostura nos diminui perante nós mesmos. Não podemos permitir a destruição das instituições para encobrir o fracasso econômico, social e moral que estamos vivendo”, afirmou.
Luís Roberto Barroso destacou ainda que o mundo vive um processo de “recessão democrática” e que teme que isso afete o Brasil. “É desse clube que nós não queremos que o Brasil faça parte”, afirmou.
Barroso fez ainda uma metáfora com a passagem bíblica João 8:32. “Conhecereis a verdade e ela vos libertará”. “O slogan para o momento brasileiro, ao contrário do propalado, parece ser: “Conhecerás a mentira e a mentira te aprisionará”, ressaltou o ministro.
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Agência Brasil
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