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Dois meses após anúncio de Bolsonaro e Musk, nenhuma parceria foi fechada, diz governo

Viagem custou mais de R$ 90 mil só em diárias e passagens

Bolsonaro e Elon Musk no encontro em que foi anunciada parceria - Imagem: Reprodução | Redes Sociais
Bolsonaro e Elon Musk no encontro em que foi anunciada parceria - Imagem: Reprodução | Redes Sociais

G1 Publicado em 19/07/2022, às 10h07


Dois meses após o bilionário Elon Musk ser recebido com alarde pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) num encontro em que foi anunciado um projeto para levar internet a escolas na zona rural do país e para monitorar a Amazônia, nenhuma parceria saiu do papel.
A informação consta nas respostas do governo a três ofícios com questionamentos de deputados federais encaminhados ao Palácio do Planalto. Ao g1, o Ministério das Comunicações disse que, se algum acordo vier a ser firmado, será de "forma legal e transparente", seguindo a legislação sobre licitações e contratos administrativos.
Controversa, a negociação é criticada por setores porque o Brasil já tem mecanismos tecnológicos para monitoramento da Amazônia. Desde 1988, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, processa os dados da floresta via satélite. Uma análise de especialistas apontou que o problema é a falta de fiscalização de órgãos responsáveis.

Starlink já opera em parte do país
Na ocasião, sem dar detalhes, como prazo e custos, Bolsonaro disse que havia o "início de um namoro" ao anunciar um possível acordo com a Starlink, companhia de sistema de satélites da SpaceX, empresa de foguetes espaciais de Musk. Considerado o homem mais rico do mundo, ele é dono ainda da Tesla, que fabrica carros elétricos.
Bolsonaro viajou ao interior de São Paulo especialmente para encontrar o empresário — indo na contramão do protocolo de praxe, em que o visitante, por deferência, é quem vai até o mandatário. Mais de R$ 90 mil foram gastos no cartão corporativo da Presidência da República com passagens e diárias pela equipe presidencial de apoio. O Ministério das Comunicações não divulgou quanto investiu no evento (mais detalhes abaixo).
O evento, realizado em 20 de maio em um hotel luxuoso na cidade de Porto Feliz, reuniu cerca de cem convidados, incluindo empresários, a fim de debater iniciativas tecnológicas. A participação do presidente foi articulada pelo ministro das Comunicações, Fábio Faria.
Bolsonaro levou ainda para o almoço outros ministros, como Carlos França (Relações Exteriores), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria-Geral), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional da Presidência), Paulo Sérgio (Defesa) e Ciro Nogueira (Casa Civil).
O encontro do presidente com o bilionário animou apoiadores do líder brasileiro, que foram às redes sociais elogiar a atuação de ambos. Musk é visto com simpatia por militantes da direita pela sua intenção, depois fracassada, de comprar o Twitter.
Musk chegou a defender que a plataforma deveria ser uma "arena" da defesa da liberdade de expressão, argumento usado também por grupos conservadores, alvos constantes da rede sob acusação de disseminarem conteúdo falso.
Na reunião de maio, Bolsonaro, que é investigado no inquérito das fake news no Supremo Tribunal Federal (STF), disse que a compra do Twitter por Musk representava um "sopro de esperança", acrescentando que a "liberdade é a semente do futuro".
Ainda durante o encontro, Elon Musk chegou a ser condecorado com a Medalha da Ordem do Mérito da Defesa, honraria concedida a civis e militares que prestaram relevantes serviços às Forças Armadas. O ministro-Chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, postou uma foto com o empresário usando a medalha.

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