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ONU

"É hora dos super-ricos pagarem a conta", afirma Lula em discurso forte

Discurso do presidente pede reforma da ONU e critica desigualdades financeiras internacionais

Presidente aponta que países em desenvolvimento enfrentam juros abusivos e condições financeiras desiguais - Imagem: Reprodução / Ricardo Stuckert / PR / Agência Brasil
Presidente aponta que países em desenvolvimento enfrentam juros abusivos e condições financeiras desiguais - Imagem: Reprodução / Ricardo Stuckert / PR / Agência Brasil

Sabrina Oliveira Publicado em 25/09/2024, às 13h15


Em um discurso realizado nesta quarta-feira (25), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) destacou a urgência de uma taxação sobre os super-ricos, defendendo que esse é um passo crucial para reduzir desigualdades sociais e financiar ações contra as mudanças climáticas. Segundo Lula, essa medida é fundamental para garantir recursos destinados a prioridades globais, como o desenvolvimento sustentável.

Além de propor a taxação dos bilionários, o presidente criticou severamente a atual estrutura financeira global, que ele considera injusta para países em desenvolvimento. Ele afirmou que essas nações enfrentam dificuldades muito maiores para conseguir financiamento, o que impede seu crescimento e compromete o combate à pobreza.

Críticas ao Sistema Internacional

Lula destacou que, em 2023, o Brasil destinou cerca de R$ 614 bilhões ao pagamento de juros da dívida pública, um exemplo das condições injustas impostas pelo sistema financeiro global. Ele argumentou que os países mais ricos têm acesso a empréstimos com taxas de juros muito mais baixas, enquanto os países em desenvolvimento, como os da América Latina e África, pagam juros elevados, o que agrava suas dificuldades econômicas.

“O primeiro passo para mudar isso é eliminar o caráter regressivo da arquitetura financeira internacional", disse Lula, mencionando que o Sul Global é tratado de forma desproporcional nas condições de financiamento.

Endividamento e Investimentos

Outro ponto levantado por Lula foi o impacto do endividamento excessivo, que impede os países em desenvolvimento de investir em áreas essenciais, como infraestrutura e sustentabilidade. O presidente mencionou que, em 2022, os países em desenvolvimento pagaram US$ 49 bilhões a mais aos credores do que receberam em novos financiamentos, um desequilíbrio que precisa ser corrigido.

Lula também criticou a falta de representatividade de regiões como América Latina, Caribe e África nas instituições internacionais, citando o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial como exemplos de órgãos que não refletem a realidade atual do mundo.

Reforma Urgente na ONU

Durante seu discurso na Assembleia Geral da ONU, Lula enfatizou que a governança dessas instituições precisa ser reformada para incluir mais vozes do Sul Global. Ele apontou que a falta de representatividade perpetua uma lógica colonial, onde as grandes potências tomam decisões que afetam o mundo inteiro sem a devida consulta aos países em desenvolvimento.

Segundo o presidente, é necessário aumentar o número de cadeiras para esses países em instituições globais e mudar a forma como os fundos ambientais são geridos, garantindo que nações com grandes áreas florestais e biodiversidade tenham mais participação nas decisões.

Lula concluiu seu discurso reforçando a necessidade de uma profunda reforma nas instituições multilaterais, para que se tornem mais justas e equilibradas, e pediu um esforço global para garantir que os mais ricos contribuam de maneira justa para o bem-estar do planeta.

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